Foi publicado no dia 21 de novembro de 2022, na mídia golpista que o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, criticou duramente a eleição do brasileiro Ilan Goldfajn para o cargo de presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), alegando ser lamentável e que “é mais do mesmo”:
“É lamentável que isso continue acontecendo (…). Não há mudança na eleição do diretor do BID. É mais do mesmo. É o que tem sido aplicado ao longo do período neoliberal. Eles (os presidentes) concordam com a aprovação dos Estados Unidos. Ele é um membro do grupo econômico-financeiro muito ligado ao conservadorismo e, sobretudo, à política neoliberal promovida pelo governo dos EUA”.
Ilan Goldfajn é o primeiro brasileiro a presidir o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), sendo eleito com 80,1% dos votos de acionistas do banco. Goldfajn, de 56 anos, é atual diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI (Fundo Monetário Internacional) desde janeiro de 2022. Foi presidente do BC (Banco Central) desde maio de 2016 a fevereiro de 2019 no governo Michel Temer, e depois foi economista-chefe do Itaú Unibanco e presidente do conselho do Credit Suisse no Brasil. Foi indicado ao cargo no BID pelo Bolsonaro.
De origem israelense, parte de sua criação deu-se no Rio de Janeiro, estudando no Colégio Israelita Brasileiro A. Liessin. Gradou pela economia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), fez mestrado na PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e doutorado pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos Estados Unidos.
Em 2018, recebeu o prêmio de melhor banqueiro central do mundo pela revista britânica “The Banker”, do grupo Financial Times, que atualmente faz parte do holding do jornal nipônico Nikkei.
A eleição do BID é por voto de acionistas, sendo que Estados Unidos possuem 30%, Argentina e Brasil 11,4%, México com 7,3%, Japão com 5% e Canadá com 4%. O poder de voto é proporcional ao total de ações de cada um.
A vitória do Goldfajn significou a derrota do candidato mexicano, Gerardo Esquivel, economista de esquerda e vice-presidente do Banco Central do México.
A crítica do Obrador faz sentido, pois todos os elementos do novo presidente do BID mostram uma coisa somente: Goldfajn é um agente do imperialismo, sendo fruto de um projeto semeado há tempos.
Em 11 de novembro, o ex-ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma, Guido Mantega, confirmou ter buscado adiar a eleição após ouvir queixas de autoridades econômicas da América Latina sobre o “encaminhamento” do processo, mas não obteve sucesso.