Os dois anos de pandemia na qual o país se viu imerso (2020/2021) foi o pretexto que os governos inimigos do povo utilizaram para cancelar e impedir a realização de diversas atividades artísticas, país afora, ligadas à cultura popular.
A mais importante delas, obviamente, é o Carnaval. A festa popular que arrasta milhões de brasileiros às ruas, praças e becos de todas as regiões do País durante quatro dias no mês de fevereiro.
Mas como já foi dito, a pandemia nada mais foi do que a oportunidade que a burguesia e a direita viu e utilizou para fazer – dessa vez de forma supostamente justificável – o que sempre fez ou o que sempre pretendeu fazer: Atacar a cultura popular e todas as manifestações culturais oriundas do povo, das classes populares.
Os mais diversos governos direitistas e até mesmo os considerados de “esquerda” formaram uma espécie de frente única contra o Carnaval nos dois anos de crise sanitária da Covid-19, sob o argumento (pouco convincente) de que era necessário “evitar as aglomerações” para não disseminar o vírus. O que eles nunca fizeram foi ter a mesma preocupação quando os mesmos que frequentam o Carnaval (o povão) foram obrigados a se deslocar para o trabalho em meios de transporte (ônibus, trens, metrô) absolutamente superlotados e em condições insalubres, fonte interminável de contaminação do coronavírus.
Todavia, o fato mais ilustrativo dessa cruzada direitista e persecutória contra o Carnaval, vale dizer, contra a cultura popular, se deu nesse ano, já nos estertores da pandemia. Não foram poucos os governos que mais uma vez cancelaram o Carnaval, sustentado em sua linha de orientação o que já não existia mais: A pandemia e a contaminação, com a maioria da população já tendo recebido pelo menos a segunda dose da vacina anti-covid.
A desfaçatez da direita ficou ainda mais cristalina quando horas depois (isso mesmo, horas, 24h ou 48h) do fim da data oficial do Carnaval deste ano os governos de diversos estados adotaram – com o cinismo que lhes é peculiar – a política do “liberou geral”, revogando todas as medidas de restrição social (uso de máscara, distanciamento, etc.) que ainda estavam em vigor supostamente como necessárias a prevenção da pandemia.
Portanto, o cancelamento e a repressão à festa popular mais importante do País nada tem a ver com os supostos zelos dos governos em relação à saúde da população, cuidados que nunca foram objeto de preocupação dos governos burgueses, de nenhum deles para com o povo. No bom português o que deve ser dito é que a perseguição ao Carnaval por parte da direita nacional é uma manifestação explícita de oposição à cultura popular, à genuína arte popular.
O Carnaval, além de ser a manifestação autêntica da rica cultura nacional vinda das classes populares, é o momento também onde os oprimidos, os que sofrem na pele as duras investidas da burguesia contra as suas condições de vida, expressam sua indignação contra os opressores, entoando marchinhas contra o regime burguês e seus representantes.