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Um golpe bem dado

O caso Monark e a visão dos marxistas

O caso de Monark é um caso exemplar para abrir precedentes contra a pouco liberdade de expressão que exista no Brasil

Na terça-feira (8), a internet virou um verdadeiro esgoto, o apresentador do Flow Podcast, Bruno Aiub também conhecido como Monark, disse, em um programa ao vivo com centenas de milhares de pessoas assistindo, que na sua opinião seria democrático que o movimento nazista tivesse um partido legalizado. Nada de surpreendente vindo da parte de Monark, pois o apresentador é conhecido por suas posições liberais e democráticas no quesito a liberdade de expressão, mas a imprensa burguesa, e mais especificamente a Rede Globo, viu nisso uma oportunidade de acabar com um de seus maiores concorrentes. 

A jogada foi usar como massa de manobra a ensandecida turba identitária e ‘canceladora’ da internet. O linchamento virtual contra Bruno foi tão violento que, no mesmo dia em que o caso estourou, o apresentador teve que vender sua parte dos Estúdios Flow para seu sócio, na tentativa de prevenir uma falência súbita da empresa. Os Estúdios Flow comportam uma séria de programas de entrevistas e podcasts alcançando milhões de pessoas quase que diariamente, recentemente conseguiram a permissão de transmitir o Campeonato Carioca em um dos programas do estúdio, o Flow Sport Club. No dia da polêmica o estúdio perdeu todos os seus patrocionadores, Monark foi atacado por todas a imprensa burguesa o acusando de nazismo. Famosos que foram entrevistados pelo Flow pediram para que suas entrevistas fossem tiradas do ar, e mesmo quem nunca teve contato com o podcast atacou e condenou o apresentador. As acusações e os pedidos de encarceramento foram tantos, que própria extrema-direita não perdeu tempo e aproveitou a situação. Eduardo Bolsonaro trouxe à tona um projeto de lei seu visando a proibir o nazismo e o comunismo no Brasil, além de pedir a cassação de Kim Kataguiri (DEM-SP), do MBL, pois este estava no programa e concordou com as ideias de Monark. Jair Bolsonaro também,condenou Monark e suas redes sociais, e colocou o Procurador da República atrás de Bruno e Kim. 

Antes de entrar no mérito da campanha identitária é preciso avaliar se o que disse Bruno Aiub é digno de todos os ataques sofridos na internet? Primeiro, o acusam de apologia ao nazismo, essa acusação é falsa, completamente sem cabimento e desonesta. Há uma grande diferença entre defender que algo seja legal, como a legalização das drogas, ou como nesse caso que haja liberdade irrestrita para a formação de partidos, até mesmo o nazista, pois é isto que significa irrestrita, e querer que isso aconteça. O que Monark fez não foi crime, mesmo que seja, atualmente, ilegal criar um partido nazista no Brasil, querer que a lei mude é um direito democrático de todos garantido na constituição. O apresentador defendeu essa posição de maneira coerente com o que expressou previamente  em seus programas, ele é um apologista da mais ampla liberdade de expressão. 

Em segundo lugar, o pensamento marxista não está em oposição à liberdade de expressão, pelo contrário, os grandes marxistas sempre foram propagandistas das liberdades individuais, mas sobretudo da liberdade de expressão, justamente por entenderem muito bem as implicações do poder de censura do Estado. Sabiam que caso haja a prerrogativa de perseguir os indivíduos por algo que pensam o Estado indubitavelmente irá usá-la contra a classe trabalhadora e sua vanguarda, como aconteceu diversas vezes ao longo da história. 

O que dizem os marxistas?

Aqui cabe colocar algumas citações de Marxistas importantes para melhor explicar essa posição clássica do marxismo:

Sobre o assunto, Rosa Luxemburgo, líder social democrata e teórica importante do marxismo disse o seguinte: 

“Os social-democratas no nosso próprio país, assim como no mundo, defendem o princípio de que a consciência e as opiniões das pessoas são coisas sagradas e intocáveis” 

“Liberdade é sempre e apenas a liberdade para quem pensa diferente”

Vladimir Lenin, líder da Revolução Russa, uma dos maiores teóricos do marxismo disse o seguinte a respeito: 

Liberdade ilimitada de consciência, palavra, imprensa, reunião, greve e associação” Lenin

Trótski também sempre foi um defensor da liberdade de expressão, e ao contrário dos outros viveu para ver o nazismo se desenvolver e foi seu maior estudioso. Quando convocado pelo congresso dos EUA para prestar uma opinião sobre a proibição do nazismo e do partido comunista (o mesmo comandado pela URSS que estava o perseguindo e tentando calá-lo com a morte), Trótski deu a seguinte declaração:

A proscrição de grupos fascistas teria inevitavelmente um caráter fictício: como organizações reacionárias, elas podem facilmente mudar de cor e se adaptar a qualquer tipo de forma organizacional, uma vez que os setores influentes da classe dominante e do aparelho governamental simpatizam consideravelmente com eles e essas simpatias inevitavelmente aumentam em tempos de crise política.

[…] 

Nas condições do regime burguês, toda supressão dos direitos políticos e da liberdade, não importa a quem sejam dirigidos no início, no final inevitavelmente pesa sobre a classe trabalhadora, particularmente seus elementos mais avançados. Essa é uma lei da história. Os trabalhadores devem aprender a distinguir entre seus amigos e seus inimigos de acordo com seu próprio julgamento e não de acordo com as dicas da polícia.

Por fim, se nenhuma dessas figuras convencer a esquerda pequeno-burguesa resta uma citação do próprio Marx ironizando o fato da liberdade de expressão poder ser usada para coisas boas ou ruins. 

“A liberdade de imprensa é uma coisa ótima. Mas há pessoas más, que abusam da fala para contar mentiras, do cérebro para conspirar, das mãos para roubar, dos pés para desertar. Fala e pensamento, mãos e pés seriam coisas boas se não houvesse pessoas más para usá-los de forma errada! Nenhum remédio contra isso foi encontrado ainda.”

Uma turba histérica e cega em busca de sangue e a podridão da Globo

A pequena burguesia dita de esquerda mostrou seu verdadeiro caráter reacionário nesse episódio. Distorceram completamente a opinião de Monark, que já foi expressa diversas vezes. Há dois elementos por trás desses ataques, um é a rede Globo. 

A emissora que foi sempre líder de audiência se apropriando indevidamente de uma concessão por parte do Estado está vendo essa influência diminuir ano após ano. 2021 foi o pior ano da história da emissora. A Globo News chegou a ficar em segunda posição em audiência, coisa que nunca, ou quase nunca havia acontecido previamente. É um contra senso pensar que justamente na pandemia a televisão perdeu sue influência; justo agora que muitas pessoas ficaram quase 2 anos trancadas em casa. O maior “culpado” de tudo isso é a internet, e no caso do Brasil o programa de maior audiência da internet é justamente o programa de Monark. O fato do Flow Sport Club ter conseguido os direitos de transmitir o Campeonato Carioca recentemente mostra o quão ameaçada estava a Globo. 

Outro elemento envolvido é o lobby israelense. É conhecido que esse se trata do maior lobby do mundo. É dito que nenhum presidente nos EUA se elege sem esse lobby, estamos falando de um lobby feito não por uma empresa, mas por um Estado. Embora seja nitido que não haja um confronto direto entre Israel e o Flow Podcast, a fala de Monark foi um excelente pretexto para fazer uma propagando pró-Isarel no Brasil. No meio do cancelamento do Bruno, diversas associações judaicas poderosas foram pedir a público sua cabeça, e no mesmo dia o Flow fez um programa com o representante de Israel no Brasil. O programa claro foi uma propaganda de Israel e também das ideias reacionárias da burguesia imperialista, cujo o principal ideólogo sobre o assunto de liberdade de expressão é Karl Popper. Agora muito citado na internet pela pequena-burguesia, Popper é autor do paradoxo da tolerância onde explica que, para que haja tolerância entre ideias é preciso primeiro suprimir os intolerantes. Esse pensamento está expresso em seu livro A Sociedade Aberta e seus inimigos. 

Popper foi na juventude disse ter sido socialista, mas logo abandonou a ideia para juntar-se a escola austríaca de economia, cujos expoentes foram Ludwig Von Mises e F. A. Hayek. Mises foi ministro do regime fascista austríaco de Engelbert Dollfuss e Hayek, um grande defensor, entusiasta e propagandista de Augusto Pinochet. Junto a essas duas figuras, e somando-se Friedman, principal autor da ideologia neoliberal responsável pela devastação mundial da economia, fundaram a Sociedade Mont Pelerin. Essa associação de economistas criticava fortemente a política de Estado de Bem Estar Social que existia no mundo na época. 

Renegando completamente Marx e o marxismo, é daí que busca inspiração a esquerda hoje em dia. O caso de Monark é um caso exemplar para abrir precedentes contra a pouco liberdade de expressão que exista no Brasil, e a esquerda pequena-burguesa juntou-se a um amalgama histérico e sedento por sangue que segue em águas turvas as ordens disseminadas pela burguesia imperialista.

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