É notório que os norte-americanos não estavam preparados para a resposta da Federação Russa, e menos ainda para a desobediência dos países do sul global, quando foi decidido que o país de posicionaria incondicionalmente a favor da Ucrânia. Já somam cerca de 50 bilhões de dólares a ajuda financeira e militar enviada de Washington à Kiev, valor altíssimo principalmente se considerarmos que a inflação no país de Biden já chega a 8,2% e que a maioria dos analistas econômicos dá como certa uma grande recessão para 2023, isso só se agrava quando observamos que, mesmo após quase 8 meses desde que o conflito teve início, a Ucrânia apenas conseguiu perder territórios, sofrer danos em infraestruturas e gerar a maior crise de refugiados da história com mais de 10 milhões de pessoas saindo do país. Com as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos (midterms) que ocorreram na terça-feira (8) a expectativa é de que o país rache em termos ideológicos e que a ajuda à Ucrânia seja posta de lado, visto que os republicanos já anunciaram que vão encerrar a ajuda financeira caso conquistem maioria na câmara dos representantes, a qual contava com maioria democrata até então.
Esse resultado já era esperado pois o conflito que teve início em fevereiro já tinha um rumo definido desde o princípio, visto que estamos falando do segundo maior, mais poderoso e avançado exército do mundo. A Ucrânia nunca apresentou resistência ou ameaça perante o poderio militar russo. Tendo esse cenário em mente, mas, mesmo assim, sem querer perder o grande aliado no leste europeu e sabendo que não poderiam prestar socorro direto, pois entrariam em confronto com outra potência nuclear, os norte-americanos recorreram ao recurso de interferência mais notório da época da guerra fria que é o envio de armamentos, treinamento de soldados e ajuda financeira combinado com a arma que o império norte-americano vem utilizando para destruir países atrasados que representam algum perigo à sua hegemonia: as famigeradas sanções econômicas.
Porém, foi um erro de cálculo tratar a Federação Russa como um país fraco ou irrelevante. Mais da metade dos países do mundo não seguiram as sanções criminosas enquanto outros tantos países relevantes até aumentaram o comércio com a Rússia e diminuíram laços com os Estados Unidos e seus lacaios da OTAN como é o caso da China, Índia, Irã, Paquistão e do Brasil.
Fato é que a Federação Russa tem uma papel muito importante economicamente no mundo, na formação euroasiática, nas novas rotas da seda e no crescimento de países atrasados como um todo, o contexto atual fez muitos países pensarem com calma antes de acatar as ordens da Casa Branca de imediato, como vinha acontecendo desde os anos que seguiram a queda da União Soviética (1991) até então. O mundo e sua ordem geopolítica está mudando e a posição russa foi um golpe importante para fazer girar a engrenagem e despertar a desobediência daqueles que cansaram de se ajoelhar.