Henrique Simonard

Membro do Comitê Central do Partido da Causa Operária (PCO) e militante da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR). Redator do Dossiê Causa Operária e colunista do Diário Causa Operária.

Cuidado com a polícia

Contra os falsos moralistas, identitários e puritanos

Neste carnaval, evite usar uma fantasia que não seja uma plaquinha com uma tiara e algo escrito para o seu próprio bem.

Carnaval de rua em SP

Ia sair na rua para curtir o carnaval, pensei em ir fantasiado. Vi um chicote e um chapéu que usei uma vez para me fantasiar de Indiana Jones, mas fiquei com medo de confundirem com um senhor de engenho e me lincharem na rua, nada mais natural. Péssima ideia. Pensei em ir então de pirata… mas vai que alguém me acusa de me fantasiar de alguém que roubava ouro extraído dos solos do continente americano? Achei melhor não. Pensei então em colocar uma coroa na cabeça e pronto, uma fantasia fácil, mas me lembrei que também poderiam implicar com esse lance de monarquia. Talvez ir de índio, então, um povo oprimido. Mas e se me acusassem de apropriação cultural? Ou pior, de estar tirando sarro do índio? Não seria essa a intenção, só queria pular carnaval, mas vai explicar isso… seria cancelamento na certa. Achei melhor ficar de fora de coisas históricas ou envolvendo um grupo de pessoas que existe, sempre dá polêmica. Nada de mulher, índio, árabes, sei lá, melhor não arriscar. Nesse caso, talvez seria mais prudente em ir de alguma personagem fictícia, algo da literatura, da TV, do teatro ou do cinema. Começou a dar preguiça, mas enfim, melhor me esforçar um pouco e sair vivo do carnaval! 

Quando criança eu adorava Coragem o Cão covarde, achava engraçado e ficava com medo, aquele medo que não tira seus olhos da televisão. Era isso! Ia pintar o rosto de rosa com umas manchas pretas e pronto. Comecei a pintar o rosto e um amigo me advertiu que algum protetor dos animais me acusaria de ser insensível, tanto animal na rua, passando fome, e eu ia me fantasiar de cachorro? Mesmo que de um cachorro fictício… ele estava certo, achei imprudente. 

Já estava começando a ficar de saco cheio dessa história de carnaval. Pensei bem e pesquisando na internet, achei um artigo na revista Capricho de 2021. Sendo a Capricho uma fonte confiável para eu regular meu compasso moral, segui a lista e comecei a riscar o que seria suicídio:

1. Personagens históricos de caráter duvidoso (nada de Hitler, Mussolini, Gengis Khan, templário, descobridor, bandeirante, Indiana Jones e afins…)

2. Personagens históricos ignorando o contexto em que viveram (nada de gueixa, samurai, viking etc.)

3. Blackface (preciso explicar? O próprio Xandão me prenderia)

4. Roupas que representam alguma simbologia religiosa e/ou cultural (orixás, Jesus, Maomé — posso até perder a cabeça, melhor não brincar com os identitários nem arriscar com o Estado Islâmico — Maria, vudu, cigana, gênio da lâmpada)

5. Fantasia de terrorista/homem bomba (e muito menos mulher bomba tá?)

6. Fantasia de pessoa gorda (Afinal, você estaria cometendo gordofobia em pleno 2023, como bem disse a Capricho!)

7. Fantasia de pessoa LGBTQIA+ (Aí de quem ousar se fantasiar do Clodovil ou de Robocop gay)

8. Vestes que remetem a orixás, santos ou qualquer outro tipo de figura religiosa (a Capricho está sem imaginação e se repetiu um pouco, mas tudo bem, é difícil de pensar com todo esse policiamento a gente ficar com medo de deixar algo de fora e perder a cabeça)

Depois de ver essa lista comecei a ficar meio paranoico (como todo respeito às pessoas com problemas mentais, ou melhor, deficiência mental, quero dizer transtorno mental — pessoa com transtorno mental, paciente psiquiátrico. Consultar a lei sobre os direitos das pessoas com transtorno mental, em BRASIL (2001) e SASSAKI (2006b) — pronto assim não tem erro), ia desistir de sair na rua, pensei que o carnaval não valia mais a pena se era para viver com medo… 

Nada disso, não vão ser esses lunáticos (Consultar a lei sobre os direitos das pessoas com transtorno mental, em BRASIL (2001) e SASSAKI (2006b)) que vão acabar com meu carnaval, gritei comigo mesmo! Vou fantasiado de algo bem ofensivo, algo que choque a todos os identitários, puritanos e moralistas. Para isso tenho uma fantasia perfeita! Os identitários ficarão espumando pela boca e as velinhas vão desmaiar. 

Mal botei minha fantasia, pisei na rua e um policial me parou e me botou na viatura antes que uma turba ensandecida chegasse até mim.

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