Guilherme Boulos (PSOL) quer que o PT o apoie nas eleições municipais de 2024. Ele e a burguesia toda, que faz campanha diária nos jornais para defender essa aliança cuja única base real é a própria burguesia, que tem interesse usar Boulos para destruir o PT na capital mais importante do País.
Ler as matérias da Folha de S. Paulo, de O Globo e do Estada de S. Paulo sobre o tema desperta uma incontida curiosidade de saber por que esses jornais golpistas, que fazem campanha incessante contra o povo e contra a esquerda, estão tão preocupados assim com a candidatura de Guilherme Boulos. Só não sabe a resposta quem é cego ou muito fanatizado pela própria propaganda feita nesses jornais.
Boulos é o queridinho da burguesia. Mas não de qualquer burguesia. Daquela ligada mais diretamente ao imperialismo, de quem os jornais citados acima são porta-vozes.
O amor por Boulos não é de hoje. O garoto foi alçado como grande líder popular no primeiro movimento de rua contra o governo Dilma Rousseff, o “Não vai ter Copa”. Ganhou espaço como colunista na Foha enquanto a mesma estava na campanha incessante para derrubar a presidenta. Seu papel era de “esquerdista” que critica o governo. O cinismo dessa imprensa é conhecido.
Nessa quarta-feira (12), o portal Metrópoles publicou uma reportagem dizendo: “Como Boulos tenta contornar o flerte petista com Nunes para 2024”. O artigo dá a entender que os setores contrários à aliança do PT com Boulos nas eleições de 2024 seriam direitistas aliados ao MDB, de Ricardo Nunes, enquanto Boulos, o grande esquerdista, estaria articulando com as demais alas do PT.
Pelo que se sabe, a ala do PT contrária ao apoio a Boulos, é favorável a uma candidatura própria, não a um apoio ao MDB. Não que o PT não fizesse aliança com partidos burgueses já incontáveis vezes, mas o que está colocado na eleição, a princípio, não é isso. O que chama a atenção é a insinuação de que Boulos seria o grande esquerdista, o que é uma fantasia.
Como dissemos acima, Boulos é um homem de confiança da burguesia mais pró-imperialista. A disputa em questão não é entre um esquerdista radical e um setor oportunista do PT. A disputa real é entre um elemento pintado como esquerdista, apoiado pelo imperialismo, e uma ala do PT com pretensão eleitorais próprias, com as conhecidas ligações do PT com setores da burguesia nacional menos poderosa e sua base social.
O esquerdismo de Guilherme Boulos vai só até a página 2 da imprensa golpista. Além do que já foi citado acima, Boulos, o “grande esquerdista” contribuiu bastante para permanência de Bolsonaro no poder.
Logo que o presidente de extrema-direita foi eleito, em 2018, graças a um processo eleitoral fraudulento que tirou Lula da eleição, Boulos afirmou em ato público ser contra pedir o “fora Bolsonaro” porque seria um “golpe como foi contra Dilma”. Além da canalhice da comparação, a ideia ignorava o fato de que Bolsonaro não foi eleito democraticamente.
Posteriormente, quando as torcidas organizadas saíram nas ruas durante a pandemia, quando a maior parte da esquerda pequeno-burguesa, incluindo Boulos, estava escondida debaixo da cama, para expulsar os bolsonaristas que estavam tomando a avenida Paulista, Guilherme Boulos foi acionado para fazer um acordo com a PM e liberar a Paulista para a direita.
Meses depois, já em 2021, quando o povo lotava as ruas contra Bolsonaro, Boulos foi um dos que ajudou a acabar com a mobilização, desta vez com sua política de frente ampla, inclusive convidando o PSDB para os atos.
Aqui, resumidamente, dá para perceber que Guilherme Boulos não é apenas um amigo da burguesia. Ele é um agente de sustentação do regime político, inclusive o seu anti-bolsonarismo é de ocasião.
A esquerda, incluindo o PT, não pode cair nesse conto de fadas escrito pelo imperialismo de que Boulos é um grande esquerdista e homem do povo.
