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Bolívia

Imperialismo prepara golpe contra governo de Luis Arce

Luis Fernando Camacho, líder da extrema-direita que comandou protestos contra Evo Morales em 2019, voltou a convocar manifestações golpistas

Depois de derrotar parcialmente o golpe que impediu Evo Morales, a maior liderança popular da Bolívia, de exercer seu quarto mandato como presidente do país, a direita golpista busca organizar novas manifestações agora contra o governo de Luis Arce. O governador de Santa Cruz de La Sierra, Luis Fernando Camacho, líder da extrema-direita que foi responsável por violentos protestos na região diante da vitória do presidente Evo Morales, em 2019; voltou a convocar atos e greves para desestabilizar o atual governo. A situação demonstra que Evo Morales precisa desde já mobilizar as bases de seu partido, Movimento ao Socialismo (MAS), e da Central Obreira Boliviana (COB) para impedir um novo golpe de Estado.  

O atual presidente boliviano, Luis Arce, foi eleito depois de grandes mobilizações, incluso com uma centena de bloqueios de rodovias em todo país pelo fim do golpe de Estado promovido contra seu correligionário de partido eleito em 2019. A sua candidatura, entretanto, representou uma capitulação de Morales frente ao golpe de Estado, assim como o fato do MAS frear as mobilizações populares contra o governo de Jeanine Añez antes das eleições. 

A crise atual remonta a luta contra a privatização da água em 1999, seguida da luta contra a exportação do gás natural boliviano a preço de banana em 2003 e, por fim, da luta pela nacionalização dos hidrocarbonetos (petróleo e gás natural) em 2005. O movimento revolucionário deste período projetou o primeiro indígena como grande liderança do país, depois de derrotado na eleição de 2002 e das seguidas quedas de presidentes neoliberais, Evo Morales se tornou presidente pela primeira vez em 2006. Em 2008, a tentativa de governos direitista de separar a região leste (Meia Lua) colocou o país à beira de uma guerra civil, mas a mobilização popular impediu a divisão da Bolívia e Morales realizou um referendo no qual 68% do povo defendeu seu mandato.  

Em 2009, o estado boliviano foi refundado por meio de nova Carta Magna. A Assembleia Nacional Constituinte promoveu uma série de mudanças como a eleição de juízes da Suprema Corte e mandato presidencial de 5 anos. Em 2018, ano que precede o golpe contra Evo Morales, o país apresentava a maior taxa de crescimento da América do Sul (4,4 %), isso em decorrência da política de reestatização da exploração do petróleo e gás boliviano. Além disso, o governo de Evo Morales implementou o Sistema Único de Saúde (SUS) e também um programa social análogo ao Bolsa Família. Diante da profunda crise do sistema capitalista, o imperialismo não estava mais disposto a tolerar essa situação.  

O referendo de 2016, pela limitação de reeleição de mandatos presidenciais, no qual Evo Morales estranhamente saiu derrotado já que tinha aprovação de 80% da população, representou um revés em relação à lei aprovada em 2013, que retirava restrições para a reeleição presidencial, e a preparação de uma ofensiva contra um possível novo mandato do então presidente. 

Em 2019, antes mesmo da corrida eleitoral ser iniciada, quando a Suprema Corte Eleitoral aceita a candidatura de Evo Morales, a direita serviçal do imperialismo já começava a articular um movimento golpista contra sua candidatura. Em Santa Cruz, estudantes em protestos encomendados pelo imperialismo incendiaram repartições do Tribunal Eleitoral. Parlamentares de oposição ao governo enviam uma carta à Donald Trump (então presidente dos Estados Unidos) para intervir no país. A direita buscou impulsionar uma greve contra o governo, mas, depois de dois meses, conseguiu reunir somente 5 mil pessoas. 

O presidente Evo Morales, antes da campanha eleitoral se iniciar, buscou mobilizar as bases do MAS e da COB contra as investidas golpistas e denunciou os planos do imperialismo. A vitória de Evo Morales foi anunciada depois da contagem de votos ser paralisada por três dias. Assim, o candidato derrotado, Carlos Mesa, que foi um dos presidentes derrubados pelo movimento revolucionário dos anos 2000, chamou suas bases a não aceitar o resultado da eleição e se iniciaram protestos violentos em diversas províncias como La Paz, Santa Cruz de La Sierra, Potosí, Cochabamba e Chuquisaca. Diante da ameaça dos militares, o presidente eleito foge do país e assim começaram as perseguições contra membros do governo, autoridades políticas (governadores, prefeitos e parlamentares), lideranças sindicais e de movimentos sociais, bem como contra seus familiares. 

Após a renúncia dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, a golpista Jeanine Añez se autoproclama presidente e tenta submeter o país a uma ditadura. Nomeia novos generais e lança mão de uma política de perseguição fascista. O golpe teve apoio da Organização dos Estados Americanos (OEA), que é controlada pelos Estados Unidos, também da Inglaterra e dos então presidentes do Brasil e Argentina, Jair Bolsonaro e Maurício Macri. Em contrapartida, Venezuela e Cuba condenaram o golpe contra Evo Morales. Além desses países, aconteceram mobilizações no Brasil lideradas pelo Partido da Causa Operária (PCO), na Argentina e até em Viena contra o golpe. Apesar da violência dos fascistas, as poderosas mobilizações das organizações populares fizeram com que o governo golpista recuasse e realizasse novas eleições.  

Ainda que o candidato do partido de Evo Morales tenha ganho as eleições, a direita golpista conquistou importantes governos e cidades do país. Além disso, o crescimento do país depois da pandemia já não se compara a outrora. A questão da miséria e fome no país está muito longe de se resolver. É diante desta nova realidade que o líder de extrema-direita, Luis Fernando Camacho, em conjunto com Rómulo Calvo, presidente da organização fascista Comitê Cívico Pró-Santa Cruz, e Vicente Cuéllar, reitor da Universidade Autônoma René Moreno, buscaram impulsionar, no último mês, nova greve contra o governo de Luis Arce. 

Até mesmo o atraso na elaboração da pesquisa do censo demográfico do país serviu de pretexto para a direita golpista promover protestos contra o atual governo. Isso é um sinal de que a situação ainda não está nada resolvida e coloca para as organizações populares novos desafios. Somente a constituição de um verdadeiro governo operário e a expropriação completa da burguesia pode varrer de uma vez os políticos serviçais do imperialismo. 

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