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Henrique Simonard

Membro do Comitê Central do Partido da Causa Operária (PCO) e militante da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR). Redator do Dossiê Causa Operária e colunista do Diário Causa Operária.

Viva o nosso esporte

O futebol na minha vida

Aprendi desde cedo o que representa o futebol para nós, brasileiros.

Muitos urubus sobrevoaram a seleção até o fatídico jogo contra a seleção Croata. Não sei exatamente o que leva um brasileiro a torcer contra a seleção, mas você que torce ativamente contra, saiba o mal que está fazendo ao seu próprio país. O brasileiro é um povo muito simples e engenhoso, é preciso sê-lo quando se nasce em um país cheio de adversidades como o Brasil, e, apesar de tudo, feliz.  O nosso futebol, não por engano apelidado de futebol-arte, é fruto dessa engenhosidade e dessa alegria. É nossa cultura e tradição. A maioria de nós torce para os mesmos times que os pais e com memórias de irmos ao estádio desde criança. Esses momentos felizes torcendo no estádio, no sofá de casa, ou jogando bola, seja na rua ou na escola, são memórias queridas e muitas vezes desempenharam um papel muito importante no desenvolvimento dos brasileiros enquanto povo, ou do brasileiro enquanto indivíduo. Não tem como negar, temos conexão muito íntima e forte com o futebol.

Me lembro bem das idas ao estádio quando eu era criança. Meu pai me levava de transporte público até o Estádio Caio Martins, onde o Botafogo jogou como mandante durante um bom tempo. Atravessávamos a Baía de barca. Eu adorava andar de barca, sobretudo à noite. Me lembro de ver Botafogo X Coritiba no Caio Martins, em 2004, eu tinha 6 anos, o Botafogo ganhou de 4 a 1. Eu gostava do atacante Alex Alves, e lembro de um jogador com um nome esquisito, Schwenk. Também tenho as memórias do Maracanã lotado. Eu adorava cantar as músicas da torcida, o hino, fazer a ôla… Vi o Romário sofrer para tentar fazer seu milésimo gol contra Botafogo, foram dois jogos, teve até pênalti, mas o baixinho não conseguiu. Lembro de nomes como: Lúcio Flávio, Rui Cabeção, Zé Roberto, Diguinho, Jefferson, Sérgio Manoel, Jorge Henrique, e principalmente Dodo, o artilheiro dos gols bonitos.

Eu sempre ia com meu pai e meu irmão mais novo ao estádio. Quando meu irmão mais velho estava no Rio (morava fora, nos Estados Unidos) íamos os quatro. Em 2009, ano em que minha família foi morar no Canadá, meu pai não conseguia mais me levar a todos os jogos do Botafogo no Maracanã, não lembro se era porque os ingressos estavam caros e eu não tinha mais a idade para pegar a gratuidade, ou se estava muito ocupado com as coisas da mudança, ou se os jogos estavam acontecendo muito tarde. Talvez fosse uma combinação de tudo isso. Só lembro de ficar muito triste quando tinha jogo e eu não podia ir, e mais triste ainda com a ideia de não poder mais acompanhar o Botafogo após a mudança para o Canadá. Quando nos mudamos, minha relação com o futebol ficou um pouco abalada. Assistir jogos do Botafogo era um inferno, a transmissão, sempre pirata, era muito instável e dava mais raiva que qualquer outra coisa. Outro obstáculo nessa relação foi o inverno, que no Quebec dura dois terços do ano. Então, para jogar futebol eu e meu irmão dependíamos de uma quadra interna. Mesmo assim, jogávamos sempre que a oportunidade pintava, às vezes mesmo sem quadra a gente improvisava em algum lugar fechado. Pelo menos durante o verão dava para jogar até tarde, o sol, para compensar os meses deprimentes de inverno, só descansava lá pelas onze da noite.

Até no Canadá, um país mais conhecido pelo hockey e esportes de inverno, o futebol me trouxe muitas amizades. No meu primeiro dia em Quebec, meu pai levou a mim e a meu irmão para o campinho que tinha perto da minha casa, conheci um vizinho, Alexis, uma primeira amizade. Eu ainda não falava francês e ele tampouco falava o português, mesmo assim conseguimos jogar uma partida de futebol. Eu e ele contra Juca e meu pai, o resultado da partida já não lembro mais. Não ficamos grandes amigos, ele era mais velho e nos esbarramos poucas vezes depois, dependia muito de irmos até à casa dele que ficava em frente ao campinho, o que fazíamos com certa frequência, mas logo chegou o inverno e, se a memória não me falha, no verão seguinte estávamos mudando de casa e de bairro. Ainda no verão de 2009, quando chegou a vez de ir à escola, mais uma vez o futebol ajudou. No começo das aulas ainda não sabia falar o francês, mas assim que os meninos da minha turma descobriram que eu era brasileiro eles me chamaram para jogar futebol no recreio. François-Alexandre foi uma das minhas primeiras amizades mais duradouras. Era um camaronês que tinha um enorme talento para o futebol. Lembro dele tentando me ensinar umas palavras em francês e tentando aprender outras em português.

Fiz muitos amigos assim, jogando futebol. No parque Saint-Ursule, que ficava perto da minha casa, ou no time Les Caravelles onde joguei um tempo, a maioria sempre era imigrante: gente do Gabão, Sérvia, Congo, Argélia, Marrocos, Rússia e muito outros países. Esse esporte maravilhoso foi, durante toda essa época, um meio de socialização. Sempre que alguém descobria que eu era brasileiro me perguntavam sobre futebol, puxavam um assunto ou me convidavam para jogar.

Como todo menino brasileiro, meu sonho de infância era ser jogador, queria jogar pelo Botafogo e ser um atacante como o Ronaldo.

Mas chega de contar sobre minha vida. Eu não entendo quem torce contra a Seleção Brasileira, os nossos jogadores dão o sangue pela Seleção, querem conquistar o sonho de muitos brasileiros: ganhar uma Copa do Mundo, ser ídolo de uma geração. São todos rapazes de origem muito humilde que jogaram futebol na rua, mataram aula para jogar bola, e quando conseguiram chegar no profissional ganharam muito dinheiro. Claro que muitos, senão todos, ficaram deslumbrados com a quantidade de dinheiro que ganharam, mas na condição deles quem não ficaria? Atacá-los por causa disso, ou por posições políticas e intelectuais é muita hipocrisia, eles são jogadores, não políticos nem professores. Todos os jornalistas que tentam incriminá-los fizeram coisas e defenderam ideias muito piores. O Casagrande, que ataca nossos jogadores e cobra-os como se fosse um grande revolucionário, escreve para a Folha e trabalhou a vida toda para a Globo. Quer crime pior do que esse? Nossos jogadores, os melhores do mundo, com o sem o hexa, representam mais que qualquer coisa o povo brasileiro, um povo alegre, habilidoso e criativo, por isso são atacados pela imprensa. Não podem ser brasileiros, nem bom no que fazem, são atacados por dançar, driblar. É inveja! Inveja dos europeus por serem inferiores aos brasileiros num esporte que eles inventaram, e invejas dos jornalistas, sobretudo no caso do Casagrande, que nunca conseguiu ser grande coisa no futebol e usa o fantasma do falecido Sócrates para se promover.

Fiquei muito triste com a derrota da Seleção, mas sei que daqui a 3 anos e meio tem mais. Espero que os jogadores joguem com a mesma garra e não deem ouvidos à imprensa, que quase sempre é o adversário fora de campo.

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