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Valéria Guerra

Historiadora, artista (atriz) sob DRT 046699-RJ. Jornalismo UMESP-SP, término neste ano corrente. Bióloga e professora da Rede Estadual do Rio de Janeiro. Colaboradora textual do Site Brasil 247 há 4 anos. Escritora com livros publicados e textos para inúmeras Antologias, inclusive concursos de textos teatrais. Mestrando em psicologia da Educação. Escreveu o livro “Eu preciso de um Hulk” que se transformou em peça homônima

Vícios e mazelas do poder

Amensalismo político entre guardanapos e cuecas

O cenário político brasileiro, com seus vícios e mazelas tem sua gênese amensal iniciada com a colonização. O poder possui uma vida psíquica. E a sujeição é paradoxal.

Na biosfera, o amensalismo, também chamado de antibiose é uma relação ecológica interespecífica do tipo desarmônica. Ela ocorre entre espécies diferentes e, pelo menos, uma delas é prejudicada, pois um dos organismos libera substâncias tóxicas que afetam negativamente o outro. A espécie que libera a toxina é chamada de inibidora, já a prejudicada recebe o nome de amensal.

O cenário político brasileiro, com seus vícios e mazelas tem sua gênese amensal iniciada com a colonização. O poder possui uma vida psíquica. E a sujeição é paradoxal; pelo menos, é assim que nos ensina Foucault, segundo o filósofo “nós” nos movemos entre a oposição e a dependência ao poder.

Parece que realmente somos donos de um “apego apaixonado” bem inerente e solto na paisagem cultural; e a psicanálise, na figura de Freud, também deduziu que há uma “Psicologia das massas”, e Sigmund Freud publicou um livro com o título, “Psicologia das massas e análise do eu”. Leiamos um trecho para entendermos bem a sua lógica, no tocante ao poder formal humano: “É fácil provar quanto o indivíduo que faz parte de um grupo difere do indivíduo isolado; mas não é tão fácil descobrir as causas dessa diferença”.

A história da América Latina é marcada por fortes influências externas, de modo que suas formações política, econômica e social ocorreram por meio de intensas interferências estrangeiras. Essa característica, imposta desde a chegada dos europeus no período da colonização, fez com que a América fosse sempre constituída como o o “outro” do ego hegemônico em poder.

A chegada da Família Real ao Brasil, em 1808 nos presenteou com o clientelismo, com o lobismo, que seguem impávidos até os dias de hoje, junto com outras eventualidades burocráticas serventuárias; executadas com o pano de fundo: da volúpia dos apadrinhamentos e com a prática da corrupção; que foram se expandindo, como uma colônia de bactérias cresce em uma placa de Petri; se perpetuando de geração em geração. E o novo status quo colonial, que principiou com Pedro Álvares Cabral, lá em 1500, virou um ato contínuo para o povo aqui gestado; que via florescer um amensalismo político gerador de intensa desigualdade social.

E séculos mais tarde, outro Cabral redescobriu o quanto colonizar mentes é fecundo para a prática do amensalismo partidário malsão…

O fragmento abaixo foi publicado na revista Veja: “A segunda semana de setembro de 2009 era muito especial para o então poderoso governador Sérgio Cabral. Naquele ano [2009], Cabral era cotado para ser vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff e já despontava até como futuro candidato à Presidência da República. Houve um extravagante em Paris, banquete onde ao final, alguns dos homens mais poderosos do Rio começaram a dançar no restaurante com guardanapos na cabeça, para horror de maîtres e garçons.”, conta Barsetti. Uma festa que reuniu 150 pessoas em um dos locais mais nobres da Europa. Um gasto de cerca de R$ 1,5 milhão para celebrar o recebimento da condecoração máxima do governo francês. Um mágico entretendo os convidados. Uma dança espontânea com guardanapos amarrados na cabeça de alguns dos homens mais influentes presentes.

Um escândalo que se tornou público em 2012 e que vem à tona, agora, com um nível de detalhamento impressionante. “A Farra dos guardanapos: O último baile da Era Cabral” é um livro que revela bastidores deste banquete inusitado.

E o panorama político atual, como vai? O período a seguir nos revela que seguimos na garupa do escárnio…

“Teve até uma festa que chamaram de festa da cueca, feita com desembargadores em Curitiba, na suíte presidencial. Teve essa festa da cueca, tinha um monte de desembargador, mandaram prostitutas para o hotel”, disse Garcia ao jornalista Joaquim de Carvalho (Brasil 247).
O delator afirmou não saber quem são os desembargadores que participaram da tal festa e nem se foram os mesmos que condenaram Lula.
“Jamais tinha passado por uma coisa tão fora da lei. Queriam criminalizar a política. Falavam que políticos eram bandidos. Criminaliza políticos, tribunais superiores, jornalistas e advogados.
O delator disse ainda: “fui instado a procurar coisas contra o PT através do Eduardo Cunha, que era meu amigo. Uma perseguição clara (contra o PT). Grande parte do que estou falando, eu falei pra Gabriela Hardt. Eu denunciei, e nada aconteceu. Ela engavetou. O Brasil tem que passar isso a limpo. Eles (senadores) tinham de fazer uma CPI da Lava Jato.”

E de farsa em farsa, fraude em fraude, corrupção em corrupção, entre guardanapos e cuecas, nós simples mortais brasileiros, assalariados vilipendiados por baixíssimos salários planejados por eles, seguimos como vítimas do amensalismo político…Até quando?

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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