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"Arco-íris ocupar a escola"

A esquerda serve de base para uma política impopular da burguesia

A imposição da ideia de gênero nas escolas e sua enorme impopularidade tornou-se uma arma contra a esquerda, além de um fator de confusão entre os trabalhadores

O portal Esquerda Online publicou, no último dia 29/6, uma matéria intitulada “Que o arco-íris ocupe a escola”, onde os esquerdistas defendem que “órgãos de educação a organização de instrumentos e políticas públicas garantam o direito ao nome social para crianças e adolescentes”, entre outras medidas repressivas encobertas por um verniz progressista. O próprio Esquerda reconhece que a política defendida enfrenta “acusações como ‘doutrinação da ideologia de gênero’, ‘quer a destruição da família’, ‘isso é uma má influência para crianças e adolescentes’, entre outras”, mas é exatamente assim que os métodos dos defensores desta política são percebidos pela população.

Não se trata apenas, como diz o artigo, dos “responsáveis, gestão escolar, secretarias de educação e parlamentares conservadores”, mas as famílias operárias, em geral, que dependem da rede pública de ensino, tendem a enxergar em movimentos baseados no identitarismo uma afronta ao seu próprio conjunto de valores ideológicos. Tais valores, cumpre lembrar, são comuns a um povo explorado e oprimido, que busca na fé um conforto para os desafios de uma sobrevivência incerta, em um país onde metade da população sofre com a fome em algum grau da manifestação do flagelo.

Tivessem os setores da esquerda pequeno-burguesa alguma sensibilidade para os dramas vividos pelas amplas massas populares, a luta pelos direitos da comunidade LGBT se daria de uma forma muito mais democrática, buscando o entendimento com os milhões de brasileiros que hoje, sentem-se ameaçados em suas crenças. Não à toa, o tema é constantemente revisitado pela propaganda bolsonarista, que sem poder tratar de questões populares no tocante à economia, aborda o terreno fácil da luta contra a doutrinação nas escolas.

A experiência empírica demonstra que não só no Brasil, mas em todo mundo, o identitarismo é relativamente popular entre um setor mais abastado da classe média, mas enfrenta uma forte reação entre as camadas mais populares das mais distintas sociedades, o que se deve a várias razões. A começar pela abordagem, percebida como radical e ameaçadora por aqueles que têm visões políticas e culturais mais conservadoras.

Há também a luta contra o pensamento impulsionada pelos adeptos, como fica explicitado no próprio artigo publicado no sítio, que critica a falta de um ambiente capaz de propiciar “abertura para ensinar que seres humanos são diversos”, o que “acaba por gerar no cotidiano escolar aqueles que serão incluídos naturalmente [grifo nosso] e do outro lado quem terá que se adaptar/esconder ou quem será excluído”. Como se deduz da própria argumentação apresentada, os “incluídos naturalmente”, isto é, a maioria da população, tendem a resistir a qualquer mudança que possa ameaçar suas crenças, o que se dá de maneira mais acentuada conforme a brutalidade com que tais crenças são atacadas.

Além disso, identitarismo é frequente e acertadamente associado por sua tendência a medidas repressivas como o cancelamento e ao policiamento do discurso. Aqueles que discordam ou expressam opiniões contrárias, arriscam serem rotulados como insensíveis, racistas, sexistas, entre outros termos negativos. Essa cultura de cancelamento gera um clima de receio e supressão da liberdade de expressão, o que pode aumentar a reação negativa.

A população, por outro lado, percebe de maneira intuitiva o apoio dado pela burguesia a essa política, através da propaganda intensiva em seus principais órgãos de comunicação, especialmente Folha de S. Paulo e O Globo, sendo último também responsável pela Rede Globo, emissora que diariamente fala para cerca de 150 milhões e tem promovido o identitarismo à exaustão em sua grade. A burguesia, como uma classe opressora, tem seus próprios interesses nessa política e, portanto, a população a interpreta como uma imposição e algo prejudicial.

É importante distinguir entre exigir uma educação que promova o respeito a todas as pessoas – independentemente de sua orientação sexual – e a política de “que arco-íris ocupe a escola”. Mesmo o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, destinou R$ 800 mil à parada do Orgulho LBGT (“Tarcísio dá apoio velado à Parada LGBT para evitar atrito com bolsonaristas“, Metrópoles, Bruno Ribeiro, 7/6/2023), evidenciando tratar-se de uma política útil à direita de conjunto.

Fosse apenas uma questão de equívoco ideológico, contudo, não haveria maiores problemas, mas na luta política a ser travada no Brasil contra os golpistas, a imposição da ideia de gênero nas escolas e sua enorme impopularidade vêm se tornando uma arma contra a esquerda, além de um fator de confusão entre a base social da esquerda por excelência: o povo trabalhador. Políticas como “arco-íris na escola” são percebidas pelos trabalhadores como uma apologia à homossexualidade para crianças e adolescentes, o que é explorado à exaustão pela extrema-direita, rendendo dividendos políticos e eleitorais óbvios, mas que a esquerda pequeno-burguesa teima em não perceber.

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