Na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), realizada no Egito neste mês de novembro, o recém-eleito presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, denunciou a farsa do evento que, segundo o mesmo, tem servido somente para juntar papel, uma vez que os países imperialistas não cumprem as resoluções. O presidente Lula atribuiu ao Brasil o papel de liderar os países atrasados e afirmou que voltará a cooperar com a África, a América Latina e o Caribe. Ressaltou ainda que os problemas ambientais provocados pela atividade humana, os quais recaem de maneira desproporcional sobre os países mais vulneráveis, são de responsabilidade dos países ricos e que não abrirá mão da soberania para defender a Amazônia. Também destacou que cuidar da região se trata de garantir os direitos e as condições de vida da população que nela vive.
A Amazônia é o bioma de maior biodiversidade do mundo, um conjunto de ecossistemas (fauna e flora) que compreendem a maior floresta tropical (Amazônica) e a maior bacia hidrográfica (Rio Amazonas) do planeta numa área de 6,7 milhões de quilômetros quadrados. O presidente Lula defendeu o desenvolvimento integrado da região sob o comando da Venezuela, Bolívia, Peru e dos demais países que são detentores do território sob a liderança do Brasil. O pronunciamento do líder brasileiro colocou um fim às acusações, oriundas de setores da esquerda, de que Lula entregaria a região da Amazônia para os países imperialistas “administrarem”. Assim, o presidente brasileiro deixou claro que não está disposto a abrir mão da soberania sobre o território nacional amazônico.
O Brasil sozinho detém impressionantes 60% da região amazônica, a qual corresponde em mais de 49% de todo território brasileiro, estando compreendida em três regiões do país, desde o Centro-Oeste, passando por toda região Norte até o Nordeste. Ao todo, ela está em 9 estados: Mato Grosso, Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Maranhão e Tocantins. O representante brasileiro defendeu que é preciso acabar com as desigualdades sociais e garantir condições de vida para a população de mais de 29 milhões de pessoas que vivem nesse território. Essas regiões do país são mais afetadas pelos baixos salários, pelas condições precarizadas de trabalho, a falta de emprego, a situação de miséria e a fome. Também são as regiões mais deficitárias no que diz respeito a falta de estrutura hospitalar e saneamento básico, por isso a população sofre com os piores índices de saúde. Além disso, falta investimento para garantir educação de qualidade, formação técnica profissional e para construção de universidades. A rede de transporte nessas regiões ainda é bastante precária e a indústria muito pouco desenvolvida.
O presidente Lula defendeu que é possível levar desenvolvimento sem causar impactos drásticos à fauna e flora da região. A forma predatória de exploração desse território pelas mineradoras, madeireiras e o agronegócio promove a inviabilização de recursos indispensáveis para a população, um exemplo é a contaminação das águas. Os recursos naturais desta região podem e devem ser aproveitados de maneira racional e, ao invés de assegurar riqueza para um grupo muito restrito de criminosos, contribuir para tirar uma imensa parte do país do atraso econômico. Somente o controle da atividade de exploração pela própria população trabalhadora pode evitar impactos ambientais que afetem suas condições de vida. A maior liderança popular do país destaca que as comunidades de índios, bem como toda população da Amazônia brasileira devem ser protagonistas do desenvolvimento da região.