Cristina Kirchner, após o atentado que acaba de sofrer, precisa tirar lições para seu futuro político considerando o que aconteceu e acontece no Brasil, estamos nos referindo ao golpe de 2016 e as atuais eleições.
A primeira lição é não esperar nada das instituições, é justamente daí que vem o problema. O judiciário é o principal instrumento que a burguesia vem utilizando para dar golpes de Estado. Basta ver o que aconteceu em Honduras, Paraguai etc. A coisa foi tão bem-sucedida, que até nos EUA estão utilizando a perseguição para tentar tirar Donald Trump do páreo.
A tal história do tríplex no Guarujá nasceu na imprensa, foi alimentada o tempo todo com notícias falsas, repetidas e repetidas vezes. O juiz corrupto, Sergio Moro, foi premiado pela Rede Globo, elevado à condição de celebridade e cidadão acima de qualquer suspeita. Bem como Deltan Dallagnol que se apresentava como um cristão sem manchas e homem de família. Diante desses indivíduos imaculados, qualquer um só poderia mesmo ser culpado.
No golpe sofrido por Dilma Rousseff, o PT demorou muito para perceber o que estava acontecendo e também para reagir. Confiaram demais nos tribunais e no Congresso e demoraram para mobilizar a população, a classe trabalhadora para defender o governo.
A segunda lição é não confiar na imprensa. O tal ‘discurso de ódio’ da qual a esquerda está dizendo que esquerda diz que Cristina Kirchner foi vítima, é repetida o diariamente pela grande imprensa. É ali que martelam o tempo todo a palavra ‘corrupção’, que levantam dúvidas. Foi assim no Brasil. Houve um verdadeiro massacre contra o PT, Dilma e especialmente Lula.
O primeiro erro
Da primeira vez que a ameaçaram com a Justiça, Kirchner fez um acordo com seu partido e aceitou ser vice de um sujeito direitista com uma camada de tinta de esquerdismo. Alberto Fernández é um homem de confiança dos banqueiros, seu governo o comprova, e só foi colocado no poder como uma maneira de acalmar os ânimos após o desastre da era Macri.
Querendo ou não, Cristina Kirchner avalizou o governo. A coisa vem andando tão mal que começou a desgarrar sua imagem do governo, por vezes até ameaçando um rompimento. Essa movimentação não passou desapercebida pela burguesia, que vê nela uma possível candidata para as próximas eleições e quer evitar que isso aconteça.
O erro foi justamente ter aceitado cumprir esse papel, deveria ter enfrentado as circunstâncias, pois teria apoio popular.
O governo Fernández foi desastroso, conseguiu fazer crescer setores da direita que representam uma certa revolta popular e fez surgir a figura de um superministro, Sergio Massa, que pode estar sendo preparado pela burguesia para aparecer como salvador da Pátria. Por isso a burguesia está tratando de tirar Kirchner de uma possível candidatura.
O segundo erro
O segundo erro de Cristina Kirchner será não utilizar as massas populares a seu favor. Quando foi ameaçada recentemente de amargar doze anos na prisão, foram os trabalhadores que imediatamente cercaram sua residência para protegê-la.
É nas massas trabalhadoras que deve se apoiar. Se verificar a atual campanha presidencial petista, notará que todos os acordos têm sido feitos por cima, ignorando as bases. As manifestações de rua estão sendo feitas de modo a afastar a população, e o resultado disso é que a terceira via, a preferida pelo imperialismo, está comendo pelas beiradas e já começa a aparecer nas pesquisas a candidata que antes precisa inviável. A esquerda se esqueceu que a burguesia tem inúmeros recursos para manipular eleições.
O atentado
É preciso salientar que Fernando Andrés Sabbag Montiel, o homem que tentou assassinar Cristina Kirchner, tem tatudo símbolos nazistas no corpo, como o Sol Negro e cruz de ferro gamada, símbolos exaltados pelo Batalhão Azov, os nazistas ucranianos financiados pelo imperialismo e que a grande imprensa trata de esconder os crimes.
Os batalhões nazistas ucranianos foram treinados e financiados pelo imperialismo para dar um golpe na Ucrânia e tornar o país ponta de lança da Otan contra a Rússia. Felizmente, o governo russo resolveu agir e tratou de dizimar esses criminosos, que desde o golpe de 2014 vinham assassinando e aterrorizando a população do Donbass que finalmente conseguiu se libertar.
Cortar a cabeça da direita
É preciso agir com energia contra a direita. Kirchner está no governo e precisa se valer disso também para ir para cima, ou vai sofrer as consequências. Deve usar o poder que seu cargo oferece e se apoiar na força da classe trabalhadora, a verdadeira força que poderá conter tanto o neoliberalismo e seus cachorros loucos da extrema-direita.
O grande capital já está apresentando suas cartas: o Judiciário e a extema-direita para atacar. É preciso responder. A burguesia quer impor ainda mais sofrimentos ao povo argentino que tem penado com a alta dos preços, com a desvalorização da moeda, o desemprego e a reação já se faz notar nas ruas.
Este é o momento para a esquerda se reerguer na Argentina. Porém, essa tendência deve se alastrar pelo Continente. A tendência à explosão social se faz sentir por toda a parte, como Peru, Chile, Bolívia, Equador etc. No Brasil, seguramente, a coisa não está muito melhor. Por enquanto as forças sociais estão se ocupando das eleições. Passado esse período, não resta dúvida que deveremos entrar em uma nova etapa política.