A polêmica do momento em torno do recém-eleito governo Lula trata-se da já presente pressão que os principais grupos capitalistas nacionais e internacionais vêm fazendo contra o programa econômico do novo governo. Após seis anos do início do regime golpista, de inúmeros ataques aos trabalhadores e à economia nacional em favor dos lucros dos banqueiros e grandes acionistas, a volta de Lula ligou um sinal vermelho em todo este setor diretamente ligado ao imperialismo.
O porta-voz oficial deste setor é a “democrática” imprensa burguesa, que agora destaca em suas principais páginas de jornais críticas às pretensas políticas econômicas de Lula, se adiantando, inclusive, e declarando que não “há mais esperanças” no governo, como anunciou em editorial o jornal Folha de São Paulo. As críticas são duras, há articulistas que afirmam que Lula “desaprendeu” a lidar com a economia, há outros que vão além e acusam Lula de estar fazendo “populismo” e exigem participação ativa nas decisões do governo eleito. Dentre todos estes fatores, se destaca sobretudo a reação do chamado “mercado”, uma “instituição” que ressurgiu no jargão da imprensa burguesa para atacar um governo que sequer começou.
O “mercado” define isso, define aquilo, o “mercado” pensa, entre outras expressões estranhas que passam a surgir nas matérias burguesas. No entanto, o que seria o dito “mercado”?
Muito longe de ser qualquer organização divina, detentora da razão, como indica a imprensa, o “mercado” pode ser traduzido em uma linguagem mais clara para a política que quer os principais setores da burguesia brasileira, sobretudo do capital financeiro, os banqueiros e acionistas, os mais atrelados aos interesses do imperialismo e o setor mais parasitário da economia nacional.
Foi o chamado “mercado” que liderou o golpe de Estado contra Dilma em 2016 e que, agora, lidera a nova empreitada contra o PT. Este é o principal setor da burguesia dita “democrática” e quem dá as cartas para o que deve ou não ser feito com o que é do povo. Durante todo o golpe, esse setor lucrou às custas do estado nacional e da miséria dos trabalhadores brasileiros. O ‘mercado” nada produz, é um enorme parasita que impede o desenvolvimento nacional e apoia a política de saques a todo patrimônio brasileiro. Logo, as mais recentes declarações de Lula, e até mesmo da presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que criticaram a sanha dos grandes capitalistas contra o governo e as tentativas de intervenção na política econômica, é um sinal positivo do que será a luta política do novo governo.
O chamado “mercado” são os maiores inimigos da classe trabalhadora e do desenvolvimento nacional. Se Lula pretende reindustrializar o país, garantir uma melhor condição de vida para população e devolver os direitos retirados pelo golpe, tudo isso precisará ser feito em uma dura luta contra o principal setor da burguesia nacional e do imperialismo. A imprensa voltou a mostrar por que ela é de fato o PIG (Partido da Imprensa Golpista), e por que é necessário tratá-la como inimiga de classe, não como aliada da “democracia”.
Defendemos um governo dos trabalhadores e que Lula aprofunde a política de defesa dos interesses da classe operária e do desenvolvimento nacional. Não há como fazer isso em sintonia com os capitalistas, é preciso confrontá-los, preparar os ânimos da base do governo, a classe operária e mobilizá-la para defender uma verdadeira política para os trabalhadores contra todos os golpistas.
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