Nessa semana, em 18 de março, a pedido da Polícia Federal (PF), o Supremo Tribunal Federal (STF), através de seu ministro Alexandre de Moraes ─ o “Skinhead de toga” ─, suspendeu o aplicativo de mensagens Telegram. De origem russa, o aplicativo é acusado de abrigar grupos extremistas que distribuem Fake News e não quer atender às solicitações da justiça brasileira. Para censurar o aplicativo que sai do seu controle, a lei ─ interpretada conforme seus interesses políticos ─ é a ferramenta utilizada pela burguesia.
Segundo Francisco Brito Cruz, diretor do InternetLab,
Todos os aplicativos são abrigos de extremismo. Não dá para cravar que o Telegram é mais do que os outros. Mas o Telegram adotou postura diferente sobre pedidos de entrega de dados, pedidos de cooperação com autoridades. Nesse sentido, entre as maiores plataformas no Brasil, ele foge ao padrão porque não estabeleceu um time robusto de resposta a decisões judiciais ou de cooperação com autoridades legitimamente constituídas. É um aplicativo que se comporta de forma mais antagônica com a Justiça brasileira e de outros países onde ele está presente. Além disso, é um aplicativo muito bom para o ativismo típico dessas redes ligadas ao presidente, porque tem em seus canais uma moderação de conteúdo e uma aceitação de regras de termos de uso bem mais tímida do que qualquer outra dessas plataformas. O Telegram se apresenta como um lugar para quem pode ter medo da aplicação dessas regras se comunicar sem ser perturbado.
Ao lado de outros casos de censura, esse caso do Telegram é mais uma ação que está colocando em marcha um severo controle na liberdade de expressão da maioria da população, a qual nunca teve voz nos grandes meios de comunicação. Justamente agora, quando, independentemente das mensagens abrigadas nesses aplicativos serem falsas ou não, esses novos meios de comunicação ameaçam a hegemonia da TV Globo, Record, Bandeirantes e outros grandes difusores de mentiras e manipulações, começam a usar seu braço jurídico corrupto, o STF, para calar a população e manter o Golpe de Estado de 2016.
É revoltante que a marcha da insensatez e ditadura contra a liberdade de expressão está tendo o apoio da esquerda pequeno-burguesa, a qual, sem rumo, vem enterrando bandeiras históricas da esquerda e do movimento operário, contra o qual essa ditadura irá se intensificar.
Alegar que enquadrar o Telegram é calar as mentiras dos bolsonaristas ou a ação de supostos pedófilos (que estão de fato agindo às claras em todas as instituições burguesas) é um engano, pois o governo Bolsonaro é aliado dessas instituições que estão a serviço do imperialismo e da censura. O governo federal censurou por anos o filme Marighella. Recentemente fez o mesmo com um filme realizado há mais de 5 anos, o Como se tornar o pior aluno da escola. Artistas da MPB e youtubers também já fazem parte da lista, dentre outros casos.
É preciso apoiar a plena liberdade de informação do Telegram e de todos os aplicativos de mensagens e redes sociais, independentemente de difundirem mentiras ou não, pois sabemos que, para não haver dois pesos e duas medidas, para não sermos controlados pela burguesia, cujos meios de comunicação continuam liderando o ranking de mentiras e manipulações a favor desse regime decadente, devemos defender a liberdade de pensamento e expressão de forma irrestrita, total.