Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Sequestro do movimento

Por que a Folha resolveu “falar bem” dos “filhos do MST”?

Burguesia tenta se infiltrar para colocar milhões de sem terra a reboque de sua política

É de causar estranheza que a Folha de S. Paulo, órgão de imprensa dos setores mais vampirescos da burguesia brasileira, tenha dedicado uma elogiosa matéria ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) na capa de sua edição do último domingo (31). O artigo, de título “‘Filhos do MST’ encampam bandeiras de agroecologia, reforma agrária e inclusão”, apresenta alguns pré-candidatos do movimento e dados favoráveis, como a realização de quase 500 cursos por parte do MST.

A que viria tamanha “bondade” da Família Frias?

A explicação é simples. A Folha não está elogiando o MST em si, mas sim determinados aspectos mais conservadores do movimento. Essa, inclusive, é uma tática já bem conhecida da imprensa burguesa: a de se fingir “amiga” da esquerda e colocar-se como sua “conselheira” para tentar direcionar o movimento para os seus interesses. Basta recordar a atuação frenética da Folha de S. Paulo durante os atos de 2021, quando a burguesia se mostrou em campanha para infiltrar a chamada “Terceira Via” nas manifestações da esquerda.

No caso do MST, o que salta aos olhos é a tentativa de mostrar o movimento não como um grupo combativo, dedicado à expropriação do latifúndio, mas sim como uma instituição quase que governamental, cujo objetivo central seria a administração coletiva de alguns hectares de terra que misteriosamente pertenceriam ao movimento.

Acontece que o MST nasceu entre as décadas de 1970 e 1980, no mesmo impulso que derrubou a ditadura militar. Era um período de ascenso da classe operária, de insurreição dos explorados contra os donos do País. O movimento passou por cima da burocracia sindical que atuava nas áreas rurais e, diante do cerco crescente dos latifundiários aos pequenos agricultores, se constituiu numa força social poderosa.

A força do MST não veio de nenhum “projeto”, mas sim da necessidade vital daqueles que compunham o movimento. O que fez o MST angariar milhões de adeptos e se tornar conhecido em todo o continente foi o fato de que conseguiu, por meio da luta — isto é, do enfrentamento, muitas vezes duro e violento —, expropriar uma parte do latifúndio e dar um pedaço de terra para os miseráveis.

O caldeirão que explodiu nas décadas de 1970 e 1980 tende a explodir novamente. A situação social é cada vez mais crítica e, embora a falta de novos censos por parte do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dificulte uma análise objetiva da situação, é evidente que há uma piora gigantesca das condições de vida no campo e uma demanda cada vez maior pela terra. Neste sentido, o que os trabalhadores do campo mais necessitam é do MST das origens, um movimento de luta que vá até as últimas consequências em sua luta contra os banqueiros, especuladores e latifundiários.

O objetivo da Folha é diametralmente oposto. Por isso, o jornal, que não fala uma única palavra sobre a luta de fato dos sem terra para conseguir a terra, dedica parágrafos e mais parágrafos para falar da “agroecologia” e do respeito à “diversidade”. Ou seja, procura mostrar o MST como uma espécie de centro acadêmico, que não estaria preocupado com a fome generalizada no campo, mas sim com problemas muito superficiais, como o uso de agrotóxicos ou a orientação sexual de seus militantes. Obviamente, isso não poderia ser a prioridade de um movimento de massas, mas tão somente de um grupelho pequeno-burguês, como o PSOL.

É por isso que chama a atenção, também, que o foco da matéria vai para os “filhos do MST”. Isto é, uma parcela minoritária dos sem terra que, embora ligados ao movimento, conseguiu ir para a universidade e, assim, é muito mais influenciada pelos interesses da pequena burguesia, uma vez que na universidade terão contato com o carreirismo, a luta desesperada por cargos, as disputas eleitorais, as fundações financiadas pela CIA etc.

A tentativa de sequestrar o movimento é tão descarada que o patife Reinaldo Azevedo, um dos vagabundos contratados para fazer campanha pela derrubada de Dilma Rousseff na imprensa, e que inclusive já chamou o MST de “terrorista”, agora decidiu “elogiar” o MST. E qual foi o “elogio”? O de que o movimento não seria “contra o agronegócio” (!). Se não é contra o agronegócio, seria contra quem? De quem os sem terra tomarão as terras que necessitam, dos operários?!

Há inclusive uma operação ainda mais profunda em marcha para o sequestro do MST por parte da burguesia. No ano passado, o movimento decidiu entrar na bolsa de valores. Na prática, o MST ficará cada vez mais a reboque dos interesses de seus acionistas, pois esses, na medida em que tiverem o controle financeiro do movimento, poderão chantagear cada vez mais o MST em favor de seus interesses. Em outras palavras, os acionistas, que são facilmente cartelizáveis, podem simplesmente chegar para um dirigente e dizer: se você ocupar tal fazenda, nós iremos desvalorizar as ações do movimento.

São esses senhores, os vampiros do mercado financeiro, que mais têm interesse em mostrar o MST como uma agremiação universitária. Algo que pode ser visto de maneira muito mais escancarada e evoluída com o MTST, movimento de sem teto que está tomado por ONGs e parlamentares e que vem servindo para as manobras do regime golpista.

É preciso que os companheiros do MST tenham claro que esse tipo de política, a da infiltração da direita, levará à extinção do movimento, ou ao menos a desvirtuação completa de seus objetivos iniciais. É preciso, portanto, resgatar o verdadeiro caráter do movimento, utilizando-o como uma ferramenta fundamental da mobilização do povo contra a tirania dos golpistas e para a expropriação do latifúndio.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.