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Esquerdismo Religioso

“Juventude” do Esquerda Marxista também embarca no “nem nem”

A Libelu pretende ser tão radical que abandona o mundo real e fica pregando frases pretensamente esquerdistas

O grupo psolista Esquerda Marxista, um dos muitos estilhaços do PSOL que se dizem marxistas, mas são um apêndice da política do imperialismo, publicou, por meio de sua “juventude”, a sua posição sobre a operação militar na Ucrânia. Não bastasse a posição pró-imperialista e o cretinismo de reivindicar para si a herança do legado político de Leon Trótski, o Esquerda Marxista ainda resolveu nomear o seu grupo “Liberdade e Luta – Libelu”, fazendo uso do nome de um dos mais conhecidos grupos que atuaram na luta contra a ditadura militar, do qual o Esquerda Marxista pouco tem a ver.

No seu sítio, em 17 de março último, esse grupo publicou um texto intitulado Abaixo a guerra! Abaixo os governos reacionários de Putin e Ucrânia! Abaixo o imperialismo! Fim da OTAN! Trabalhadores do Mundo, uni-vos! Tudo escrito em caixa alta para parecer ainda mais decidido.

No primeiro parágrafo, o artigo dá conta de que existem milhares de manifestantes russos presos; são milhões de refugiados; ataques a hospitais e aos corredores humanitários; além de relatos de estupros. De fato, nas guerras acontecem todos os tipos de abusos, porém, para o bem da verdade, seria preciso apontar quem está cometendo esses tipos de violações. O ataque a um hospital foi desmascarado, há tempos havia sido esvaziado e era utilizado como base dos nazistas. Muitos relatos têm surgido de ataques aos corredores humanitários por parte dos fascistas que não querem que a população saia para poder utilizá-la como escudo humano.

No parágrafo seguinte é tirado o seguinte coelho da cartola: Os interesses de Putin com a guerra dizem respeito aos problemas políticos e econômicos que a classe dominante russa enfrenta no contexto de acirramento da crise internacional e local. Os noticiários deixaram claro que Vladimir Putin e seu corpo diplomático fizeram um enorme esforço para evitar a guerra que, ao contrário do que tenta afirmar a matéria, só vai agravar a economia russa que está sofrendo todo tipo de embargos e sanções econômicas.

A seguir, fazendo coro com toda a imprensa imperialista e intelectualidade pequeno-burguesa, Putin não passaria de um ditador impopular que governa a Rússia, direta ou indiretamente, desde 1999. Sua proposta de desnazificar a Ucrânia não passaria de uma falácia que tenta justificar a invasão. O presidente russo estaria apenas usando o recurso do “combate ao inimigo externo” para paralisar a oposição, prender e perseguir manifestantes.

No quarto parágrafo afirma-se que A justificativa de que a Ucrânia na OTAN ameaçaria a Rússia é demagógica, pois o país seria a segunda maior potência militar no mundo. Sim, os russos têm um grande potencial militar, por outro lado, a discrepância com a OTAN é gigantesca. Felizmente para os russos, Putin sabe muito bem que a OTAN não costuma ficar só nas ameaças, por isso resolveu se adiantar e fazer uma manobra defensiva na Ucrânia.

O império

Ao descrever os EUA e a OTAN, o artigo tenta demonstrar que os problemas de Biden são praticamente os mesmos de Putin: crise econômica misturada com crise política na forma de impopularidade. Portanto, a guerra na Ucrânia também interessa ao presidente dos EUA. O inimigo externo, no caso, não seriam os nazistas, mas os russos, aqueles falaciosos que dizem combater os nazistas.

Quem escreveu esse trecho da matéria se esqueceu de ler a parte anterior. Pedimos desculpas, mas é preciso reproduzir todo o parágrafo:

A burguesia imperialista é hipócrita, recriminam agora a invasão russa na Ucrânia, mas realizaram e realizam invasões militares a outros países, roubam riquezas e massacram povos. Eles não têm nenhum problema em promover a guerra, exploram, impulsionam e organizam conflitos militares localizados em diversas regiões do mundo como é o caso da Síria, Afeganistão, Iêmen, Mianmar, Palestina, Etiópia. Utilizam os trabalhadores e a juventude como bucha de canhão para resolver seus problemas econômicos e políticos frente a crise desse sistema podre”.

Ora, simplesmente acabaram de desmentir que a a justificativa de que a Ucrânia na OTAN ameaçaria a Rússia é demagógica”. Como podemos ver, é justamente o contrário, Putin agiu por necessidade, ele percebeu que o movimento do imperialismo em solo ucraniano era o último passo para atacar, portanto está apenas se defendendo, é uma ação legítima. O próprio histórico de ações da OTAN justificam totalmente a intervenção militar.

Outros países com menor poderio militar e que foram ameaçados pela OTAN tiveram que lidar o problema dos bombardeios criminosos, destruição de infraestrutura, morticínio. Este, no entanto, não é o caso da Rússia que, além de ter um enorme poderio militar, tem um presidente que se esforçou ao máximo para evitar um conflito armado, mas que não hesitou quando percebeu que já não tinha outras cartas para colocar na mesa.

Zelensky fantoche

O presidente ucraniano também é criticado. Se no começo era Abaixo Putin! e Abaixo Biden!, Chegou a vez de Abaixo Zelensky! Este é um governo submisso ao imperialismo americano, que se utiliza de grupos paramilitares nazistas para organizar sua “resistência”. (grifo nosso) Ora, ora, ora, quer dizer que aquele papo de ‘desnazificação’ da Ucrânia não era tão falacioso assim.

A função de Zelenky, no texto, é servir como uma espécie de agente de Putin, Biden e União Europeia que têm todos o interesse comum de impulsionar os lucros na indústria armamentista. A questão é que temos de discordar, o problema do imperialismo não pode se resumir a fazer movimentos que favoreçam a indústria bélica. O imperialismo precisa controlar todos os mercados, fontes de matéria-prima e por isso tratou de investir contra a Rússia, um país atrasado que abastece a metade do mercado europeu com gás e petróleo.

Frases feitas

Os três últimos parágrafos são um amontoado de frases feitas que não têm qualquer conteúdo prático. A Liberdade e Luta defende o fim da guerra, e a organização da classe trabalhadora e da juventude, na Rússia e Ucrânia, contra suas próprias burguesias reacionárias. Ótimo, também defendemos, mas primeiro é preciso saber porque está havendo essa guerra. Organizar a classe trabalhadora e a juventude só pode ser conseguido com uma luta diária, precisa ter base na vida real, não apenas nos desejos destes ou daqueles indivíduos.

Quando a Libelu defende o fim da guerra e atribui a ela apenas problemas domésticos e interesses da indústria bélica, deixa de tocar no ponto essencial: o imperialismo. Portanto, não consegue fazer evoluir a consciência da juventude ou da classe trabalhadora. Ao ficar do “lado de ninguém” deixa de apoiar o país atrasado contra o assédio do imperialismo.

Que o capitalismo está podre, está nos levando à barbárie… Essas coisas, que são óbvias, não têm efeito, não passa de um esquerdismo infantil.

No último parágrafo só falta a Libelu começar a cobrar o dízimo porque a igrejinha ali já está montada: é possível um novo mundo. É possível acabar com as guerras e com todo esse estado decadente de coisas que estamos vivendo. É possível uma mudança radical que nos proporcione a liberdade e solidariedade entre os povos, uma vida digna e em harmonia com a natureza.

De nada adianta gritar Viva a luta internacional dos trabalhadores! Viva a revolução socialista internacional!” se esse grupo, a Libelu, se coloca praticamente fora do mundo real, prático, da luta. Nós todos sabemos que não existe isso de estar contra todos. No final das contas, estão fazendo coro com aqueles que criticam a Rússia. No final das contas, tirando todos os penduricalhos ‘radicais’, sobra apenas um grupo ideologicamente capturado pela burguesia.

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