Durante os últimos dias após o resultado do 2º turno das eleições gerais, grupos fascistas têm saído às ruas para obstruir vias públicas e se mobilizar em frente aos quartéis, reivindicando um golpe militar contra o resultado que levou o Presidente Lula pela 3ª vez ao Palácio do Planalto.
Diante dessa situação, algumas posições políticas dentro da esquerda têm surgido para responder a questão. A primeira é a de que o descontentamento bolsonarista nas ruas com o resultado eleitoral, seria algo legitimo e estaria respaldado no direito de manifestação. A segunda seria de que por se tratar de uma movimentação ilegal e golpista, caberia as instituições estatais responder com a repressão contra essas manifestações. A terceira se fundamenta no fato de que, as mobilizações são ilegais e golpistas, mas que o próprio movimento popular e de esquerda, deveriam retirar os fascistas nas ruas por meio da mobilização de massas.
Para os defensores da primeira proposta de ação, deveríamos ficar chupando o dedo e observando os bolsonaristas conspirarem contra o resultado das eleições e contra a soberania nacional, sem fazer absolutamente nada e aguardar que as movimentações golpista se encerrem por si só. Durante os últimos seis anos a esquerda quase não fez nada para conter os bolsonaristas e eles não desapareceram.
Já para os defensores da segunda opção, deveríamos ficar escondidos embaixo da cama esperando as instituições apodrecidas do regime político de 1988, que não fizeram nada dentro da legalidade nos últimos anos e não tiveram nenhuma ação concreta para conter os bolsonaristas nas eleições, tomarem alguma atitude para conter essas mobilizações conspirativas. Até o presente momento, as instituições (principalmente as vinculadas ao aparato repressivo) não tem feito absolutamente nada para desobstruir as vias ou para impedir as mobilizações golpistas. As ordens do judiciário, do Ministério da Justiça e dos governadores, quase não tem surtido efeito nas tropas, que tem praticamente ignorado e se agrupado conjuntamente com os bolsonaristas.
Os adeptos da terceira opção tem sido verdadeiramente efetivos, exemplo disso tem sido as ações espontâneas da própria população pobre das periferias, das torcidas organizadas e de segmentos dos trabalhadores organizados, que tem partido para o embate com os bolsonaristas, liberando as vias públicas e botando esses golpistas para correr.
O regime político de 1988 ruiu, foi pro brejo. O bolsonarismo consolidou sua autonomia política enquanto tropa de choque da burguesia para implementação do neoliberalismo, e tem atuado de forma independente das instituições (ou sob a conivência de grande parte destas últimas). Somente a força dos trabalhadores e das organizações populares, podem efetivamente, combater o golpismo bolsonarista, impedir que esse lixo se alastre e ganhe corpo e, por fim, mantenha o resultado do processo eleitoral de 2022. Relegar para as instituições em decadência essa tarefa ou esperar que o fascismo desapareça com um passe de mágica, pode custar mais caro do que todo o conjunto de medidas que tem assolado a vida dos trabalhadores nos últimos anos.
Sair às ruas contra o golpe fascista!
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*As opiniões dos colunistas não expressam, necessariamente, as deste Diário.