Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Política internacional

Um réptil dos grandes conspiradores do planeta

Em artigo publicado no Poder360, "pesquisador" Hamilton Carvalho se deita no chão e pede para que o imperialismo lhe faça de carpete

Um cidadão chamado Hamilton Carvalho, que se diz pesquisador de “problemas sociais complexos”, bem que merecia ganhar um Prêmio Nobel. Não por ter realizado alguma contribuição significativa para a humanidade, como o fez Albert Einstein ao descobrir a lei do efeito fotoelétrico, mas sim por ser um capacho dos grandes monopólios internacionais, como o é Narges Mohammadi, agraciada por sua contribuição à campanha de provocação contra a República Islâmica do Irã. No texto Teorias da conspiração são todas parentes, publicado pelo Poder360, o dito “pesquisador” faz um inútil e grotesco esforço para tentar fazer da contestação à ditadura mundial do imperialismo uma espécie de doença social.

Sem explicar propriamente do que se trata, Carvalho apresenta as “crenças conspiratórias” como um grande problema para a humanidade, responsável por “consequências” nas quais se incluiriam até mesmo mortes.  Já que o pesquisador é tão rigoroso que sequer define o objeto que se propõe a analisar, vejamos então o que o Dicionário Caldas Aulete diz sobre a ação de “conspirar”:

“1. Ação ou resultado de conspirar, de formar plano contra interesses políticos ou econômicos de alguém poderoso, ou dos governantes; CONLUIO; TRAMA

2. Trama ou combinação que se arma secretamente contra alguém.”

Uma “crença conspiratória” seria, portanto, a crença de que, no mundo, existem planos secretos contra pessoas e contra governos. Dito de outra forma, um mundo sem “crença conspiratória” seria um mundo em que todas as pessoas creem que as sociedades funcionam sem qualquer plano escuso. Que tudo acontece “às claras”. Por mais idiota que o autor possa ser, nem mesmo ele acredita nisso.

O que foi o golpe militar de 1964, quando um grupo de militares tomou o poder e depôs forçosamente o presidente da República à época? Não foi o resultado de uma conspiração? Esses senhores não se reuniram regularmente, avaliaram a situação e planejaram o que seria feito? Seria uma “crença conspiratória” pensar que os militares conspiraram contra o governo e contra o povo brasileiro?

Esse mesmo golpe militar depôs um presidente nacionalista, apoiado pelo movimento operário e popular, comprometido com um conjunto de reformas, e deu lugar a um regime que perseguia as lideranças populares e cuja política foi instantaneamente alinhada à dos Estados Unidos. E não foi por acaso: “documentos desclassificados” dos próprios sistemas de inteligência dos Estados Unidos revelariam a participação direta dos norte-americanos no golpe. É bastante conhecida, por exemplo, a Operação Brother Sam, que visava criar, pela Marinha norte-americana, uma retaguarda caso o golpe encontrasse dificuldades de ser executado. Seria, então, uma “crença conspiratória” pensar que os Estados Unidos estavam por trás da derrubada do governo à época?

A ideia por si só de que as crenças conspiratórias deveriam ser rechaçadas é ridícula. O próprio Hamilton Carvalho sabe que não é possível sustentar a ideia de que não haja conspirações. Por isso, embora não declare abertamente, o seu texto procura se opor a “algumas” conspirações:

“Isso não quer dizer, obviamente, que não tem sacanagem no mundo, que indústrias (como a do tabaco) não manipularam pesquisas e conclusões, que vírus não possam surgir em vazamentos de laboratórios etc. A questão, assunto do dia, é a certeza de conspiracionistas sobre a presença de forças ocultas e manipuladoras por trás de diversos eventos de repercussão global.”

Trata-se de um critério realmente inacreditável estabelecido por nosso “pesquisador” de “problemas sociais complexos”. Segundo ele, as conspirações – ou melhor, as “sacanagens” – só aconteceriam em casos de menor importância. Afinal, só valeria à pena o esforço de organizar toda uma infraestrutura clandestina para conseguir pequenos resultados políticos, e não grandes resultados! É um contrassenso em si.

É óbvio que se há “sacanagens” em um campeonato de várzea, haverá muito mais “sacanagens” na Copa do Mundo. O primeiro vale uma medalha de latão para o vencedor; o segundo, talvez até trilhões de reais. Se há conspirações em países de terceira linha na política mundial, como o Congo, por que não haveria conspirações nos Estados Unidos? Ou, melhor: por que a sede das conspirações globais não seria justamente nos Estados Unidos?

Está mais que óbvio a que serve a tese de Hamilton Carvalho. Para ele, as grandes conspirações são justamente as que não existem. O que revela que ele não passa de um defensor, consciente ou não, das grandes conspirações que existem no mundo. Carvalho seria mais honesto se, em vez de negar a existência das grandes conspirações, defendesse abertamente elas. Afinal, há conspirações positivas e negativas. A conspiração que resultou na derrubada do governo fantoche de Mohamed Bazoum, no Níger, por exemplo, é positiva para a esmagadora maioria da população nigerense e da população mundial. A conspiração que resultou no estabelecimento de um regime nazista na Ucrânia, no entanto, é negativa para a esmagadora maioria da população ucraniana e da população mundial.

Carvalho é incapaz de estabelecer um critério porque isso implicaria em dizer: toda conspiração é boa, desde que ela sirva aos interesses de um punhado de empresas responsáveis pela miséria, pela fome e pelos genocídios mundo afora. É um critério inconfessável.

Por isso, o “pesquisador” foge de um critério simples, que é o critério de classe, e parte para critérios “complexos” – leiam-se, farsescos. Segundo ele, não mereciam ser rechaçadas as conspirações que tiverem uma espécie de “algoritmo”. Isto é, que tenham um “jeito” de serem irreais. Trata-se, obviamente, de um critério abstrato e subjetivo, que serve justamente para desviar do único critério razoável, que é o de que a quem a conspiração serve.

Uma vez mais, nosso pesquisador rigoroso não surpreende e não explica como seria esse algoritmo. Ele, no entanto, fornece duas informações valiosas sobre o tal “algoritmo”.

A primeira é a de que, por si só, as seguintes “crenças conspiratórias” não mereceriam qualquer crédito:

  • Um grupo poderoso e secreto de elites internacionais, referido como a Nova Ordem Mundial, controla e manipula muitos governos, organizações de mídia, bancos e empresas do mundo.
  • Agentes de alto nível do governo dos EUA sabiam antecipadamente que o ataque de 11 de setembro ao World Trade Center estava prestes a ocorrer.
  • O vírus que causa a Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) foi desenvolvido secretamente como uma arma biológica.
  • A alegação de que o clima da Terra está ficando mais quente por causa das emissões de combustíveis fósseis é uma farsa promovida por cientistas inescrupulosos cuja subsistência depende do contínuo apoio financeiro para suas pesquisas.

Como se pode ver, aquilo que ele considera que jamais poderia ser classificado como uma conspiração, pois não passaria de ser uma “crença”, não é refutado por qualquer fato. Pelo contrário: há fatos que tornam algumas dessas “crenças” bastante verossímeis. Há ou não famílias extremamente ricas e poderosas determinantes para a tomada de decisões na política mundial? Se uma única pessoa, como Elon Musk, foi capaz de influenciar na mudança de regime na Bolívia por seus interesses econômicos, o que dirá de uma família tradicional inteira, como a Rockfeller? Há ou não armas biológicas no mundo? Há ou não cientistas financiados por monopólios cujo último interesse seria o de promover o bem da humanidade?

Para o autor, portanto, a existência ou não de uma conspiração não dependeria dos fatos. Dependeria de ela “parecer” ser absurda ou não. Mas se o critério mais objetivo para determinar se algo é ou não absurdo são os fatos, qual o critério então que o “pesquisador” utiliza? Ora, o senso comum! O oposto da ciência. Hamilton Carvalho não admite, mas o único critério dele é o que é dito na imprensa imperialista, o que é dito pelos “cientistas” paparicados pelo imperialismo e o que é defendido pelos partidos financiados pelo imperialismo. Isto é, a maior fonte de conspirações do planeta seria o critério para estabelecer o que é ou não conspiração para nosso brilhante pesquisador.

A segunda informação sobre o “algoritmo” é a de que “o conspiracionismo, mostra a literatura, é um combo. Antivaxxers costumam desconfiar do aquecimento global, por exemplo. Ninguém solta a mão de ninguém: a coisa toda vai além do nível individual“.

Em seu esforço para ignorar a existência do imperialismo, Hamilton Carvalho chega a uma ideia realmente estúpida. O fato de uma mesma pessoa acreditar que o imperialismo tenha mais de um plano secreto para defender seus interesses escusos seria a prova da inconsistência das “crenças” dessa pessoa. Seria a prova, segundo ele, de que haveria um “algoritmo” em comum às diversas “crenças conspiratórias”.

Há, de fato, algo comum entre as conspirações que o autor considera que não existam. Mas nada tem a ver com “algoritmo”. O que as une é o fato de que, por trás da esmagadora maioria delas, está o mesmo agente: o imperialismo. Assim, pela própria experiência prática, se alguém se dá conta de que o governo de seu país foi derrubado pelos norte-americanos, é mais fácil que se dê conta de que o governo no país vizinho foi derrubado por eles. Alguém que descubra que o imperialismo foi capaz de falir uma empresa de automóveis brasileira por ter carros mais competitivos que as grandes montadoras, também acreditará que a indústria de seu país não se desenvolve por causa das sanções impostas pelo mesmo imperialismo. E por aí vai.

O “pesquisador” que nada pesquisa, nem define, mas apenas reproduz a propaganda reacionária do imperialismo, não desvendou nenhum “problema social complexo”. Pelo contrário, tenta confundir as pessoas sobre algo muito simples: os piores inimigos da humanidade, responsáveis por guerras, golpes de Estado, perseguições e destruições de economias inteiras, são os grandes monopólios imperialistas. É contra ele que o mundo inteiro deve se voltar.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.