As eleições que ocorreram no último dia 2 de outubro não foram boas para a esquerda parlamentar. O resultado de Lula na presidência pode enganar, embora o próprio resultado tenha ficado abaixo do esperado pela campanha do ex-presidente. Pode enganar, também, o aumento da bancada do PT de 54 para 68 deputados.
A aparência de algum resultado positivo para por aí. Se comparado ao resultado obtido pelos bolsonaristas, a esquerda ficou em maus lençóis. O PL conquistou 99 cadeiras. O União Brasil, partido que agrupou o PSL e o DEM, composto em sua maior parte por elementos bolsonaristas, obteve 59 cadeiras, seguido de 47 cadeiras do PP, partido repleto de bolsonaristas. Isso apenas para ficarmos nos maiores partidos. Em suma, a composição do Congresso é hiper conservadora. Isso sem contar as vitórias bolsonaristas para os governos e Senado.
O PSOL cresceu dois deputados em relação a 2018; de 10 passou para 12. Esse pequeno crescimento parece estar em contradição com o aumento da direita bolsonarista, mas não está.
O resultado do PSOL, no seguinte marco, quem efetivamente ganhou a maioria das cadeiras do PSOL não foram nomes tradicionais do partido, mas um setor comandado por Guilherme Boulos. Inclusive, foi a votação de Boulos, que ultrapassou um milhão de votos em São Paulo, que puxou os demais eleitos. Esses eleitos em São Paulo, talvez com exceção de Sâmia Bonfim, são pessoas que ingressaram tardiamente no PSOL, quando o partido já despontava mais claramente como uma esquerda anti-petista e pró-imperialista.
A votação do PSOL em São Paulo, o mesmo aconteceu em outros estados, foi impulsionada pelos setores imperialistas que desde a eleição municipal de 2020 elegeram Boulos como o seu candidato “de esquerda” preferido. O então candidato à prefeitura de São Paulo foi divulgado exaustivamente pela imprensa golpista. Essa exposição garantiu a Boulos a votação de agora. Outros eleitos do PSOL, como Sônia Guajajara, também foram exaustivamente divulgados pelo imperialismo e a imprensa golpista nacional. Mas não é só isso.
Muitos candidatos do PSOL contaram com o financiamento direto de empresários, banqueiros e grupos ligados ao imperialismo. O próprio Boulos, conforme vem denunciando este Diário, está ligado a grupos com estreitas ligações com o imperialismo.
Não é apenas a propaganda e o financiamento do imperialismo que explica a votação do PSOL. A política errada do PT ajudou o PSOL, em particular Guilherme Boulos, que canalizou uma parte do voto do PT, que apresentou o psolista como uma espécie de candidato do Lula.
O PT ajudou a impulsionar um candidato e um partido que vão trabalhar incessantemente a favor do imperialismo, uma espécie de PSDB e esquerda. Esse é o verdadeiro caráter do PSOL, que vai se configurando como um partido “de esquerda” do imperialismo. Em meio à crise do regime político, o imperialismo está promovendo novos partidos de confiança.