Método reacionário

Moralismo favorece a direita e não enche a barriga de ninguém

Imitar a direita só pode favorecer a própria direita

Bolsonaro canibal

A chegada do segundo turno das eleições presidenciais intensificou a baixaria. Da parte dos bolsonaristas, nenhuma novidade. Esse sempre foi o método da política burguesa. O que impressiona é que a campanha de Lula e do PT decidiu usar os métodos bolsonaristas e partir para todo o tipo de acusação moral contra o adversário. Após ter passado quatro anos repetindo a ideia falsa de que Bolsonaro foi eleito por conta das “fake news”, aplaudindo a censura e a repressão em nome do combate a elas, setores da esquerda pequeno-burguesa repetem a fórmula bolsonarista, ou pelo menos tentam.

Nesses últimos dias, apenas para lembrar de alguns casos, foram apresentadas contra Bolsonaro as acusações de que ele seria maçom, canibal e, agora, pedófilo. Tudo isso sem nenhuma base real, apenas a pura manipulação de vídeos e informações pinçadas aqui e ali. Chegaram ao extremo de apresentar um vídeo onde o deputado mais votado de Minas Gerais, Nikolas Ferreira, apareceria fazendo sexo oral em outro homem. O personagem do vídeo não era o deputado eleito, nem por isso alguns “apoiadores” da campanha de Lula se abstiveram de apresentar tal “fato”.

Será que essa política é eficaz para vencer o bolsonarismo?

Em primeiro lugar, é preciso dizer que essa política de acusações morais contra os adversários é uma besteira. Ninguém minimamente sério mudará seu voto por causa disso. Mas a idiotice, neste caso, é o menor dos problemas.

O moralismo é uma prática da direita, que se utiliza desse expediente para desviar a atenção dos problemas reais, ou seja, daqueles que dizem respeito aos interesses materiais do povo. A burguesia não quer resolver essas questões, por isso transforma o debate político em acusações morais. Os problemas morais não são reais, não podem ser resolvido pela política. Falar em pedofilia, canibalismo, machismo, feminismo etc, pode mobilizar apenas uma parcela da população que se deixa enganar pela propaganda. O que o povo precisa, de fato, é saber como serão solucionados seus problemas sociais, econômicos e políticos. A tarefa da esquerda sempre foi o de conscientizar a classe trabalhadora da causa desses problemas: a burguesia; e da necessidade de combatê-la e derrotá-la.

O argumento da esquerda que aposta na política moralista é o de que seria necessário ganhar a eleição a qualquer custo.  No entanto, o único resultado desse tipo de campanha será o de fortalecer a direita. Isso porque a campanha do PT não está nada mais do que repetindo os métodos do adversário, ou seja, entrando num terreno no qual o outro é muito mais eficiente. É a direita quem tem a máquina e o controle das redes de comunicação, com os quais consegue impor as mentiras e sua política moralista.

O combate à corrupção é a típica campanha moralista. Lula e o PT foram alvos de um bombardeio intenso de mentiras e calúnias que serviu como suporte para a derrubada do governo Dilma  e prisão do ex-presidente. A direita conseguiu esse resultado porque usou toda a sua máquina de propaganda, as instituições do regime, o Judiciário, a polícia, a grande imprensa; tudo estava voltado para atacar o PT. Até hoje, Bolsonaro deita e rola repetindo as acusações canalhas de corrupção contra Lula. A esquerda e o PT não chegam nem perto de ter essa força toda, que é necessária para levar adiante uma campanha moralista.

Ao entrar no terreno das acusações morais, o PT está fortalecendo a política do adversário.

Esse método enfraquece e desmoraliza a militância da esquerda, é importante dizer, justamente porque impulsiona uma política reacionária. Ao dar importância a determinados problemas morais, a esquerda, em vez de combater, está reforçando preconceitos na população.

O ponto de partida dessa ideia é o mesmo da direita: o povo é burro e você precisa apelar para esses preconceitos para conseguir algum resultado.E mesmo que esse método seja bem-sucedido, o ganho será apenas imediato. No longo prazo, é a direita quem ganha, pois o ambiente político estará contaminado pelo moralismo e tendências reacionárias.

A campanha de Lula precisa ser combativa, não há dúvidas disso. Mas só será verdadeiramente combativa se trouxer para o debate as questões fundamentais da política. Ao invés de ataques inócuos de cunho moral, a esquerda deve desmascarar Bolsonaro evidenciando aquilo que ele tem de mais nocivo para o povo: a política neoliberal, os ataques contra os direitos trabalhistas, contra a Previdência. É preciso denunciar as privatizações, defender a Petrobrás. E, sobretudo, mostrar que Bolsonaro é o candidato da burguesia que quer matar o povo de fome.

Lula e o PT, para atacarem o imperialismo e a política neoliberal dos golpistas, precisam romper com os direitistas da campanha, Alckmin, Meireles e cia.

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