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O povo não é fascista

Está circulando pelas redes sociais um vídeo de uma palestra de Alysson Mascaro sobre o fascismo e a atual situação política no Brasil. O vídeo ao qual tivemos acesso é uma edição, portanto, argumentaremos com base nos pontos que consideramos chave no debate sobre o tema.

Logo no início Mascaro afirma que o fascismo é um movimento das massas. Citando o sociólogo grego Nicos Poulantzas, ele afirma que “o fascismo é quando toda essa estrutura do horror passa a ser produzida pelas massas”. Mascaro vai explicar, em seguida, que o fascismo é quando a população começa a reproduzir todos esses horrores. A conclusão desse raciocínio seria a de que foi o povo que produziu Hitler e Mussolini, não o contrário, ou seja, o fascismo não teria sido uma política da burguesia, que colocou no poder Mussolini, Hitler e outros e impôs essa política ao povo. Em resumo, o povo produziu é o culpado por Hitler e Mussolini.

É preciso explicar, em primeiro lugar, que esse é um erro crasso na análise do fascismo e que vai interferir nas conclusões que se tira da situação atual no Brasil. O fascismo não foi um movimento das amplas massas como afirma Mascaro, citando Poulantzas, mas foi um movimento da burguesia imperialista através da pequena burguesia contra a classe operária. Embora não seja preciso o termo, só seria possível falar em massas nesse caso com a devida ressalva de que estamos falando das massas da classe média. O fascismo era voltado para atacar as massas operárias, essas, sim, massas no sentido mais correto do termo, isto é, a maioria da população, que é formada pela classe operária. Os capitalistas impulsionaram o fascismo quando lhes foi conveniente, colocaram Hitler e Mussolini no poder, manipulando as camadas de classe média e com o apoio destas.

Como que para provar sua tese de que o fascismo é produzido pelas massas, Mascaro afirma que as milícias fascistas teriam destruído os exércitos da Itália e da Alemanha. A realidade é oposta: os exércitos apoiaram intensamente as milícias, que foram formadas inicialmente por militares e ex-militares e cuja base era composta por elementos das Forças Armadas e das forças de repressão. Pior ainda, depois que o fascismo subiu ao poder, os capitalistas usaram o Exército para desmantelar e acabar com as milícias.

O fascismo conta com esse apoio das massas da pequena burguesia para se constituir, mas o fascismo só se constituiu plenamente como tal quando se integrou ao aparato governamental do Estado burguês.

Segundo Mascaro, o Brasil estaria à beira do fascismo, pois o povo brasileiro já estaria com a mentalidade fascista, ou, nas palavras dele, “produzindo fascismo”.

Toda essa argumentação serve para justificar uma ideia que tem sido difundida entre a esquerda brasileira. A ideia de que o povo é fascista, ou seja, que a culpa de tudo de ruim o que está acontecendo é do povo brasileiro.

Eis uma concepção reacionária porque joga no povo a culpa pelas atrocidades cometidas pela burguesia. No final das contas, a burguesia brasileira, que deu o golpe, que soltou nas ruas os coxinhas de extrema-direita, que prendeu Lula, que elegeu Bolsonaro, que sustentou Bolsonaro no poder, é inocentada por Mascaro.

Não se considera a luta de classes, não se consideram os interesses da burguesia. Não leva em consideração que a burguesia e o imperialismo contam com uma máquina gigantesca para impor a sua vontade. Ignora a ação do Judiciário e da imprensa golpista, por exemplo. Para Mascaro, o povo é o culpado e, se é assim, o Brasil está perdido.

Se a esquerda adotar a ideia de Mascaro, teria que se apoiar no Exército para combater o fascismo. Formulada assim, a ideia é absurda, mas é exatamente a conclusão lógica do que fala Mascaro. Segundo Mascaro, “metade do Brasil está à beira do fascismo”, se é assim, como combater o fascismo? Se não podemos mobilizar o povo, porque o povo é fascista, oremos pelas Forças Armadas!

Para a burguesia, é ótimo que o povo ache que a culpa pelo fascismo é dele mesmo, assim não há reação, ou até, quem sabe, o povo se mate, cada um achando que o outro é fascista. E a burguesia e suas instituições ditatoriais continuam a exercer tranquilamente o verdadeiro fascismo.

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