Há 34 anos, iniciava-se a revolução popular na Nicarágua conhecida como Revolução Sandinista, que durou 11 anos e terminou com a vitória dos revolucionários frente ao governo de Somoza fundado no imperialismo. Desde 1936, os nicaraguenses viviam uma brutal ditadura por parte da família Somoza, sustentado pelos Estados Unidos da América que chegaram a matar Sandino, que deu o nome ao exército revolucionário décadas depois, por ser o antigo e inconteste líder da oposição. A revolução que pôs fim às décadas ditatoriais do domínio do imperialismo no país foi liderada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional.
A FSLN era uma organização heterogênea, onde pessoas de diferentes ideologias e crenças se envolviam – mas em defesa da revolução. Entretanto, a inegável uma clara inclinação socialista no movimento, tendo sido influenciada diretamente pela Revolução Cubana e Argelina, assim como sua essência se baseou nas ideias e lutas de Augusto Sandino antes de seu assassinato.
Em meados dos anos 60, as lutas de libertação chegaram no seu apogeu na América Latina quando, em 1º de janeiro de 1959, entram em Havana as forças revolucionárias que haviam derrotado a ditadura de Fulgêncio Batista em Cuba. Na Argélia, também, formou-se a Frente de Libertação Nacional para lutar pela independência do país, dominado até então pelo imperialismo europeu. Aliando-se a tais movimentos, na Nicarágua, os vários movimentos que existiam até então se consolidaram em uma só frente, sendo o ínicio da já abordada Frente Sandinista de Libertação Nacional.
Prosseguindo no processo revolucionário e já na década de 70, líderes de setores econômicos dos países e da Igreja Católica começaram a se alinhar contra o governo Somoza, formando um movimento de oposição liderado pelo dono do jornal La Prensa, Joaquín Chamorro, assassinado posteriormente em 1978. Este grupo de oposição, no entanto, não apresentava o caráter anti-imperialista da FSLN, encontrando apoio nas fileiras do Partido Democrata dos Estados Unidos e, em partes, no próprio Jimmy Carter.
Quando o exército sandinista entrou em Manágua, maior cidade nicaraguense, em 19 de julho de 1979, introduziu a Junta de Governo de Reconstrução Nacional, sendo composta por cinco membros e tendo como presidente o coordenador da Junta: Daniel Ortega Saavedra, da FSLN. Os demais que compunham a junta eram dois sandinistas, Sergio Ramírez e Moises Hassan, um empresário, Violeta Chamorro, e a viúva de Joaquín Chamorro, que viria a suceder Ortega ao final do processo revolucionário em 1990, agora como independente.
O novo regime político do país estabeleceu um Conselho de Estado com representação de diversos grupos sociais, como políticos, sindicalistas e mulheres, e se dispôs a funcionar como um legislador até a convocação e realização de eleições. Com o passar do tempo, ainda no começo do sucesso revolucionário, a Junta de Governo fez membros independentes deixarem o cargo, pois o controle da mesma estava sob o Diretório Nacional da FSLN. Foi em 1981, no entanto, que os Estados Unidos reagiram com truculência, baixando pesadas sanções, impondo um severo bloqueio econômico e financiando, a partir do regime de Ronald Reagan, ações anti-sandinistas e os grupos armados conhecidos como “contras”. Para se opor à tirania imperialista norte-americana, a Nicarágua buscou apoio da União Soviética e de Cuba e, um ano após, conseguiu com que a URSS assinasse um pacto de cooperação econômica com o país latino-americano.
Daniel Ortega, eleito presidente em 1984 com 66,97% dos votos, é o mesmo presidente que, hoje, está travando uma luta contra o imperialismo, que o ataca por diversos lados e com os mesmos argumentos de sempre e, como sempre, sem provas: violação dos direitos humanos.