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Roberto França

Militante do Partido da Causa Operária. Professor de Geografia da Unila. Redator e colunista do Diário Causa Operária e membro do Blog Internacionalismo.

Direito de defesa

A reação dos oprimidos

Hamas não é um grupo terrorista, apenas reage ao processo de extermínio e de tentativa de transformar os palestinos em escravos desumanizados pela violência sionista.

A década de 20 está quente, com a reação de diversos países oprimidos frente aos imperialistas opressores. Essa tendência à reação iniciou com a vitória do Talibã frente aos invasores norte-americanos, em uma demonstração de determinação sem tamanho no século XXI.

O feito do Talibã impulsionou diversas forças em contradição com o imperialismo a reagir. A Síria consolida sua vitória com eleição de Assad, e o retorno do país à Liga Árabe; diversos países também se colocam em contradição com o imperialismo.

A tendência impulsionada pelo Talibã chegou à Rússia, que reconheceu a soberania das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, e imediatamente avançaram uma operação de proteção das repúblicas independentes, e da desnazificação da Ucrânia, país, assim como Israel, coalhado de nazistas.

O imperialismo se viu em desespero e passou a apoiar Kiev sistematicamente, enviando uma quantidade de armamentos jamais vista na História, abrindo o flanco para outras insurgências, especialmente na região do Sahel, na África, com a expulsão da França e seus fantoches.

Em crise, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, inaugurou uma nova etapa do processo de colonização, apartheid e limpeza étnica no estado artificial de Israel, e aprofunda a Nakba. Uma verdadeira política de extermínio foi interrompida em curto período, quando Netanyahu é afastado do cargo em 2021.

Não demoraria e Netanyahu retornou ao poder no ano seguinte, em uma coligação ainda mais extrema. Com amplo apoio da população e sob o silêncio ainda maior da “comunidade internacional”, em função da guerra da Ucrânia, Netanyahu generalizou a política de colonização, levando ao limite a tendência à limpeza étnica.

Portanto, desde 2018, a política de extermínio tem sido mobilizada por Netanyahu para fugir às acusações em diversos processos contra ele, e radicalizou os ataques à Faixa de Gaza, último território contínuo palestino. Gaza também concentra as forças de resistência, que são instituições, partidos ligados ao povo, que se armaram no processo da Nakba.

As últimas intifadas empreendidas pelo Hamas foram feitas com armamentos caseiros, insuficientes para um avanço, diferentemente de agora, quando avançou cerca de 10 km, chegando muito próximo da Cisjordânia. Embora Israel tenha repelido parte desse avanço, tratou-se de uma demonstração de força por parte do Hamas.

Isso foi possível, segundo o ex-presidente russo Dmitry Medvedev em postagem no Telegram na segunda-feira (9), as armas que os apoiadores de Kiev forneceram ativamente à Ucrânia encontraram seu caminho para militantes do Hamas e agora estão “sendo usadas ativamente em Israel”.

O Kremlin não confirmou essa afirmação, mas é bem possível que o desarmamento de armas esteja caindo nas mãos de novas forças paramilitares e forças rebeldes. O mercado negro das armas é ambiente profícuo para novas insurgências e diversas operações que podem colocar em risco o status quo, impulsionando novas contradições.

De qualquer modo, independentemente da veracidade ou não da denúncia de Medvedev, fato é que o Hamas está mais fortalecido belicamente, demonstrando que os oprimidos podem e devem reagir às agressões. É como escreveu Lenin, em “A Palavra de Ordem do ‘Desarmamento’”, 1916:

“Uma classe oprimida que não se empenha em aprender a usar armas, a adquirir armas, merece apenas ser tratada apenas como escrava. Não podemos, a menos que tenhamos nos tornado pacifistas ou oportunistas burgueses, esquecer que estamos vivendo numa sociedade de classes da qual não há saída, nem pode haver, salvo pela luta de classes e destruição do poder da classe dominante”.

Por isso o Hamas ensina aos povos oprimidos, aos trabalhadores, que a burguesia e seu imperialismo só entendem a língua do fuzil, e Israel demonstra o que é estar desesperado com a possibilidade do avanço da guerra irregular que emparede o país, inclusive com a incursão do Hezbollah e até mesmo Irã e Arábia Saudita com armas de longa distância contra esse opressor chamado Israel.

Como dizia Lenin, os socialistas não podem se opor a toda guerra em geral sem deixarem de ser socialistas, e considera que somente com o governo dos trabalhadores, é possível se obter a paz. “O desarmamento é o ideal do socialismo. Não haverá mais guerras na sociedade socialista; consequentemente, o desarmamento será alcançado”. 

E é assim que a esquerda deve pensar em relação ao Hamas, que não é um grupo terrorista, mas uma força política que teve que se armar para não ser ainda mais oprimido e expulsos de suas terras. Nesse sentido, Lenin está correto, pois o Hamas está lutando contra a escravidão. 

Todas as forças reformistas que se manifestam contra o Hamas, só servem como peça do imperialismo. São verdadeiros serviçais e capachos que querem ser Mahatma Ghandi e produzir nos trabalhadores uma confusão política. Sobre os reformistas, Lenin igualmente crítico: Os reformistas procuram dividir e enganar os operários com esmolas, afastá-los da sua luta de classe.

Aos revolucionários cabe lutar contra toda e qualquer opressão e recusar qualquer palavra condenatória ao Hamas, pois essa organização está enfrentando a colonização sionista, de todo imperialismo, que querem Israel para operar o plano de limpeza étnica maior, a do povo árabe. É esse holocausto que almeja o estado artificial de Israel, o holocauto islâmico. Quem poderia adivinhar, o “governo mundial” que criou essa aberração territorial?

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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