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COP28

Esquerda cai no conto do vigário do imperialismo sobre o clima

Baseados na imprensa imperialista, a OCI, antiga Esquerda Marxista, ataca posição de liderança de país atrasado para defender a política imperialista para o clima

O marxismo é uma ciência baseada na luta de classes. Nessa luta, proletariado e burguesia estão em lados opostos. No marxismo, há o reconhecimento de que as instituições supranacionais são controladas por Estados capitalistas, portanto, pertencentes à burguesia. 

A Conferência do Clima das Nações Unidas (COP) pertence à ONU, que é uma instituição dominada pelo imperialismo, portanto, em última instância aos Estados Unidos, que tem poder de veto de relevância internacional, como é o caso, por exemplo, na questão do massacre ao povo palestino, onde Washington veta cessar-fogos.

Não importa tanto o que os governos concordam (ou não concordam) nas reuniões climáticas da ONU para o mercado de carbono do mundo real. Empresas, governos, ONGs de conservação, consultorias, corretoras, bancos e muitos outros estão trabalhando duro para estabelecer programas de mercado de carbono como se fosse “o único caminho a seguir”. Esses setores do imperialismo contam também com o apoio de organizações como a Organização Comunista Internacionalista (OCI), antiga corrente Esquerda Marxista do PSOL, seção da Corrente Marxista Internacional (CMI), do Reino Unido.

A OCI publicou matéria traduzida, da CMI, intitulada “COP 28: a classe dominante zomba da crise climática”. Estranhamente, um artigo sobre um evento criado pela classe dominante, defendido por pseudomarxistas. Apesar do evento da COP ser financiado em primeiro lugar pelas petroleiras, ingenuamente a OCI acredita que seja um fórum com boas intenções para “o clima do planeta”. 

Não desconfiam que as maquinações da ONU, em torno do clima (e diversas outras questões), são desviantes dos problemas sociais reais, que o organismo supranacional trata com filantropia, organizando um sistema internacional de ONGs. 

O marxismo deve se colocar a criticar toda ideologia e “ciência” da burguesia, mas não é isso que a OCI faz. Ao contrário, elabora a seguinte problemática: 

“Depois de mais um ano de ondas de calor recorde, de condições climáticas extremas e de incêndios florestais, que custaram a vida de milhares de pessoas, estamos em uma corrida contra o relógio para evitarmos um maior aquecimento global e para nos adaptarmos a condições cada vez mais adversas para garantir a segurança das pessoas”, afirmou.

Primeiramente, o artigo parte da premissa que o clima está sendo alterado por ações diversas. Segundo, o artigo advoga que há uma espécie de “corrida contra o relógio” coletiva, mas com proeminência da ONU.

William Enghdall, um dos mais respeitados analistas geopolíticos do mundo, sobre a COP realizada anos atrás na Coreia do Sul, faz uma crítica contundente sobre o que acontece no evento. Tudo é falsa ciência, na realidade. Foi discutido limitar drasticamente o aumento da temperatura global a partir do uso intensivo da imprensa capitalista, “prevendo” catástrofes. Para isso alteram estilos de vidas e formas de de produzir, castrando especialmente os países atrasados. 

Para o autor, todo esse pânico “é baseado em ciência falsa e modeladores climáticos corrompidos que já colheram bilhões em bolsas de pesquisa do governo para reforçar os argumentos para uma mudança radical em nosso padrão de vida. Podemos casualmente perguntar: “Qual é o sentido?” A resposta não é positiva”. (William Engdhall, Climate Change, Panic Scenarios, Killing Scientific Debate. The Dark Story Behind “Global Warming”, grifos nossos).

Na Coreia do Sul, o que o painel da ONU optou por ignorar foi o fato de que o debate estava tudo menos “encerrado”. O Global Warming Petition Project, assinado por mais de 31.000 cientistas americanos, diz:

“Não há evidências científicas convincentes de que a liberação humana de dióxido de carbono, metano ou outros gases de efeito estufa esteja causando ou irá, em um futuro previsível, causar aquecimento catastrófico da atmosfera da Terra e perturbação do clima da Terra. Além disso, há evidências científicas substanciais de que o aumento do dióxido de carbono atmosférico produz muitos efeitos benéficos sobre os ambientes naturais de plantas e animais da Terra.”

Em virtude desse debate existente, o sultão Al Jaber, atual presidente da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 28), desafiou a ex-presidente irlandesa Mary Robinson. “Mostre-me um caminho para a eliminação do combustível fóssil que permita o desenvolvimento socioeconômico, sem, com isso, levar o mundo de volta às cavernas”. A declaração de Al Jaber aconteceu durante uma longa transmissão ao vivo, de mais de sete horas de duração, promovida pelo think tank SHE Changes Climate, que, por sua vez, é financiado por fundações britânicas, como a Esmée Fairbairn Foundation e a The Kreitman Foundation.

O que a OCI condenou foi a posição de um líder de um país atrasado, baseado em informações da imprensa imperialista, sem qualquer pudor. De acordo com a OCI “a Adnoc é a responsável pelos maiores planos de expansão para acabar com as emissões líquidas zero de qualquer empresa no mundo, de acordo com o Guardian. Os investigadores apontaram o quão ‘ridículo’ é para o CEO Sultan Al Jaber ser presidente da COP28, dado o ‘conflito de interesses’ bastante óbvio”.

O que se nota na afirmação é que o único conflito de interesse é que o jornal The Guardian condena o sultão de um país atrasado com base puramente na ideologia dominante, e que os “marxistas” da OCI acompanham e defendem.

O nível de aprofundamento da frente única entre a OCI e o imperialismo vai além. De acordo com a OCI “Claramente, Al Jaber considerou a conferência simplesmente como uma oportunidade de negócios. Documentos vazados obtidos pelo Center for Climate Reporting (CCR) e vistos pelo Guardian, revelaram que, nos bastidores, a Adnoc conversou com 15 países com quem quer trabalhar para extrair os seus recursos de petróleo e gás”. A organização “marxista” revela inclusive vazamentos do imperialismo contra a Adnoc dos Emirados Árabes (!). Claro, sabemos que se trata de grande corporação, mas e os interesses próprio do imperialismo contra a empresa emiradense?

A OCI não fez uma análise marxista da COP, seus agentes, com interesses econômicos e geopolíticos e com uma postura de questionamento à ciência burguesa. O que a OCI acabou fazendo foi prestar um ótimo serviço ao imperialismo, comportando-se como linha auxiliar.

Como disse Al Jaber, não há “ciência” – isto é, evidência científica – que permita um debate sério sobre os efeitos da ação humana sobre eventuais alterações climáticas no planeta. No entanto, o que há de muito concreto é o interesse dos países mais ricos em impedir que países como os Emirados Árabes Unidos – de onde é Al Jaber -, o Irã, a Venezuela e o Brasil explorem o seu petróleo.

Hoje em dia, dos quinze maiores produtores de petróleo do mundo, apenas os Estados Unidos e a Noruega são países desenvolvidos. E entre os países dessa lista, vários têm uma posição francamente hostil aos Estados Unidos, como é o caso da Venezuela, da China, da Rússia e do Irã. 

O fato de que a produção de recursos naturais está cada dia mais passando para as mãos dos países atrasados fará com que, em um futuro próximo, a indústria dos países desenvolvidos seja refém dos países atrasados, o que levaria a economia dos primeiros a um colapso.

Marxistas devem ter postura crítica em relação ao jogo de poder nas esferas supranacionais. Esses órgãos são dominados pelas grandes corporações industriais e financeiras, que visam manter os países atrasados na condição em que estão. Também não se pode se vender à ciência da burguesia com argumentos tão frágeis como “aquecimento global climático”. Existe um debate, mas a tese central é dominada pelas grandes empresas dos países imperialistas. O imperialismo zomba dos ingênuos.

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