Os noticiários dão conta de que o presidente deposto do Peru continua preso. A justiça peruana negou ontem, dia 13, o recurso que a defesa de Pedro Castillo apresentou tentando obter sua liberdade. Enquanto isso as manifestações de apoio a Castillo continuam, assim como a repressão das forças de segurança do país, a qual vai se tornando cada vez mais violenta. Até o momento a imprensa noticia seis mortes de manifestantes.
Para contenção dos protestos, os Militares se juntaram à polícia para patrulhamento em áreas que tiveram o estado de emergência decretado. Ainda assim, os protestos a favor de Castillo e contra Dina Boluarte e o parlamento, que possui rejeição popular de 80%, continuaram. A polícia apontou que manifestantes estavam realizando bloqueios nas estradas em 13 das 24 regiões do país enquanto em Lima foram registrados novos confrontos onde os manifestantes resistiam a repressão policial.
Pedro Castillo sofre os resultados de suas ações políticas enquanto detentor do poder como presidente do Peru. Eleito numa coligação de esquerda, se deslocou rapidamente para a direita na tentativa de agradar às forças opositoras ligadas ao imperialismo e assim estabilizar seu governo. Sem conseguir conter a crise política no país, tentou, por fim, dissolver o congresso extremamente impopular e governar por decretos no que foi destituído e preso. Castillo recebeu em contrapartida o golpe de estado que ele mesmo tentou dar na expectativa de antecipar o que já vinha se desenhando contra ele.
A situação do país vizinho demonstra de maneira inequívoca que a justiça em qualquer lugar serve para respaldar e referendar as perseguições e golpes que a burguesia e o imperialismo realizam contra os interesses nacionais dos países oprimidos e contra os líderes políticos que tem a simpatia da maioria do povo. Assim como aconteceu com Lula, Dilma e agora com a ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner.
Nos casos de Lula e Dilma sabemos muito bem o quanto a justiça foi decisiva em tudo o que aconteceu no país de 2016 em diante. Lula foi impedido de se candidatar em 2018 e depois preso num processo que foi comprovadamente uma fraude escandalosa. Enquanto Dilma foi deposta de forma igualmente fraudulenta diante de todo o apoio e conivência da justiça. Já na Argentina, estamos vendo agora o poder judiciário sendo usado da mesma maneira contra Kirchner, representante mais popular do interesse nacionalista daquele país.
Apenas as forças populares podem fazer frente ao poder destruidor do imperialismo. Um governo popular e nacionalista apenas conseguirá se sustentar com o apoio massivo do povo, como é o caso da Venezuela atualmente. Tentar se fiar na aproximação com a direita, no uso das instituições e das forças de repressão para governar, vai resultar indubitavelmente em perseguição e golpe de estado. Como vimos e ainda estamos vendo acontecer.