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“Fascismo”, “fascismo”!

O medo leva a esquerda a pular no colo dos seus inimigos

Em nome do combate ao fascismo, alimenta-se uma força verdadeiramente fascista e muito mais perigosa

“Não haverá a retomada do Brasil sem a imposição das instituições”, conclui Moisés Mendes sua coluna no Brasil 247. Essa frase resume o pensamento da esmagadora maioria da esquerda nacional nos últimos anos, particularmente após os acontecimentos da última semana.

O articulista aborda um caso específico ocorrido em meio aos protestos bolsonaristas a favor da intervenção militar, depois da derrota de Bolsonaro para Lula no segundo turno presidencial.

Foi quando o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, sofreu hostilidades em uma cidade de Santa Catarina. Segundo Mendes, “a agressão foi dirigida ao STF e ao Judiciário” como um todo.

Então, Mendes denuncia as hordas bolsonaristas e sai em defesa de Barroso, do STF e das instituições. Como dissemos, essa é uma posição compartilhada por quase toda a esquerda nacional. Acreditam que o inimigo é Bolsonaro e ponto final. Todos os outros são aliados na luta contra “o fascismo”. Inclusive aqueles que colocaram “o fascismo” no poder.

Barroso e o STF não precisam da solidariedade da esquerda. Eles já têm todo o apoio da imprensa burguesa, de quase todo o aparato estatal e dos grandes capitalistas nacionais e internacionais ─ afinal de contas, não passam de fantoches em suas mãos.

Ao tomar posição em defesa de um contra o outro, a esquerda demonstra que não entende que estão intimamente ligados. E que, geralmente, o lado que defende é ainda pior do que o que se denuncia. O STF, além de ter preparado todo o terreno para a chegada de Bolsonaro ao poder e o crescimento dos bandos bolsonaristas ─ com a farsa do julgamento do Mensalão, o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de Lula ─, é quem mais tem trabalhado para a implantação de uma ditadura no Brasil. Muito mais do que qualquer bolsonarista pé-de-chinelo. Mais do que o próprio Bolsonaro.

A censura generalizada, que começou com os bolsonaristas e foi parar no alvo principal ─ a esquerda, como é o caso do PCO e de diversas contas petistas nas redes sociais ─ é apenas a ponta do Iceberg. Alexandre de Moraes declarou, aproveitando as manifestações bolsonaristas, que quem se manifestar contra o resultado eleitoral e as instituições será tratado como criminoso. Ora, questionar o resultado das eleições é algo totalmente legítimo. Afinal de contas, a esquerda poderia muito bem denunciar que Lula venceu apesar de ser prejudicado por um enorme golpe eleitoral com compra de votos, coação patronal e bloqueio de estradas pela PRF. Tudo isso justificado por Moraes, que considerou cinicamente que, apesar das evidências, nada disso atrapalhou o voto dos eleitores.

Abre-se, ainda, precedente perigoso para o Judiciário considerar qualquer manifestação que bloqueie estradas como “ato criminoso”, o que incidiria principalmente sobre os movimentos sociais como o MST e as greves operárias, que utilizam tal método tradicionalmente.

O mesmo ocorre quando pessoas de esquerda pedem para a polícia reprimir tais atos. Não é a polícia o maior inimigo das manifestações populares? Não é ela adversária ferrenha da própria esquerda e dos trabalhadores?

A “imposição das instituições” não servirá para garantir democracia nenhuma. Servirá para estabelecer uma verdadeira ditadura contra o povo, mesmo em um governo Lula. Afinal de contas, não é porque foi eleito que Lula será aceito de bom grado pela burguesia golpista que controla essas mesmas instituições. Lula terá o controle ─ e não sabemos até que ponto ─ somente do Executivo. Todas as outras instituições continuarão nas mãos dos golpistas e direitistas de sempre. Dilma esteve no controle do Executivo e mesmo assim as tão democráticas instituições a derrubaram ilegalmente para impor um regime político mais duro contra a população, que resultou na perseguição política, em leis antipopulares e na eleição fraudulenta de um presidente de extrema-direita apologista da ditadura militar e da tortura.

É melhor a esquerda abrir o olho para a realidade e deixar de ser medrosa. Porque em nome do combate a um inimigo, ela terminará por dar todos os poderes possíveis a um inimigo ainda mais perigoso. E ficará refém dele, sem condições de se livrar do verdadeiro fascismo.

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