“Eu nunca tinha estado na ala pública de um hospital antes, e foi minha primeira experiência com médicos que tratam pessoas sem falar com elas, ou sem um sentido humano de prestar atenção nelas”. O trecho é do ensaio do escritor e jornalista George Orwell.
O Hôpital X onde George ficou internado tinha uma variedade de gentes. Que iam de indigentes a presidiários. E lá a indiferença e o desrespeito para com os doentes lembram o que todos os dias lemos e vemos nos jornais e TV, em pleno século XXI.
Orwell chega a dizer que entende os motivos do pavor que muitos pobres sentem dos hospitais, pois o “Hopital X” o fazia lembrar dos “hospitais malcheirosos e cheios de sofrimento do século XIX”
“Aceite a disciplina ou caia fora” diz nosso Orwell sobre a estadia no francês Hôpital X. Aliás, o autor de 1984, Revolução dos bichos, Flor da Inglaterra, e outras reflexivas obras, assim que ficou mais firme em suas pernas: fugiu daquele local, onde reina a indiferença.
Será que George poderia classificar como “boa leitura ruim”, a experiência sensorial, que ele passou no Hôpital X, e que serviu de base para seus estudos investigativos sob o cheiro fétido, adocicado e fecal da enfermaria apertada, naquele ano de 1929. Foi naquele período que ele viu como morrem os pobres.
E pergunto,
Como morrem os pobres nos hospitais, nas ruas e nas barrigas do Brasil?
A partir do momento em que você bebe o veneno mensal chamado salário mínimo, de fato sua descendência poderá mendigar o pão. Pobres nascerão pobres e morrerão pobres, caso o modus operandi de refazer riqueza da pobreza não cesse.
“O salário mínimo, que até 30 de abril era de R$ 1.302, foi reajustado em 1º de maio para R$ 1.320 mensais. A política entra em vigor a partir de 2024, quando o salário mínimo tem potencial de chegar a R$ 1.464,00”
O escárnio acima me arrepia e eu não gostaria de morrer neste grande Hôpital X, chamado Brasil.