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A esquerda e o imperialismo

Na guerra da Ucrânia é PCO e José Dirceu contra rapa

Nesta guerra, aquele que se omite na luta dos oprimidos contra seus opressores se coloca, na realidade, na defesa da política do imperialismo

A ação russa na Ucrânia está perto de completar um mês. Durante todo este período, as tropas vêm derrotando posto após posto do exército ucraniano e das milícias nazistas, quebrando de forma crucial o governo que se tornou o campo de treinamento da extrema-direita internacional e plataforma de lançamento das forças imperialistas. Diante desta situação, vem ficando cada vez mais clara a organização e amplo apoio do imperialismo e das tropas da OTAN a organização das milícias nazistas no país, que aos poucos vai demorando devido à ação russa. Não é apenas na Europa que as revelações são feitas, mas também, na esquerda pequeno-burguesa brasileira, que cada vez mais, assume uma política de frente única com o imperialismo e as milícias nazistas, contra o “ditador do russo”.

É nesta política do “bem” contra o “mal” que o jornalista Milton Blay, colunista no blog 247, afirmou que a favor da Rússia está apenas o Partido da Causa Operária e José Dirceu, tornado uma espécie de ogro da esquerda brasileira.

E o imperialismo?

Segundo seu artigo, “a invasão da Ucrânia pela Rússia vai deixar feridas profundas na esquerda brasileira”. Para o autor, após uma “rara unanimidade no enfrentamento ao nazifascimo bolsonarista” setores da esquerda abandonaram “os valores de esquerda para se jogar de corpo e alma num antiamericanismo cego”. Milton Blay complementa afirmando que “o anti-imperialismo serviu de justificativa à guerra e até as atrocidades onipresentes nos conflitos armados”.

Todos os seus argumentos giram em torno de que uma organização de esquerda deveria se opor totalmente à guerra, como supostamente uma política “tradicional”. Será mesmo essa a política que a esquerda deve adotar: o pacifismo? Qual é a verdadeira política tradicional da esquerda?

Milton Blay desconsidera completamente a existência de um fator determinante, fundamental, na definição da política da esquerda na atualidade: a existência do imperialismo mundial. A luta contra o imperialismo é a questão-chave em torno da qual toda a esquerda deve se posicionar diante de uma guerra– da vanguarda comunista da classe operária até os setores que se consideram democráticos e progressistas.

Ao contrário do que tenta explicar o articulista e parte da esquerda pequeno-burguesa brasileira, o caráter mais ou menos direitista deste ou daquele governo não é o determinante numa guerra. A luta contra o imperialismo internacional, o maior inimigo de toda a classe operária mundial, é que deve ser considerada.

No mundo há países imperialistas, isto é, grandes monopólios capitalistas que repartiram o território do planeta entre si e fizeram dos países mais pobres e atrasados suas colônias e semicolônias. A burguesia de países atrasados como o Brasil ou a Rússia é uma classe ao mesmo tempo exploradora e explorada, que simultaneamente oprime a classe operária e é oprimida pela burguesia imperialista. Um governo, seja ele fascista ou democrata, em um país atrasado é oprimido pelo imperialismo.

A intervenção militar russa na Ucrânia nada mais é que uma resposta do governo russo às provocações do imperialismo que vêm se aprofundando há mais de uma década por meio do crescente cerco da OTAN à Rússia.

A Ucrânia depois do golpe

O imperialismo tentou fazer da Ucrânia um enclave na fronteira com a Rússia lançando mão de um golpe de Estado em 2014. Milton Bay vê como “abominável” a ideia de que a Ucrânia sempre foi na realidade parte da Rússia, ignorando toda a história deste país. Além disso, quando se refere a “farsa da desnazificação” passa a fazer coro com a imprensa imperialista de que o problema do nazismo, forças milicianas impulsionadas pelo imperialismo que vem massacrando a população russa e os trabalhadores ucranianos em todo o território, nada mais são que um fator “secundário”.

Na realidade, a desnazificação anunciada por Putin é parte fundamental do plano de ação russo na Ucrânia e não uma peça de propaganda, tal como acusam o governo russo. São justamente os nazistas as principais forças do imperialismo na região, estes mesmos nazistas, que armados com armas químicas, vem promovendo uma verdadeira ditadura fascista no país, anti-comunista, anti-Rússia, e pró-imperialismo.

O governo Putin é de extrema-direita?

“A realidade é outra, a Rússia de hoje é de extrema-direita (…) Vladimir Putin é o maior financiador dos partidos europeus de extrema-direita” destaca Milton Bay. Segundo o articulista, Putin “é nazifascista”, um “déspota hiper-reacionário”, entre outros adjetivos típicos da propaganda imperialista contra as “ditaduras” que os mesmos combatem.

O governo de Vladmir Putin, por outro lado, vem se caracterizando como um típico governo nacionalista burguês e que se tornou um obstáculo para os principais interesses do imperialismo na região. Seu governo está longe de ser uma ditadura fascista, mas sim um governo nacionalista de acordo, com uma série de concessões feitas à classe operária russa, que desde o fim da URSS atravessa a profunda crise decorrente do golpe e da restauração capitalista de 30 anos atrás. É possível perceber esta política nos grandes comícios realizados por Putin neste último mês, se deslocando cada vez mais à esquerda e promovendo inclusive a política de estatização de empresas imperialistas.

A quem serve a posição pacifista?

Bay ainda cita as posições de organizações da esquerda brasileira, em especial o PT e o PCO. Atacando um dos principais nomes petistas, José Dirceu, perseguido pelos golpistas, como também ao Partido da Causa Operária, Milton Blay afirma que é preciso ser conta a esquerda “paleozoica”, que “não se oxigenou”.

A partir deste momento, Blay inverte sua argumentação, e saindo da “defesa tradicional da política de esquerda” no início de seu artigo, passa a defender uma esquerda “oxigenada” para um novo momento.

Comparando as posições de José Dirceu e do PCO com as do ditador Ernesto Geisel, o articulista busca explicar que o correto seria ter uma terceira posição, nada de OTAN, mas também nada de Rússia! Uma posição de paz, bela e pura, contra tudo que há de maldade do mundo, sobretudo a maldade russa contra os pobres nazistas ucranianos.

Como em toda a esquerda pequeno-burguesa, a posição de “paz” termina por ai. A dita terceira opção, de fato, não existe no mundo real, tornando todo este discurso uma completa farsa e um encobrimento da política do imperialismo.

No mundo real não há três forças em luta, mas sim duas, a da defesa nacional de um país oprimido (Rússia) contra o avanço da OTAN e de todo o imperialismo. Nesta guerra, aquele que se omite, ou seja, se omite na luta do opressor contra o oprimido, passa a defender de forma velada a política do imperialismo.

Nesta luta, o Partido da Causa Operária, José Dirceu e outros setores ainda minoritários no meio da esquerda adotaram a única posição que corresponde à defesa da classe operária, dos setores oprimidos, a única que abre uma via para a mobilização e a luta contra os maiores inimigos do progresso da humanidade. Esta posição pode ser minoritária no momento, mas à medida que a crise do imperialismo avançar e se aprofundar, à medida que o conflito entre o imperialismo e os países atrasados se tornar mais agudo, os setores mais conscientes prevalecerão. Não importa se, de momento, o que vemos é uma partida entre PCO e José Dirceu contra rapa.

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