Nesse dia 21 de novembro, o Estado de S. Paulo publicou coluna assinada pelo direitista e membro do Instituto Liberal, Denis Lerrer Rosenfield, chamada “O Velho PT”. Mais do que os argumentos ditos no artigo, é importante o que está implícito nas inúmeras acusações feitas contra um governo que ainda nem começou. No caso, o futuro governo Lula.
A coluna de Rosenfield revela que a burguesia, muito diferente do que acreditavam muitos setores da esquerda, não só não está apoiando Lula como já inicia, antes mesmo do início do mandato, uma política de tipo golpista.
Logo no início, o colunista mostra suas intenções afirmando que a equipe “eclética de Lula” “confunde responsabilidade fiscal e social como se o desrespeito à primeira não se traduzisse por seus efeitos sobre a segunda”. É o tradicional cinismo da direita para justificar a política de devastação dos direitos e condições de vida do povo. Como se manter se a chamada “responsabilidade fiscal” não fosse a responsabilidade dos trilhões enviados aos banqueiros pelo Estado.
A pressão para que o futuro governo seja controlado pela burguesia não está apenas nas colocações econômicas. Rosenfield critica os conselhos das administrações do PT que para ele são uma “grande encenação com o intuito de velar a hegemonia petista”. Segundo o articulista, a equipe de transição até lembra esses conselhos. Esse argumento não serve para nada além de uma demostração de que a burguesia não aceitará nenhuma política que aproxime o povo da participação na administração. E olhem que esses conselhos do PT sempre foram uma tentativa política muito moderada de participação popular.
Nesse mesmo sentido, Rosenfield não quer um Ministério do Desenvolvimento Agrário, afinal, qualquer participação de sem-terra é um pecado para a direita. Apenas os latifundiários podem ser representados.
A chamada “frente democrática”, formada na eleição, sempre foi algo fantasmagórico. Nunca teve efetivamente o apoio e a participação do imperialismo, ou seja, dos banqueiros, especuladores, do chamado “mercado”. A tal frente não era mais do que uma composição com políticos da burguesia isolados, sem apoio real nos setores mais importantes da burguesia. Essa frente já é um fracasso.
Isso porque não é possível a conciliação entre os interesses dos trabalhadores e dos grandes capitalistas. Por isso, Rosenfield declara guerra ao futuro governo Lula. Ele está apenas expressando aquilo que a burguesia fará. Isso porque Lula nem apresentou nada de radical.
A lição que deve ser tirada é justamente a de que o governo Lula precisa ser um governo dos trabalhadores. Essa é a única forma de se proteger da política golpista que a burguesia já está armando contra Lula.