Os últimos atos públicos em que Lula esteve presente tiveram uma mudança de qualidade sensível em relação aos comícios do primeiro turno. Muito chamou a atenção a mobilização em Belo Horizonte, onde a única cor a ser vista era o vermelho — as bandeiras verde-amarelas simplesmente desapareceram —, bem como a caminhada de Lula junto ao povo. As manifestações em São Bernardo do Campo, em Campinas, no Rio de Janeiro e em Salvador também apontaram essa tendência.
A ideia de levar Geraldo Alckmin, Márcio França e demais figuras sinistras da direita para os comícios da campanha petista se mostrou um fracasso total. Não fosse o prestígio de Lula perante as massas, os direitistas muito provavelmente sairiam vaiados, xingados e até agredidos do palco. Mesmo saindo relativamente ilesos, tais figuras cumpriram um papel importante de sabotagem à candidatura de Lula. Afinal, o trabalhador que vê em Lula uma ferramenta para derrotar o golpe de Estado e reverter a política neoliberal, ao ver Geraldo Alckmin falando, rapidamente perde o interesse em fazer campanha.
Junto a isso, outro desastre comprovado foi a política de colocar catracas e detectores de metal nas entradas dos comícios. Sob o pretexto de garantir a “segurança” do ex-presidente, a organização da campanha foi responsável por provocar filas imensas e até mesmo a proibir, em vários lugares, que os partidos e o movimento popular entrasse com suas bandeiras, uma vez que os mastros — pasmem — poderiam se converter em armas brancas!
Felizmente, no segundo turno, essas questões começam a ser superadas. E o resultado foi imediato: quando Lula decidiu trancar Alckmin e os demais sanguessugas em um baú e se juntou às massas, as manifestações adquiriram um caráter muito mais radical e classista. Esse é o caminho do enfrentamento, da polarização. O único caminho, portanto, que poderá levar à vitória no segundo turno contra Bolsonaro e o conglomerado cada vez maior de setores da burguesia que o apoiam.
Apesar do avanço da campanha, que merece ser reconhecido, é preciso destacar que isso se trata apenas de uma tendência, e uma demonstração do potencial que a campanha tem. É preciso que o esforço feito até agora se converta em uma verdadeira campanha de massas.
O que as mobilizações demonstraram é que há uma grande quantidade de pessoas dispostas não só a votar em Lula, mas a lutar para que ele se eleja. Pessoas que estão dispostas a sair com as bandeiras da campanha, a sair de vermelho na rua e fazer o que for possível para vencer o pleito.
A tarefa do momento, portanto, é envolver todas essas pessoas na campanha. Não basta se reunir apenas quando Lula visitar a cidade em que moram. É preciso organizá-las para ir em todos os bairros de todos os municípios e disputar o voto.
Lula presidente!