Domingo, 26 de fevereiro, corpos de pessoas fugidas da Ásia e da África são retirados da praia de um resort chique da costa sul da Itália. Mais um acontecimento que escancara a perversidade do capitalismo atual. Outra vez, assistimos a uma tragédia que já estava anunciada.
Uma embarcação superlotada de imigrantes tentava atracar na costa da cidade de Crotone, na região da Calábria, no Sul da Itália, quando se chocou contra rochas e se partiu completamente. Não se sabe quantas pessoas estavam a bordo. Certamente mais de 180, mas alguns sobreviventes relatam serem mais de 250. Provavelmente muitos dos desaparecidos no mar nunca serão encontrados.
Até o momento já foram recolhidos 67 mortos, sendo 17 crianças. Sabe-se de 80 pessoas sobreviventes. A informação é de que muitas delas conseguiram chegar na praia sem ter recebido qualquer socorro das autoridades. Diversas notícias na imprensa internacional dão conta que as autoridades locais e mesmo as autoridades nacionais teriam sido negligentes com o resgate.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, declarou que o governo não impediu as operações de salvamento. Entretanto, ela vem trabalhando em uma política declarada para impedir que imigrantes cheguem à costa da Itália, já tendo aprovado uma lei restringindo operações de resgate de refugiados.
A tragédia iniciou uma crise interna e externa no país. Já foram abertas investigações para apurar se houve negligência no resgate e autoridades internacionais cobram providências da primeira-ministra. Políticos da oposição aproveitaram o momento para denunciar o atual governo.
O presidente italiano, Sergio Mattarella, se manifestou convocando a comunidade internacional a agir em um esforço conjunto para, segundo ele, ¨eliminar as causas das migrações: guerras, perseguições, terrorismo, pobreza… ¨. Sabemos que essa declaração é pura demagogia, pois nem a Itália e nenhum outro país imperialista europeu move uma palha para ajudar a população oprimida da África e da Ásia. Pelo contrário, sabemos que seus algozes são os países imperialistas europeus e os Estados Unidos, que invadem esses países pobres, impondo guerras, destruindo cidades e acabando com qualquer possibilidade de vida digna para essa população, que prefere o alto risco de morrer no mar.
O Mar Mediterrâneo já é encarado como um grande cemitério da população pobre e explorada. É incalculável o número de pessoas que se lançam na travessia do Mediterrâneo em busca de melhores condições de vida, fugindo de guerras e da fome. Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM – ONU), desde 2014 são mais de 26 mil pessoas desaparecidas só no Mar Mediterrâneo. Um número que na realidade sabemos que pode ser muito maior. Uma população pobre e oprimida é jogada ao mar enquanto tem suas terras sendo exploradas e devastadas por grandes abutres que já possuem a maior parte do capital do planeta. Esse é o regime colonialista e de escravidão de hoje. Tão perto e ainda tão difícil de ser visto por alguns.