Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Guerra na Ucrânia

A realidade da crise com o Grupo Wagner

Episódio pode ter sido provocado e controlado pelo próprio governo russo

A revolta do grupo Wagner na Rússia foi apresentada pela imprensa imperialista como uma crise terminal do governo de Vladimir Putin. À medida que os acontecimentos foram sendo esclarecidos, verificou-se um panorama da situação que é o oposto do apresentado. O fato não representou nenhuma gravidade para as Forças de Defesa ou para o regime russo. Ao contrário, tratou-se da resolução de um problema que o Ministério de Defesa da Rússia enfrentava há bastante tempo.

A imprensa imperialista busca ocultar, atribuindo somente à Rússia, que exércitos do mundo inteiro se utilizam de forças paramilitares, tradicionalmente chamadas de forças mercenárias, isto é, que lutam por uma recompensa material e não por uma questão política de ordem estatal. Os russos possuem várias dessas formações lutando na Ucrânia assim como os ucranianos, embora não sejam contratadas pelo governo e sim pela OTAN.

O surgimento ou a expansão dessas forças privadas corresponde às modificações na forma de combate desenvolvido a partir de uma série de inovações tecnológicas no que diz respeito ao armamento. Este fenômeno tem se generalizado em conflitos militares no mundo inteiro.

Na maioria dos conflitos do mundo, as forças regulares utilizam soldados com grande formação profissional, os quais são mais úteis por se tratar de pequenos destacamentos e de pessoas especializadas no que diz respeito à utilização do armamento moderno. O soldado profissional é um elemento mais decisivo em guerras pequenas que o recrutamento dos cidadãos.

Como esses soldados profissionais não são a maioria de nenhum tipo de força armada no mundo, frequentemente os países lançam mão desses exércitos mercenários. Os profissionais da guerra, em geral, são muito bem remunerados. Por isso, preferem não seguir uma carreira militar e sim trabalhar para empresas privadas onde recebem maiores salários. Até porque se trata de um serviço de alto risco à vida.
Para situar as forças mercenárias no que diz respeito à Rússia, há muitas outras forças além do grupo Wagner em atuação. Mas este adquiriu uma presença muito significativa a partir da batalha de Bakhmut. No momento mais difícil da ofensiva russa na guerra contra Ucrânia, o Wagner por ter sido a vanguarda das forças que tomaram a cidade apareceram como heróis.

O líder do Wagner, Yevgeny Prigozhin, começou a se colocar como destaque e mandou um recado para Volodymyr Zelensky dizendo que decidiu tomar até o último prédio para não haver dúvidas sobre a retomada. A questão é que lideranças dessas forças não costumam fazer isso, pois as ações desses grupos podem ser questionadas como sendo crimes de guerra entre uma série de implicações.

Diante da determinação da Rússia para que todos os soldados de forças paramilitares assinassem um contrato com seu Ministério de Defesa. Prigozhin intensificou algo que já vinha fazendo, críticas ao ministro da defesa e ao chefe das operações russas.

Nessas condições, se tornariam parte do exército russo, uma decisão para proteger o grupo. Um soldado capturado em campo de batalha, que não faz parte do exército regular, não está submetido a nenhum tipo de regulamento de guerra. Uma pessoa considerada sem direito, pode ser torturada ou assassinada.

A indicação do Ministério de Defesa da Rússia foi uma espécie de xeque-mate para acabar com independência política de Prigozhin, o qual tinha reclamado da falta de entrega de munições num determinado volume. A limitação evitou excesso de armas para o Wagner que poderiam ser usadas contra o governo russo. Tratando-se de um governo que invadiu a Ucrânia contra os governos mais poderosos do mundo, Prigozhin se sentiu ameaçado e numa situação que poderia perder a cabeça.

Prigozhin foi advertido pelo Ministério de Defesa que não receberia nenhum pagamento se não assinasse contrato. Ensaiando uma rebelião, o líder do Wagner acusou Putin e os chefes militares russos de mentirem sobre o que acontecia no front. As forças armadas russas não reagiram e, através da Bielorrússia, o governo russo chamou uma negociação na qual Prigozhin conseguiu asilo político sem ser vítima de julgamento ou inquérito. Não houve nenhuma crise, Prigozhin é um elemento avulso e não parte do regime político.

Putin teria chamado os maiores oligarcas, que estão ganhando muito dinheiro, para não interferir no funcionamento do regime político russo. Traçando assim uma linha que não poderia ser ultrapassada. A popularidade de Prigozhin fez com o mesmo desafiasse o regime e infringisse a cláusula estabelecida.

Esses acontecimentos mostram uma faceta do regime russo que, apesar da imprensa imperialista dizer que o Putin seria representante dos oligarcas, estes não controlam o regime político e sim tolerados até o ponto em que se mantenham fora desse campo de atuação. O presidente russo representante das Forças Armadas e dos Serviços de Inteligência russo que controlam efetivamente o regime, uma burocracia capitalista (que acumula patrimônio), comum em governos nacionalistas.

O governo Saddam Hussein era muito parecido, uma burocracia que controlava o Iraque. Uma parte da economia era estatal e outra privada. Os elementos do regime tinham privilégios, mas procuravam levar adiante uma política de caráter nacionalista. Os oligarcas tinham alguma influência evidentemente, porém estavam excluídos da administração pública.

Ainda que a imprensa imperialista busque apresentar a situação como rachaduras no regime russo, o mesmo se trata uma força política muito consciente e bastante ativa que detém o controle total da política. Putin se livrou de uma maneira muito pouco custosa, exceto pela propaganda de um levante, de um problema que poderia tomar maiores proporções. Porém, tudo indica que o que aconteceu foi elaborado e controlado pelo próprio governo e Ministério de Defesa russo.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.