No dia primeiro de julho de 2023, sábado, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador (69 anos) comemorou o quinto aniversário de sua vitória eleitoral em uma grande mobilização no México. Reuniu na Praça da Constituição, no centro histórico da Cidade de México, mais conhecido como Praça Zócalo, milhares de apoiadores. O comício ocupou totalmente a Praça Zócalo, uma das maiores do mundo em dimensão, com cerca de 57 mil m². Estima-se que cerca de 250 mil pessoas estavam presentes na comemoração. O povo classificara a vitória de Obrador como o “trinfo do povo”, elogia o seu trabalho e expressa o apoio à Quarta Transformação (4T) do país, liderada pelo partido MORENA (Movimento Regeneração Nacional), cujo Obrador também é o presidente do partido. O comício de celebração ocorreu quando o Partido Morena está em processo de escolha do sucessor presidencial.
Desde a sua posse, Obrador deu passos significativos para fortalecer a soberania do México e desafiar a hegemonia dos EUA. Obrador nacionalizou o lítio do seu país e prometeu autossuficiência energética até 2024. Boicotou também a Cúpula das Américas do Joe Biden, devido à exclusão à Cuba, Nicarágua e Venezuela. E se opôs ferozmente ao bloqueio dos EUA a Cuba e apoiou materialmente a nação insular socialista em tempos de desastre. Também manifestou a favor do Assange, e disse que escreveu uma carta ao Biden defendendo-o.
Manteve postura altiva ao ironizar a possibilidade de Zelensky ganhar Prêmio Nobel da Paz, declarando que o Zelensky é um dos responsáveis pelo conflito com a Rússia. DCO escreveu sobre o assunto, disponível no link: https://causaoperaria.org.br/2022/lopez-obrador-ironiza-possibilidade-de-zelensky-ser-nobel-da-paz/.
Nem tudo são flores no governo de Obrador. Ele não fez nada contra a construção de muro EUA-México, o muro da vergonha, quando o Trump anunciou e executou. Com isso, indiretamente Obrador contribuiu para a retenção de imigrantes de outros países latino-americanos em seu território para que não chegassem à fronteira norte-americana, e foi contra o seu suposto perfil progressista, cuja sua vitória eleitoral foi aclamada por diversos setores da esquerda internacional, inclusive a brasileira. Obviamente o DCO escreveu sobre isso também: https://causaoperaria.org.br/2018/capitulacao-obrador-ja-avisa-que-nao-brigara-com-trump-por-conta-do-muro/.
Apesar de tudo, a administração do atual presidente mexicano também fez grandes progressos na elevação dos pobres e trabalhadores no México. Obrador declarou no comício na Praça Zócalo: “Atualmente, pelo menos 30 milhões de famílias se beneficiam diretamente de um Programa de Assistência Social ou de uma parcela, ainda que pequena, do orçamento nacional. E os restantes cinco milhões de agregados familiares que vivem em melhores condições também foram beneficiados, porque a nossa política económica melhorou o poder de compra das famílias e fortaleceu o mercado interno. Quando me tornei presidente, o salário-mínimo era de 88 pesos (US$ 5) por dia, agora é de 207 pesos (US$ 12) e na fronteira é de 312 pesos (US$ 18), ou seja, um aumento de termos reais de 89% — algo que não se via nos últimos 40 anos”. Na gestão do Obrador, o desemprego atingiu uma baixa histórica.
Além disso, como consequência do aumento do investimento em setores públicos e políticas sociais, a taxa geral de criminalidade caiu 22% no nível federal.
Ao encerrar o discurso, Obrador disse: “Não devemos nos afastar de nossos ideais e princípios, e nunca esquecer duas frases proferidas por Benito Juárez e Ricardo Flores Magón, que são a própria essência de nosso trabalho político: ‘Com o povo, tudo; sem o povo, nada’. E ‘só o povo pode salvar o povo’”.
Como pode ver, apesar das limitações de sua política nacionalista, Obrador mobiliza a população em torno de si seja através de sua comunicação direta diária, seja na convocação da população para atuar em sua defesa. O governo Lula deve mobilizar o povo se quiser levar adiante o programa que se propôs a realizar em 2022.