O governo de Jair Bolsonaro (PL) está chegando ao fim, mas os impactos da política de destruição ocasionada pelo golpe de 2016 são profundos. De acordo com Ricardo Marcelo Fonseca, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), as universidades federais estão sucateadas, tendo em vista que o orçamento destinado a elas vem sendo diminuído sucessivamente nos últimos anos. O valor destinados para as universidades neste ano de 2015 foi 55% menor se comparado à quantia de 2015.
Além de prejudicar o desenvolvimento de pesquisas e fechar salas de aula, a escassez de recursos reduziu o número de estudantes. Em 2021, somente 311 mil alunos ingressaram nas universidades, enquanto que, em 2017, essa quantidade era de 366 mil, o que representa uma queda de 15%. O bloqueio de recursos de parte do orçamento deste ano prejudicou ainda mais a área educacional, chegando ao ponto de não haver dinheiro para despesas básicas, como as contas de luz.
No entanto, as proezas de Bolsonaro na área da educação não pararam por aí. Ele chamou mais colaboradores para aprofundar a sua política de destruição, colocando-os à frente do Ministério da Educação (MEC). O nome que mais define essa administração é o de Abraham Weintraub, que chegou a classificar as universidades como inimigas e indicou professores de extrema-direita para serem reitores de algumas instituições. Ele pediu demissão do cargo em 2020.
Exemplos de problemas com reitores a partir de então não faltam. Em 2021, Cândido Albuquerque foi escolhido para ficar à frente da Universidade Federal do Ceará (UFC), apesar de ter ficado em último lugar na votação interna, com menos de 5% dos votos. Além disso, Albuquerque, junto a outros reitores ligados ao bolsonarismo, optaram por romper com a Andifes, que é responsável por fazer a ponte entre o governo e as universidades, de maneira a enfraquecer a organização.
Porém, a visão do futuro, com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é promissora. Apesar de todos os percalços, Fonseca declara o seguinte: “Eu não sei o que que vai acontecer em 2023, a proposta orçamentária ainda está em discussão, mas o que a gente espera é isso, não só sair da lama como ter condições de caminhar”.