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Gabriel Araújo

Dirigente Nacional do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Editor da Tribuna do Movimento e do Boletim do Movimento. Militante do Partido dos Trabalhadores e colunista do Voz Operária-Rio de Janeiro.

Economia

Análise da Economia Nacional

O retorno do presidente Lula, por meio de um amplo movimento de massas nas eleições de 2023, trouxe de volta à agenda política e econômica do país diretrizes nacionalistas

O retorno do presidente Lula ao Palácio do Planalto por meio de um amplo movimento de massas nas eleições de 2023, trouxe de volta à agenda política e econômica do país diretrizes nacionalistas e com responsabilidade social para a ordem do dia, respeitadas aqui, é obvio, uma série de contradições inegáveis e até em certo ponto, compreensíveis, dada as características de um governo de frente ampla ou frente popular, ou seja lá como for a denominação para a conciliação relativa com a burguesia.

A perspectiva acertada do governo em induzir o crescimento econômico através da máquina do Estado tem surtido seus efeitos, não obstante o setor de varejo teve um avanço na casa de 1,3% percentuais no primeiro semestre de 2023.

Em grande medida esse número foi sustentado pelos resultados dos primeiros meses do ano, no restante ficou próximo de zero, o que já indica uma certa debilidade do governo em manobrar somente de forma paliativa com as ferramentas que possui na atual estrutura institucional do país.

Um fator determinante que comprova essa limitação é que o acumulado do último semestre da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou para uma retração de 0,3% no setor. Isso significa que o principal setor da economia, que é responsável por puxar os demais consigo, tem enfrentado grandes dificuldades para avançar.

Já o setor de serviços teve um crescimento acumulado relevante, na casa de 4,7% no primeiro semestre do ano, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE.

A relação exportação e importação na Balança Comercial resultou em uma elevação no saldo superavitário em 31% da primeira com relação à segunda. O total de importações teve redução em 7,1%, enquanto as importações tiveram uma elevação de 1%.

O governo elevou a projeção de crescimento econômico e espera que o PIB em 2023 cresça 2,5%. Segundo o Relatório de Mercado do Banco Central divulgado através do Boletim Focus de 04/08/2023, a estimativa é de 2,26% de avanço na economia.

Esse resultado foi puxado pelo elevado desempenho do setor agropecuário, que teve uma safra recorde de soja no primeiro semestre, com elevação em 23,3%. O setor agropecuário cresceu 21,6% somente no primeiro trimestre, e a estimativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) é de que o PIB do setor cresça 10,5% no acumulado de 2023.

A taxa de desocupação foi de 8% no segundo trimestre deste ano, sendo ela a menor taxa para o período analisado desde o ano de 2014, quando estivemos próximos do pleno emprego e alcançamos o menor percentual acumulado no ano de desocupação da história.

Realmente essa tendência e previsão de crescimento do PIB e de redução na taxa de desocupação podem se manter pelo menos durante este ano, tendo em vista que o governo lançou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-3) que vai retomar as obras de infraestrutura pelo país e sancionou o retorno do Programa Minha Casa Minha Vida que tem propensão de criar postos de trabalho de maneira mais rápida do que outro segmentos da economia.

A inflação atualmente se encontra em 3,16% no acumulado dos últimos 12 meses, ficando abaixo da meta estipulada, que é de 3,25%. O Boletim Focus da primeira semana de agosto aponta para uma perspectiva de que termine o ano em 4,84%, ficando próxima aos 4,85% que é a aposta do Ministério da Fazenda.

A taxa básica de juros do país continua sendo a maior do mundo e teve um recuo pífio na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que estava em 13,75% e foi para 13,25%. Esse recuo tímido não se justifica, porque o país está com a inflação abaixo da meta para o ano, existindo, portanto, um abismo entre a taxa Selic e o percentual da inflação. Foram três duros longos anos sem que a Selic tivesse alguma baixa, rendendo gordos lucros para os especuladores financeiros detentores dos títulos da dívida pública.

Mais criminoso ainda foi manter esse juros nas alturas durante a pandemia, contribuindo fortemente para que a economia, já devastada pela política de contenção de investimentos públicos desde 2016, sofresse um aprofundamento dessa situação com uma política contracionista que retira dinheiro da produção real e despeja tudo nas mãos dos banqueiros.

A política de manter a taxa de juros elevada se justificaria caso o país tivesse em um completo descontrole inflacionário, o que não é o caso. O Boletim Focus prevê que a taxa Selic feche o ano de 2023 com 11,75%, ou seja, o Banco Central pseudo-independente, na realidade é totalmente subordinado aos interesses dos especuladores financeiros, prejudicando inclusive setores da burguesia nacional dos setores de varejo e industriais.

Esses setores mais fracos da burguesia, apesar de sofrerem no decorrer dos anos com essa política de destruição da economia nacional por conta da política econômica está voltada majoritariamente para atender aos sistema financeiro internacionais e as frações minoritárias no país associadas a este, não conseguem levar adiante uma política combativa real contra esse saque do patrimônio do país. Somente a classe trabalhadora detém potencialidade de fazer um verdadeiro enfrentamento a essa situação, porque nesse processo os trabalhadores não têm absolutamente nada a perder, mas possuem muito o que conquistar.

A taxa de juros elevada continua sendo um grande risco para a continuidade do crescimento do país, limitando a margem de manobra de indução do avanço da economia do país. Porém, esse não é o único fator limitante. Historicamente, o setor privado em países de capitalismo atrasado como o Brasil não tem o compromisso de investir para o crescimento da economia e para se ter a necessária retomada da indústria nacional, mesmo em tempos de relativa estabilidade econômica e política. Esse fator se agrava com a atual volatilidade que existe no mundo dos negócios, com o processo de financeirização de todo o processo produtivo sob comando do sistema financeiro internacional chefiado pelos países imperialistas.

Além disso, ficar na dependência de setores primários da economia, que podem ser facilmente comercializados com outros países, nos deixa em uma condição de total vulnerabilidade, onde qualquer oscilação nos negócios podem levar o país à ruína. O país precisa de uma completa reversão na estrutura econômica, tendo o Estado como agente protagonista nesse sentido, revertendo as privatizações de todos os setores estratégicos da economia nacional, principalmente o sistema financeiro, que é o principal agente da reprimarização da economia. Conforme já foi afirmado, esse processo não pode se dar pela própria burguesia nacional, que é associada a esse sistema financeiro internacional e faz parte da sabotagem do desenvolvimento do país. Somente os trabalhadores podem fazer o combate necessário, por meio da mobilização de suas organizações, para levar a cabo o desenvolvimento econômico e social do país, e, portanto, para um processo de ruptura política e econômica com o imperialismo.

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