Na última quarta-feira (15), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou, uma vez mais, que o apresentador Monark tivesse seus perfis na internet suspensos pelas platarfomas de redes sociais. Monark já havia sido vítima do mesmo procedimento anteriormente, quando foi punido por – pasmem – criticar o STF por ter derrubado as contas de outras pessoas nas redes sociais.
O pretexto dessa vez é tão absurdo quanto. O apresentador foi incluído nas investigações do ato de 8 de janeiro, quando alguns milhares de manifestantes invadiram o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. Monark não estava no ato, nem apresentou qualquer ligação com ele: a desculpa para derrubar suas redes é tão somente ter questionado a atuação do Poder Judiciário no caso.
A nova sanção ao apresentador reflete de maneira bastante precisa o progresso da censura no Brasil. Os primeiros passos que levaram a esse estado do Judiciário brasileiro, em que quem criticá-lo poderá ir parar na cadeia, foram dados há pouco tempo. Na época, a imprensa capitalista e a esquerda pequeno-burguesa, sempre a seu reboque, negavam a existência de qualquer tipo de censura.
Tratava-se, segundo eles, de uma “luta” das instituições – as mesmas que organizaram o golpe de 2016 – contra o “bolsonarismo”. Tendo como alvo o “baixo clero” da política nacional, o Judiciário escolhera como alvo as figuras mais grotescas, que, como no caso de Daniel Silveira, chegavam a xingar diretamente os ministros e a elogiar a ditadura militar. Hoje, não é preciso mais defender a ditadura militar, nem mesmo ser bolsonarista. Qualquer um está vulnerável aos desmandos do STF.
O Partido da Causa Operária foi certamente o exemplo mais cristalino de que a caça aos direitos democráticos da população era uma iniciativa reacionária. Por propor uma reforma política, que seria a dissolução dos STF, o Partido, assim como hoje acontece com Monark, teve todos os seus perfis nas redes sociais derrubados.
Com o caso Monark, a censura volta a se escancarar. E, naturalmente, com características ainda mais negativas. Monark não apenas foi suspenso das redes sociais, como ainda foi proibido de “mentir” – isto é, de produzir “fake news”. Trata-se de um escandaloso caso de censura prévia, visto que qualquer coisa pode ser considerado como “fake news” pela Suprema Corte.
O cerco a liberdade de expressão está fechando. É preciso reagir imediatamente.