Com a polarização política cada vez mais acirrada no País, vemos casos frequentes de brigas acirradas e ofensas generalizadas em diversas camadas sociais, no trabalho, nas escolas, entre família, amigos e até desconhecidos.
Uma situação frequente nos tempos recentes ocorre entre adolescentes, sobretudo nas escolas particulares — a tendência desse setor da sociedade nesses ambientes ao conservadorismo é enorme, considerando, sobretudo, a classe social da qual advém e o meio o qual convivem socialmente todos os dias.
A esquerda pura e cheirosa vive entrando em momentos histéricos com situações de preconceito entre adolescentes, sobretudo com pessoas pobres — algo esperado considerando, como já citado antes, o meio em que vivem e a maneira a qual são ensinadas a enxergarem a sociedade. A solução apresentada para isso, na maioria das vezes, é a punição; se não para os adolescentes, então para os pais.
Nesse ponto, o punitivismo é tão alto que essa esquerda se assemelha à direita — chamar a polícia civil, denunciar para os órgãos competentes ou até prender os pais, dependendo da “infração” cometida.
É sobre isso que discorre Elika Takimoto em sua coluna no portal Brasil 247, em 06 de novembro. A autora afirma que a escola privada, assim como hospitais, é um erro, apesar de existirem exceções. Isso porque as escolas representam, majoritariamente, privilégio e desigualdade de acesso.
De maneira geral, podemos afirmar que a privatização é um equívoco de maneira geral quando se trata do povo — de hospitais a escolas, construtoras, fábricas de produtos alimentícios, nada disso deveria estar na mão do capital privado. Assim como diz a autora, não é justo que um tenha educação melhor que o outro só porque tem condições de pagar por isso, mas, no final das contas, é assim que funciona o capitalismo.
Takimoto afirma que a melhor solução para isso é educar, não expulsar ou mandar a polícia correr atrás, até porque, no final das contas, isso não resolve absolutamente nada. Mas dentro disso, surge o questionamento: onde educar? Em casa, de onde provavelmente o adolescente adquiriu boa parte de seus pensamentos, hábitos e convicções, ou da escola, onde convive com vários pares dos seus e é apenas ensinado a “passar de ano”?
Takimoto coloca que vê como uma das possíveis soluções os ensinamentos em um ambiente repleto de educadores com calma, criatividade, paciência, sabedoria e sensibilidade para com a situação desses alunos, afinal, não é “jogando esses alunos fora” que se resolve alguma coisa.
É preciso ir além. Isso porque, apesar da educação ser logicamente mais eficiente que a violência, é ilógico esperar que isso saia da escola ou mesmo de casa. Na realidade, é provável que esses sejam os últimos lugares do qual algum tipo de educação progressista saia.
O fato é que esses adolescentes são influenciados pela direita, seja por meio da escola, dos pais ou da internet. Isso significa que a maneira correta de combater essas ideias e, por consequência educar esse setor, é com um movimento estudantil forte, consciente, ativo e revolucionário. É preciso que esse movimento combata esses pensamentos direitistas por meio da luta política e dispute a juventude por esses meios.
Os movimentos estudantis, os quais abrigam os jovens, setor reconhecidamente de vanguarda nas lutas políticas progressistas, precisam ser radicais para enfrentar a direita e o fascismo com uma política de organização dos estudantes, fazendo o trabalho tanto de conscientização como de combate ao reacionarismo, atuando tanto nas escolas e universidades quanto nas ruas.
A grande questão no Brasil é que este movimento não existe. As organizações estudantis são um dos exemplos mais natos de paralisia e de aliança com a direita que o movimento estudantil jamais viu. São pouquíssimas as manifestações, e ocorrem apenas quando os estudantes mais politizados, por conta da polarização, já não aguentam mais ficar esperando um chamado de luta que nunca vai vir.
Isso faz com que o setor punitivista da esquerda, citado anteriormente, entre em completa histeria e defenda posições absurdas como a repressão aos jovens. No final das contas, isso só levaria a um desastre ainda maior, isso porque a direita, que já está captando estes jovens pelo pescoço, iria ganhar ainda mais força dentre deste setor. Não podemos esperar que jovens que escutam sobre políticas direitistas durante a vida inteira simplesmente mudem de ideia de um dia para o outro, ainda mais quando o lado oposto grita histericamente por repressão.
No fim das contas, a educação é sim necessária para resolver esse problema, mas não qualquer educação, mas sim a educação política, a educação militante e revolucionária.