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Governo Lula

2023: o ano da preparação para um novo golpe de Estado

Sobretudo no final do segundo semestre do ano vigente, ficou claro que a direita não está disposta a permitir que o presidente da República governe

Os últimos 12 meses teriam sido “o ano da reconstrução do Brasil”. É o que pensa o deputado federal José Guimarães (PT-CE), hoje líder do governo Lula na Câmara dos Deputados.

Em artigo de título 2023: o ano da reconstrução do Brasil, o deputado contrasta o período de quatro anos nos quais o Brasil estava sob o governo do fascista Jair Bolsonaro (PL) com o primeiro ano do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, o governo Bolsonaro teria sido “um retrato fiel de uma tragédia social, econômica e política”, que teria levado o País “à beira do colapso”.

Não há dúvida de que o governo Bolsonaro tenha sido um governo profundamente negativo para a população brasileira – muito embora não tenha sido um governo inédito no que diz respeito aos ataques contra os trabalhadores. O governo de Fernando Henrique Cardoso, que durou oito anos, foi um governo dezenas de vezes pior, tendo levado milhares de crianças à morte por fome. O governo Bolsonaro, portanto, seria uma repetição, em menor grau, dos governos do PSDB, com crimes de lesa-pátria como a privatização da Eletrobrás, ataques trabalhistas, como a reforma da Previdência, e aumento da repressão, como no caso da aprovação da nova Lei de Segurança Nacional.

O erro de Guimarães, no entanto, está em considerar que o processo do qual o governo Bolsonaro fez parte está encerrado. Isto é, de que o primeiro ano do governo Lula tenha sido uma reversão, mesmo que parcial, dos ataques do regime político ao conjunto da população.

O primeiro argumento levantado pelo deputado é o de que o governo Lula teria conseguido aprovar “a chamada ‘PEC da Transição’, medida que garantiu R$168 bilhões para o funcionamento dos serviços públicos essenciais e ações emergenciais de recomposição dos programas sociais e investimentos no primeiro ano do governo Lula”. Ocorre que os R$168 bilhões, ainda que tivessem permitido que Lula cumprisse uma de suas promessas de campanha, que foi a implementação do programa Bolsa Família com o valor de R$600, foram insuficientes para que a economia do País se desenvolvesse.

Enquanto Lula teve de, antes mesmo de ser empossado, realizar um intenso trabalho de “articulação” política junto aos deputados do Congresso Nacional – isto é, ceder a uma operação de extorsão de verdadeiros gangsteres – para conseguir R$168 bilhões para seus programas sociais, a dívida pública do País chegou a mais de R$7 trilhões, abocanhando 74% do Produto Interno Público (PIB)! Por essas e por outras, Lula teve de se limitar a aumentar o salário mínimo em apenas R$80, uma miséria diante da situação em que se encontram dezenas de milhões de trabalhadores.

O governo Lula, ainda que tenha conseguido tomar algumas medidas paliativas, passou longe de resolver os problemas econômicos mais graves herdados do golpe de 2016: o desemprego continua alta, o poder de compra continua muito baixo e não há uma perspectiva de que a economia “decole”.

Tudo isso aconteceu logo no início do governo, quando Lula contava com grande prestígio, pois acabara de ser eleito. No final do ano, as dificuldades se multiplicaram. Após um ano em um cabo de guerra contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Lula não conseguiu estabelecer uma taxa de juros baixa, o que prejudicou profundamente a economia. Dezenas de empresas já decretaram falência. Entre elas, empresas grandes, como a Starbucks. Nos últimos dias, o Congresso Nacional ainda cortou boa parte do dinheiro que Lula pretendia destinar ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a principal aposta de Lula para destravar a economia.

Quando derrubaram a presidenta Dilma Rousseff, os golpistas tinham, entre os seus objetivos, o de fazer com que todo o dinheiro do Estado escorresse direto para os cofres dos bancos. O governo Lula, na melhor das hipóteses, teria amortecido esse processo, mas não conseguiu revertê-lo.

Outro debate importante que José Guimarães levanta é sobre os acontecimentos de 8 de janeiro, quando manifestantes invadiram as sedes dos Três Poderes. Segundo Guimarães, “o Brasil foi abalado por uma tentativa de golpe de Estado, de forças políticas que não aceitaram a derrota nas eleições”. Esse “golpe”, por sua vez, teria sido “rechaçado pelas instituições republicanas e rejeitado pela opinião pública (75% DataFolha)”. Para o deputado do PT, “com prisões e investigação dos envolvidos, o governo deu início ao processo de união e reconstrução do país”.

Se houve uma tentativa de golpe de Estado em janeiro e, nos 12 meses seguintes, não houve outra tentativa, então de fato o governo pareceria forte. Afinal, o regime chavista, na Venezuela, consegue se manter hoje de pé, apesar de toda a pressão imposta pelo imperialismo norte-americano, porque se baseou em uma grande mobilização popular contra uma tentativa de golpe. No entanto, nada disso aconteceu, de fato, no Brasil.

Primeiro, não houve tentativa de golpe. As pessoas que invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) não estavam armadas. Os setores das Forças Armadas que apoiaram a iniciativa não tentaram prender o presidente da República ou tomar qualquer iniciativa que visasse a tomada do poder. Houve tão somente a invasão de prédios públicos – método bastante utilizado, diga-se de passagem, pela esquerda.

E a invasão conquistou os seus objetivos: como fica óbvio pela falta de armas, o objetivo não era tomar o poder, mas sim expor a fragilidade do governo. Humilhá-lo, desmoralizá-lo. Mostrar que o governo pode ser enganado por todos, até mesmo por aqueles que integram o seu círculo mais próximo, como o ministro que indicou para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O governo ficou de fato desmoralizado, e a ação serviu para que a direita procurasse, cada vez mais, atacar o governo em todas as instituições.

O que vem acontecendo, longe de ser uma reação ao 8 de janeiro, é que a direita está cada vez mais próxima de tentar dar um golpe de Estado contra o governo. Se, em janeiro, não havia condição alguma, dada a popularidade de Lula, as sucessivas ações de sabotagem contra o governo estão criando as condições para que perca parte de seu apoio. Ao mesmo tempo, de janeiro para cá, a direita vem posicionando peças-chave para um golpe de Estado em posições estratégicas no regime político.

Chamou muito a atenção que, recentemente, Lula foi coagido a indicar, para o cargo de procurador-geral da República, o direitista Paulo Gonet, um homem diretamente ligado à Operação Lava Jato, que foi um pilar do golpe de 2016.

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