Na última quinta-feira (31), Guilherme Boulos foi o convidado especial da Globo no programa de entrevistas de Pedro Bial, que é uma espécie de cabo eleitoral da rede Globo. Ali, por exemplo, foi lançada extra-oficialmente a candidatura de Eduardo Leite (PSDB), o “Bolsogay”.
Agora foi a vez de a Globo promover a candidatura de Guilherme Boulos a deputado federal. O psolista, que desistiu da candidatura ao governo de São Paulo, teve a benção do principal monopólio da imprensa golpista para as eleições, numa entrevista que dava a impressão para quem a assistiu que a Globo havia se tornado esquerdista naquele momento.
Que Guilherme Boulos é o queridinho da imprensa golpista não é novidade. Sua candidatura em 2020 contou com o apoio explícito dessa imprensa, em particular da Folha de S. Paulo, órgão no qual o psolista teve uma coluna semanal em duas ocasiões.
A impressão que se tem ao acompanhar a cobertura dada por essa imprensa é a de que, de repente, esses órgão venais, que produziram calúnias e mentiras contra a esquerda no golpe de Estado e que são uma máquina de mentiras contra o povo, se transformaram em progressistas e esquerdistas. Os ataques dispensados aos movimentos populares, aos sindicatos, à esquerda e ao PT e Lula simplesmente deixam de acontecer quando o assunto é Guilherme Boulos.
Na entrevista com Bial ocorreu a mesma coisa. Perguntas nitidamente ensaiadas, sem ataques, sem espezinhamentos típicos da imprensa golpista contra a esquerda. Foi um programa para promover Boulos deputado.
A apresentação do convidado especial de Bial revela a intenção. Boulos é apresentado como o “sucessor natural de Lula”. Mas quem disse isso? Ou melhor, quem está dizendo isso? A Rede Globo.
Quer dizer então que a Rede Globo escolheu o sucessor de Lula? Quem é a Globo? A maior inimiga da esquerda e dos trabalhadores. Qual o interesse da Globo de promover um “sucessor” de Lula? Claramente, é criar um personagem esquerdista fictício que seja de confiança e do agrado da burguesia.
Nesse sentido, Boulos não é de nenhum jeito o sucessor de Lula. Os dois tem relações com a burguesia, mas Boulos não tem a base popular de Lula. Boulos não é líder de massas, menos ainda um representante dos trabalhadores, Boulos é apenas mais um político pequeno-burguês universitário como dezenas espalhados pelos partidos da esquerda pequeno-burguesa. E Lula, por mais conciliadora que seja a sua política, é uma ameaça para o imperialismo. Boulos não apenas não é ameaça como é uma aposta do imperialismo para uma eventual necessidade, alguma manobra para promover uma esquerda dócil.
Estamos assistindo no Brasil ao que aconteceu no Chile como Boric, um esquerdista também promovido pelo imperialismo, também confiável e que foi colocado na presidência do país para conter uma crise política.
A Rede Globo, leia-se imperialismo, escolheu definitivamente o seu esquerdista de estimação.