O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi entrevistado pela revista imperialista TIME nesta última quarta-feira, estando na capa desta. Das diversas falas de Lula sobre governança, política brasileira e as ações dos seus antigos governos, as declarações mais notáveis foram sobre política internacional, mais especificamente sobre a Guerra na Ucrânia.
“Putin não deveria ter invadido a Ucrânia. Mas não é só o Putin que é culpado, são culpados os Estados Unidos e é culpada a União Europeia. Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a OTAN? Os Estados Unidos e a Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na OTAN’. Estaria resolvido o problema […] às vezes fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin.”
Lula
Essa posição é ambígua e não está alinhada com o que se esperaria de uma política revolucionária, afinal de contas, Lula não é um revolucionário. Apesar disso, não podemos deixar de ressaltar que a crítica feita ao presidente ucraniano, Zelensky, é mais do que válida.
Zelensky não é isento de responsabilidade, muito pelo contrário, tem mantido o país na guerra e prejudicado o povo ucraniano. A imagem que a imprensa imperialista passa de Zelensky é a de um coitado que se viu obrigado a estar nessa situação, sendo Putin o grande vilão da história.
“Ele quis a guerra. Se ele [não] quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais. É assim. Eu fiz uma crítica ao Putin quando estava na Cidade do México, dizendo que foi errado invadir. Mas eu acho que ninguém está procurando contribuir para ter paz. As pessoas estão estimulando o ódio contra o Putin. Isso não vai resolver! É preciso estimular um acordo. Mas há um estímulo [ao confronto]! Você fica estimulando o cara [Zelensky] e ele fica se achando o máximo. Ele fica se achando o rei da cocada, quando na verdade deveriam ter tido conversa mais séria com ele: ‘Ô, cara, você é um bom artista, você é um bom comediante, mas não vamos fazer uma guerra para você aparecer’. E dizer para o Putin: ‘Ô, Putin, você tem muita arma, mas não precisa utilizar arma contra a Ucrânia. Vamos conversar!’”
Lula
A imprensa burguesa aproveitou a situação para, mais uma vez, atacar Lula. Sua fala foi criticada mesmo sendo moderada e conciliadora, algo que era de se esperar. A questão é que o desejo dessa imprensa é que Lula seguisse as posições da burguesia e atacasse Putin furiosamente, tomando um lado definitivo no conflito, o lado do imperialismo.
Lula mostrou que, apesar da política ainda moderada, ele não está disposto a se dobrar tão fácil. Colocou sua posição sobre Zelensky, contra o presidente ucraniano e inclusive contra a OTAN, mesmo apesar da histeria que tem sido provocada pela imprensa para que se intensifique a história de “bem contra o mal” neste conflito.
Além disso, Lula também criticou Biden, a política dos Estados Unidos de oprimir ferozmente outros países, a OTAN, a ONU e diversas outras figuras, demonstrando que, mesmo com posições conciliadoras, o ex-presidente tem consciência do imperialismo e de suas ações.
Os EUA, a OTAN, a União Europeia, Zelensky, os nazistas dos batalhões ucranianos — todos estão diretamente envolvidos com o conflito, tendo Putin apenas tomado as medidas necessárias para a proteção do seu território e povo, impedindo o avanço imperialista no oriente.