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Quem é o desonesto?

PCB esconde sua política golpista atacando o PCO

Acusações sem argumentos, ataques a Lula e identitarismo

No sítio do PCB na internet, o membro do Comitê Central do partido, Milton Pinheiro, publicou um artigo no último dia 22 de fevereiro chamado “A desonestidade como marca da pequena política: o caso PCO”. Em que o dirigente do PCB acusa o PCO de desonestidade e de muitas outras coisas.

No entanto, o que Milton Pinheiro acusa no PCO, cabe muito bem no artigo publicado por ele. Nenhuma acusação ali está fundamentada e argumentada, na verdade, não há um debate político, há uma lista de acusações sem explicação.

Logo de início, o artigo enumera alguns supostos pecados do PCO que, segundo o autor, “tem se notabilizado por uma postura política bizarra, desonesta em relação à esquerda e subserviente aos pressupostos da democracia formal da ordem capitalista.” “Bizarro”, “desonesto” são xingamentos. Não sabemos exatamente por que o PCO é isso. Vejamos mais à frente se há alguma explicação para eles.

A direita defende a Liberdade de expressão?

Para o autor do artigo, o PCO causaria preocupação até em Voltaire com sua defesa irrestrita da liberdade de expressão. Milton Pinheiro refere-se à denúncia do Partido sobre a censura e o cancelamento impostos ao apresentador Monark por dizer que é a favor da legalização de todos os partidos, incluindo o nazista se houvesse. O dirigente do PCB não concorda que as pessoas devem poder falar o que pensam, mas ele não diz isso abertamente, ele se limita a chamar a posição do PCO de “defesa o direito burguês”.

O que significa tal acusação? Para os marxistas, a defesa das liberdades individuais ou das liberdades democráticas é uma herança fundamental da época das revoluções burguesas. Nesse sentido, o que o dirigente do PCB coloca em tom de acusação deveria ser simplesmente uma constatação.

A liberdade de expressão realmente é uma conquista do “direito burguês” e isso não é o PCO que defende mas toda a tradição do movimento operário e socialista. O que Milton Pinheiro não explica é que essas liberdades foram abandonadas pela burguesia na medida em que ela se tornou uma classe reacionária e é justamente a classe operária a legítima herdeira dessas reivindicações.

A ignorância do crítico do PCO fica mais explícita quando ele afirma que “até Voltaire ficaria preocupado” com a noção de liberdade do PCO. Mas se o problema do PCO é defender o “direito burguês”, por que Milton Pinheiro traz à tona um pensador da burguesia do século XVIII? O próprio autor do artigo se contradiz. De fato, Voltaire ficaria muito preocupado mesmo com o que está defendendo a esquerda pequeno-burguesa atual, que exige que a liberdade de expressão seja limitada. Voltaire foi aquele, que como muitos extraordinários iluministas contemporâneos dele, defendia a liberdade inclusive para aqueles com os quais não concordamos.

Voltaire e esses iluministas eram revolucionários de sua época, representante de uma burguesia revolucionária que preparava no terreno das ideias a grande Revolução Francesa. Exatamente o oposto do PCB e de outros setores da esquerda hoje, que substituíram a defesa revolucionária e radical das liberdades por uma concepção autoritária, se aliando à burguesia reacionária dos tempos atuais, do capitalismo decadente.

E é justamente com essa tradição que rompe o PCB ao deixar de lado uma luta tão fundamental, algo bem vergonhoso para quem se diz marxista. Ao invés de acusar o PCO, o dirigente do PCB deveria explicar o seguinte: se a esquerda não deve ser a favor das liberdades individuais porque são uma “defesa do direito burguês” o que deveria defender no lugar? Seria a burguesia a favor da liberdade de expressão e a classe operária não?

No final das contas, Milton Pinheiro não explica nada. De sua acusação contra o PCO apenas poderíamos concluir que é a direita que defende a liberdade de expressão. A direita, que é a favor da ditadura militar, seria a favor da liberdade, um contrassenso.

Um dos crimes do PCO é defender Lula

Outra “desonestidade do” PCO, segundo Milton Pinheiro, é que o Partido vive “uma profunda fuga de tudo que não diga respeito ao projeto eleitoral de Lula e do campo majoritário do PT”. Para defender essa política sinistra que é a candidatura de Lula, o PCO usa “argumentos desonestos e covardes para atacar partidos de esquerda, militantes e perspectivas revolucionárias; inclusive se valendo das falsas notícias da imprensa burguesa.”

Aqui, antes de mais nada é preciso dizer que mais do que revelar o ódio do PCB ao PCO está revelado o ódio do PCB ao próprio Lula. Mantendo a tradição do partido desde o golpe de Estado, quando o PCB se recusou a defender o governo do PT diante dos ataques da direita.

Quais seriam os ataques, quais seriam as falsas notícias? O autor do artigo não demonstra nem explica, apenas acusa. Parece que o desonesto aqui não é o PCO, mas o próprio autor do artigo.

Para o dirigente do PCB, apoiar Lula não é o caminho nesse momento. Qual seria, então?

“O real e concreto da luta de classes, a partir dos interesses da classe trabalhadora, nos informa que precisamos agir na perspectiva da articulação da frente anticapitalista e anti-imperialista contra o neofascismo e os golpistas de 2016; que as massas populares devem ter a oportunidade de conhecer, já no primeiro turno, as propostas daqueles(as) que operam no campo da independência de classe e que, nesse momento eleitoral de possível politização, devemos aprofundar o projeto de reorganização da classe trabalhadora para enfrentar o que virá no pós eleitoral, independentemente de quem vença as eleições.”

São belas palavras, mas são apenas palavras. Precisamos agir a partir dos interesses dos trabalhadores, diz Milton Pinheiro. Devemos articular uma frente anti-capitalista e anti-imperialista. Mas qual é a proposta do PCB? Lançar uma candidatura para que “as massas populares” conheçam suas propostas.

O problema ignorado pelo dirigente do PCB é justamente que as massas populares não estão olhando para o PCB, elas esperam que votando em Lula passam derrotar os golpistas. Uma ilusão? Podemos concordar que seja uma ilusão relativa, que Lula e o PT, apenas por seu programa conciliador não serão capazes de derrotar o golpe. Mas não é uma ilusão quando colocamos a coisa no terreno concreto as eleições. Lula é de fato o candidato da esquerda capaz de derrotar os golpistas e só ele.

Falar em derrota dos golpistas de 2016, falar em frente anti-capitalista e anti-imperialista, sem levar em consideração esse fator fundamental da situação política é jogar palavras ao vento. Ademais, qual frente o PCB quer fazer? Isso ele também não explica. O que sabemos, porque está implícito no artigo, é que nessa frente não estão incluídos Lula e o PT. O PCB quer fazer uma frente, mas sem o nome e o partido de esquerda mais popular do País. Na prática, essa “frente” do PCB é uma proposta de uma frente anti-Lula, que eles têm medo de falar abertamente.

No fim das contas, a candidatura do PCB, que Milton Pinheiro quer que “as massas conheçam” é uma versão reduzida da política eleitoreira. Como seria ridículo acreditar que o PCB vai ganhar a eleição, sua política eleitoral está apenas voltada para os interesses do PCB, sem nenhuma base na mobilização das massas. O PCB tem todo o direito de ter essa política, a questão aqui é que essa política é um erro crasso na atual situação, ela serve apenas aos golpistas, na medida que defende não uma frente como eles dizem, mas a dispersão da esquerda. Nesse momento só faz sentido falar em frente de esquerda na eleição se ela contiver o nome mais popular eleitoralmente na esquerda: Lula.

O autor do artigo demonstra mais uma vez a sua ojeriza por Lula:

“Ao contrário dos causadores, não contribuímos para a subalternização da esquerda ao projeto da conciliação burgo-petista. Nesse cenário, consideramos que quem está contribuindo para fortalecer ideologicamente na sociedade os postulados da direita são aqueles que em seu desiderato fogem do programa da independência de classe e se rendem ao pacto entre capital e trabalho.”

O PCB não quer se misturar com o que ele chama de “projeto da conciliação burgo-petista”. Com quem o PCB quer se misturar, então? Nas eleições passadas, o partido esteve com o PSOL em várias coligações. Na eleição dessa ano, tudo indica que o PSOL será parceiro do PCB em vários lugares. Isso nos leva a crer que o único problema é a conciliação petista, a política de conciliação do PSOL não importa.

O programa do PSOL não é de independência de classe. Nunca foi, mas para quem já teve alguma dúvida, o desdobramento da situação política esclarece tudo. A essa altura, o PSOL é um partido cujos principais líderes há muito escancaram sua conciliação de classes. Apenas para citar alguns exemplos: Luciana Genro, por exemplo, recebeu financiamento da Gerdau e da rede Zafari de supermercados, Guilherme Boulos foi financiado pelo empresário Walfrido Warde, que também financia candidaturas burguesas e direitistas em vários estados. Em 2020, o candidato a vereador de Duque de Caxias, Wesley Teixeira, recebeu financiamento dos banqueiros Armínio Fraga e Walther Moreira Salles, herdeiro do banco Itaú. O que dizer de Luiza Erundina, uma típica política burguesa que entrou no PSOL após passar pelo PSB para ser candidata.

Se não devemos nos aliar ao projeto “burgo-petista” por que deveríamos nos aliar os projeto “burgo-psolista”? O PCB ignora todos esses fatos porque para ele o problema é apenas o PT e Lula. E por que? Porque é o PT e Lula o problema da burguesia, não o PSOL. O golpe, com o qual o PCB diz estar preocupado, foi contra o PT e contra o PT e Lula que a direita continua voltando sua artilharia pesada. É por isso que o PCB não quer se aliar ao conciliador PT, mas faz vistas grossas ao conciliador PSOL.

Isso mostra que o PCB apenas segue as orientações da burguesia. Não tem nada de independência de classe, pelo contrário. Do mesmo jeito que o partido se recusou a lutar contra o golpe com a mesma desculpa esfarrapa da “política burguesa do PT”, não quer estabelecer uma frente única com Lula e o PT agora. A burguesia não quer, o PCB não faz e inventa desculpas para não fazer.

Fazer uma frente com Lula e o PT não significa concordar com sua política. Só uma criança poderia entender a política dessa maneira. O que o PCO defende é chamar o povo a se mobilizar pela candidatura de Lula. O PCO não quer ter nenhuma identificação programática com o PT para fazer tal frente. O PCO sequer vai ingressar numa coligação eleitoral, menos ainda num governo eventual de Lula. O problema é justamente a mobiliação das massas, ou melhor dizendo, qual o melhor caminho para essa mobilização. E isso é ter independência de classe.

Para defender sua política, Milton Pinheiro afirma que o YouTuber do PCB, Jones Manoel, foi atacado de “forma criminosa e mentirosa”, e a pré-candidata à presidência da República pelo partido, Sofia Manzano, foi atacada de forma misógina.

Mais uma vez, são apenas acusações vazias. “O PCO é um monstro” e devemos acreditar em Milton Pinheiro.

A defesa do identitarismo

Milton Pinheiro acusa o PCO também de usar o identitarismo para justificar uma defesa das opressões.

“O PCO tem rebaixado o debate sobre o sistema das opressões da ordem capitalista a uma discussão sobre identitarismo e ONGs; sem perceber que o sistema capitalista estrutura na sociedade de massas o racismo, o machismo/misoginia, a lgbtfobia e outras formas de opressão.”

O dirigente do PCB acusa o PCO de fazer aquilo que o PCB tem feito. O identitarismo é uma ideologia burguesia e que tem sido difundida pelo imperialismo como forma de infiltração na esquerda. É uma ideolgogia totalmente estranha e abertamente contra o marxismo e aluta de classes.

No entanto, a esquerda pequeno-burguesa absorveu essa ideologia e substituiu qualquer análise de classe por uma abstrata “luta contra as opressões”. Isso fica bem claro na formulação do próprio Milton Pinheiro: “sistema capitalista estrutura na sociedade de massas o racismo, o machismo/misoginia, a lgbtfobia e outras formas de opressão”. Essas opressões estariam na “estrutura” da sociedade. Onde estão as classes sociais aqui? Não sabemos.

É o PCB e a esquerda pequeno-burgue que está “rebaixando” a discussão sobre o capitalismo a uma discussão abstrata sobre os sistemas de opressões. Diferente do PCO, que defende uma luta real de todos os oprimidos e que esses oprimidos devem se ligar à luta de classes da classe operária contra os capitalistas, o PCB acredita que lutar contra as opressões é um problema de palavras de frases soltas e está dissociada do problema de classes.

No final das contas, as acusações do dirigente do PCB contra o PCO servem para esconder a real política de seu partido. Uma política anti-Lula e anti-PT, mostrando a continuidade do seu apoio ao golpe de Estado de 2016 e uma política anti-marxista e contrarrevolucionária, guiada pelos interesses da burguesia.

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