O presidente ucraniano Vladimir Zelensky está abandonado. Ele chora a falta de projéteis de artilharia e outros equipamentos militares, enquanto o Pentágono foca no conflito na Palestina, armando as forças de Israel, e o chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrell, também advertiu Kiev recentemente de que os Estados membros não podem mais fornecer armas a partir dos estoques existentes.
Novamente, os capachos recebem uma dura lição sobre o imperialismo: eles são descartáveis, podem ser deixados de lado a qualquer momento se surgir outra prioridade. Ser aliado dos imperialistas não é bom negócio. Eles são os famosos “amigos da onça”, expressão popular para a pessoa que parece amiga, mas que é falsa ou traiçoeira.
Afinal, o que importa para os donos do mundo não é a manutenção do regime ucraniano, sem condições de combater os russos numa guerra em que já começaram perdendo. De fato, uma vitória do imperialismo, através da Ucrânia, contra a Rússia é praticamente impossível. A ideia da OTAN de prolongar a guerra servia apenas para 1) enriquecer a indústria bélica, que controla o Estado norte-americano; 2) tirar qualquer tipo de dependência europeia ao gás russo; 3) utilizar até o último ucraniano como bucha de canhão para tentar desestabilizar o governo e a economia dos russos, objetivo que também tem fracassado.
Mas agora o centro dos acontecimentos políticos internacionais se voltou para a Palestina, onde o enclave imperialista no Oriente Médio, o Estado de Israel, se vê mais ameaçado do que nunca. A perda de Israel seria uma catástrofe sem tamanho para os EUA e o imperialismo, significaria uma mudança total da correlação de forças no Oriente Médio, região vastamente rica em petróleo.
Por isso, EUA/OTAN transportaram uma força naval gigantesca para o Mar Mediterrâneo. Um deslocamento desse tamanho por parte do imperialismo não era visto desde a década de 1970. O foco, agora, é não perder a guerra no Oriente Médio, que já assumiu um caráter regional de grande porte.
Os EUA estão tendo de lidar com uma batalha de várias frentes, que a medida em que continua deve assumir proporções ainda maiores. A nível internacional, o patrocínio do genocídio promovido por Israel contra os palestinos está levando à crise dos regimes imperialistas, com manifestações massivas em defesa da Palestina. A nível regional, os regimes árabes aliados ao imperialismo estão realmente ameaçados de serem derrubados, pela cooperação mais ou menos velada com o Estado sionista.
Mas, sendo assim, a Ucrânia ficou em segundo plano. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou uma lei de gastos provisórios na quinta-feira (16) que não incluiu ajuda ao país europeu. A colaboração com o regime fascista ucraniano já havia levado à derrubada do então presidente republicano da Câmara, Kevin McCarthy, no início de outubro.
McCarthy caiu pela sua colaboração com a política impopular do governo democrata. Agora, o republicano Mike Johnson, expressando a crise do governo Biden, leva adiante o projeto de lei provisório que não inclui gastos com ajuda externa (Israel, inclusive). Uns dos elementos que explicam o crescimento da popularidade do ex-presidente Donald Trump são justamente as guerras intermináveis patrocinadas pelos democratas, enquanto a população norte-americana vive uma crise social e econômica gigantesca.
