Afonso Teixeira

Tradutor, formado em Letras pela USP e doutorado em Linguística com tese em tradução. Tem formação como músico, biólogo e cientista político.

À beira do precipício

União Europeia – perda de rumos

Subjugada pelo imperialismo americano, a União Europeia sacrifica o próprio povo e pode enfrentar graves crises sociais.

A UE já não sabe o que fazer. Dominada por uma camarilha de gente reacionária e de baixíssimo nível intelectual, a Europa toma medidas que colocam em risco a própria economia e a sacrossanta democracia pregada por essa gente.

Para prejudicar a Rússia, o bloco, em recente reunião do G7, decidiu tabelar o preço do petróleo bruto importado da Rússia. Como é possível? O comprador tabela o preço?

Existe um termo em Economia chamado oligopsônio, que caracteriza um mercado com poucos compradores. Havendo poucos compradores, esses compradores determinam o preço, pois o fornecedor não terá mais a quem vender. Seria esse o caso do petróleo russo? A Rússia só vende para a Europa? Nenhum país do globo estaria mais interessado em comprar o petróleo russo?

A Europa espera que isso aconteça. Para tanto, resolveu proibir às seguradoras de firmar contrato de frete com os cargueiros russos que não se adaptarem aos novos preços. Mas, a questão é a seguinte: Isso vai dar certo?

Se uma grande parte das seguradoras não firmarem contrato com as empresas russas de transporte marítimo, o que pode acontecer? O preço do frete vai subir. Logo, o preço do petróleo também. Lei da oferta e da procura. Havendo escassez do produto (seguro), o preço sobe. E, ao fim e ao cabo, o que será tabelado não é o petróleo russo, mas o preço do seguro marítimo, prejudicando as empresas do ramo.

Por outro lado, a Rússia teria a quem vender o petróleo se não for para a Europa? É claro que sim. Todo o mundo quer comprar petróleo, sobretudo os mercados emergentes. E, hoje, um desses mercados tem mais sede de petróleo do que de água: a Índia.

Além do mais, nós sabemos, embargo é ficção. A coisa mais fácil é vender por triangulação, como faz o Irã.

O problema mais grave, contudo, é o do tabelamento. A Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo. O maior são os Estados Unidos, mas seu petróleo é caro, pois depende de um método de extração por fratura de terreno. Quando se trata de exportação, a Arábia Saudita vem em primeiro lugar. Mas, considerando-se petróleo e derivados, no primeiro posto, fica a Rússia.

O que aconteceria se, por exemplo, a Rússia, não tendo a quem vender seu petróleo e derivados, interrompesse o diminuísse a produção? Não é preciso ser nenhum gênio da economia para adivinhar. Lei da oferta e da procura. O preço do petróleo vai subir. E muito.
Recentemente, o governo dos EUA tentou impor à Arábia Saudita um aumento da produção de petróleo. O país, no entanto, disse que poderia aumentar a produção em, no máximo, dez por cento.

Diante do exposto, o que pode acontecer?

Sabemos de duas coisas. Primeiro: quem dita as regras da economia europeia é o imperialismo. A Europa forma, hoje, um conjunto de países de segunda ordem num mundo imperialista. A vontade dos Estados Unidos prevalece sobre os próprios interesses europeus. Segundo: Como a Europa faz parte do bloco imperialista, não dá o braço a torcer. É capaz de sacrificar o próprio povo se isso fizer com que as ações dela contra a Rússia deem resultado.
E o ridículo se torna visível. Para enfrentar o inverno sem o gás russo, já se fala, e implementa-se, espaços públicos de aquecimento, como vemos hoje na Inglaterra. É o fim da picada.

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