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COP 27

Lula: ricos causam o problema do clima e os pobres pagam por ele

O discurso do presidente eleito no Egito deixa claro a sua posição, os países ricos devem pagar pela crise ambiental e não devem ter o controle da Amazônia

O discurso de Lula na COP 27, a Conferência da ONU sobre o clima, foi um dos mais esperados de todo o evento. Ele foi convidado antes mesmo de assumir o cargo de presidente do Brasil, mas já assumindo uma postura de quem será o governante nos próximos 4 anos. Lula não se coloca como um serviçal do imperialismo no evento internacional, pelo contrário ele afirma a posição do Brasil, uma continuação do que foi o seu governo até 2010, algo que tende a se radicalizar na atual conjuntura de crise internacional do capitalismo.

Ao subir do palco, dando um fim ao período de 12 anos pelo qual não foi presidente do Brasil, já é possível ver que os países oprimidos já esperam que o presidente eleito se coloque como uma de suas principais lideranças. É nesse ponto que Lula se coloca de forma clara, culpando os países imperialistas pelos problemas ambientais e deixando claro que é preciso manter a luta contra a pobreza, ou seja, a luta em defesa dos trabalhadores para que de fato existe uma luta em defesa do meio ambiente.

A primeira crítica de Lula se dá em relação às guerras: “Gastamos trilhões de dólares em guerras que só trazem destruição e mortes, enquanto 900 milhões de pessoas em todo o mundo não têm o que comer.” Aqui está a primeira pontada no imperialismo, que todos sabem é o responsável pelas guerras intermináveis e que é o único que tem a capacidade de gastar trilhões de dólares em qualquer coisa. É o tom geral do discurso de Lula, uma crítica moderada, porém clara, ao imperialismo.

Essa questão das guerras só é comentada rapidamente, logo Lula passa para o outro ponto principal de seu discurso, a divisão do mundo entre os países ricos e os países pobres, em suas palavras. Ele afirma com todas as letras que o “problema criado em grande medida pelos países mais ricos, mas que atinge de maneira desproporcional os mais vulneráveis.” A ideia de Lula está correta, foram os países ricos, isto é, os países imperialistas que destruíram e que seguem destruindo o meio ambiente.

Ele pontua em outros momentos que as nações ricas têm a obrigação de ajudar as nações pobres e que promessas feitas em COPs anteriores não foram cumpridas. A questão de classe também é ressaltada “a luta contra o aquecimento global é indissociável da luta contra a pobreza e por um mundo menos desigual e mais justo.” Lula acerta outra vez destacando a necessidade de erradicar a pobreza antes de se resolver qualquer problema.

O seu erro é ter a crença de que é os países imperialistas têm alguma possibilidade de ajudar as nações oprimidas. O imperialismo está disposto a destruir nações inteiras, investir trilhões em guerra como Lula afirmou, derrubar governos nacionalistas como o da presidenta Dilma. Esses eventos são em grande parte fachadas e a própria questão do clima é uma ponta de lança do imperialismo. As posições nacionalistas de Lula são boas por afirmar o Brasil como uma liderança nacional, mas seu aspecto muito solene esconde a farsa que é o evento da COP27 em si.

A questão da Amazônia é tratada de uma forma parecida. Lula defende a política correta de soberania nacional, tanto do Brasil quanto das demais nações amazônicas da América do Sul, inclusive defendendo a integração destas nações. Ele defende que é possível que haja parcerias mas que é necessário que o Brasil mantenha a liderança soberana sob tudo em seu território. E defende que a COP30 seja realizada em território brasileiro na Amazônia como forma de projetar a política do Brasil internacionalmente.

Nesta, que é a política essencial, Lula acerta. Contudo, seu discurso não combate como um todo a política imperialista para o território amazônico. A política de desmatamento zero é vem direto do imperialismo como forma de impedir o desenvolvimento econômico do Brasil. A defesa do agronegócio sustentável é algo confuso, o latifúndio é o grande inimigo do meio ambiente, mas, muito mais importante, inimigo dos trabalhadores rurais e dos indígenas. Esse aspecto do discurso enfraquece a defesa de Lula da amazônia e abre margem para os falsos nacionalistas o acusarem de petitas.

Mas há um momento em que o discurso de Lula acerta em cheio, em seu ataque ao domínio dos EUA sobre o mundo, ou seja, um ataque direto ao imperialismo. O evento sobre o meio ambiente não precisaria desse comentário político: O mundo de hoje não é o mesmo de 1945.” Ele assim se coloca contra a ordem mundial imperialista que se cristalizou com o fim da Segunda Guerra Mundial quando os EUA estavam no auge de seu poder. E ele ainda segue atacando o conselho de segurança da ONU.

Esse conselho é composto por EUA, França, Inglaterra, Rússia e China. Ele permite que qualquer um desses países vete uma resolução da ONU, assim o imperialismo tem a capacidade de vetar quaisquer votações em defesas dos países oprimidos, como por exemplo as votações em defesa de Cuba e da Palestina, que todos os anos têm ampla maioria. Com a crise no imperialismo as votações na Assembleia Geral da ONU em defesa dos países atrasados tendem a se tornar cada vez mais comuns, vide o caso da guerra da OTAN na Ucrânia.

O discurso de Lula no geral seguiu o seu padrão de ter um tom solene e moderado. Ele teve os aspectos negativos citados acima mas em sua essência ele possui uma característica muito positiva, ele demonstra a tendência do governo de se posicionar abertamente contra o imperialismo. Mesmo em uma assembleia sobre o meio ambiente, que é um dos principais focos de ataque o imperialismo aos países atrasados Lula conseguiu manter a defesa da soberania e atacar os países opressores.

O discurso da Lula na COP27 aponta para aquilo que o Brasil pode se tornar, a liderança internacional dos países atrasados. Status que ele vinha adquirindo no governo Lula mas que agora em um momento de decadência total do imperialismo pode ser algo muito mais grandioso. Basta ver o que era o governo Putin em 2010 e o que é o governo Putin agora. Tudo indica que o terceiro mandato de Lula será um enorme entrave para o imperialismo.

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