Nesta quinta-feira (12), a Finlândia anunciou que vai aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) “sem demora”. A declaração veio logo após o posicionamento do presidente e da primeira-ministra como favoráveis à candidatura finlandesa ao bloco.
“Esperamos que as medidas nacionais ainda necessárias para tomar essa decisão sejam tomadas rapidamente nos próximos dias”, afirmaram os governantes.
Ataque direto contra a Rússia
Prontamente, Moscou iniciou uma série de denúncias contra a mobilização do país nórdico em torno da adesão ao bloco imperialista. Afirmou que representava uma séria ameaça à Rússia e, como disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, “uma mudança radical na política externa do país [a Finlândia]”.
“A Rússia será forçada a tomar medidas de retaliação, tanto de natureza militar-técnica quanto de outra natureza, a fim de impedir que surjam ameaças à sua segurança nacional”, afirmou a pasta em comunicado oficial.
Dmitri Peskov, porta-voz do governo russo, ressaltou que “a expansão da OTAN não torna nosso continente mais estável e seguro”, reiterando que o país pode tomar novas medidas para “equilibrar a situação”.
“Tudo dependerá de como esse processo de expansão da Otan se desenrolar, até que ponto a infraestrutura militar se aproxima de nossas fronteiras”, colocou Peskov.
Ademais, o vice-presidente do conselho de segurança da Rússia, Dmitri Medvedev, tomou a situação para relembrar a campanha militar incentivada pelo imperialismo na Ucrânia, alertando à possibilidade de um conflito total entre a OTAN e a Rússia:
“Os países da Otan injetando armas na Ucrânia, treinando tropas para usar equipamentos ocidentais, enviando mercenários e os exercícios dos países da Aliança perto de nossas fronteiras aumentam a probabilidade de um conflito direto e aberto entre a Otan e a Rússia”, disse Medvedev.
Desconfianças caem por terra: as ameaças são concretas!
Uma das principais justificativas da Rússia em relação à necessidade de sua operação especial militar na Ucrânia foi, e continua sendo, a urgência da defesa da soberania russa contra a OTAN.
Frente a isso, a imprensa burguesa, bem como a esmagadora maioria da esquerda pequeno-burguesa, afirmaram se tratar de um exagero. Escondendo-se sob o direito internacional, disseram, decididamente, que se tratava de um pretexto falacioso.
Decerto que esse tipo de constatação não passa de uma farsa. A OTAN (o imperialismo) vem avançando a passos largos na Europa. A Ucrânia é prova viva disso, já que o governo dos EUA basicamente tornaram-na membro da OTAN sem a formalidade. Afinal, foi o imperialismo americano quem orquestrou o golpe de 2014 e que, a partir daí, financiou diretamente a atuação de milícias nazistas que praticavam um verdadeiro genocídio no Donbass. Sem contar nas dezenas de laboratórios que comprovadamente produziam armas biológicas com financiamento mascarado por parte do governo.
Agora, vemos ainda mais uma vez que a operação russo foi, em todos os sentidos, absolutamente acertada. Afinal, a entrada da Finlândia e, consequentemente, da Suécia no bloco imperialista representaria um aumento de mais de 1.300 km na fronteira entre a Rússia e a OTAN. Ou seja, uma área extra gigantesca para que as armas imperialistas possam ser instaladas próximas à Rússia.
Posição ofensiva mais clara que essa só pode ser vista segundos antes do lançamento de uma ogiva contra Moscou.
Mesmo assim, imperialismo pena em penalizar a Rússia
Consequente de uma instabilidade cada vez maior, o imperialismo estadunidense, frente à perda de sua hegemonia, aplicou duras sanções contra a Rússia e o povo russo. Desde o começo do conflito, essas penalidades partem de simples bloqueios transacionais, até a proibição de compra de produtos de exportação russos por parte dos aliados dos Estados Unidos.
O problema é que a situação fugiu completamente do controle dos EUA que não conseguem conter a venda de produtos russos em decorrência de seu caráter indispensável aos países da Europa.
Finalmente, nenhum aliado dos americanos quer ficar, verdadeiramente, contra a Rússia. E aqui, há uma diferença clara entre condenações diplomáticas, como por meio de votações e pronunciamentos, e boicotes econômicos concretos. Afinal, boa parte dos países europeus depende completamente do gás que a Rússia exporta, como é o caso da Alemanha que, meses após o começo do conflito, não cessou o fornecimento do combustível russo ao país.
No Pacífico, conversas à sete chaves
Para que um novo membro seja admitido na OTAN, é preciso que todos os outros membros concordem com o ingresso.
Entre 10 e 12 de maio, a Primeira-Ministra finlandesa, Sanna Marin, realizou uma viagem para o Japão para “discutir assuntos comerciais”. Entretanto, dada a circunstância do encontro, tudo indica que o assunto principal do encontro seja, justamente, a OTAN. Afinal, Marin havia ido à Grécia semanas antes, resultando em um voto favorável à adesão do país ao bloco.
Ademais, no dia 24 deste mês, antes de passar pela Coreia do Sul, Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, irá, também, ao Japão. Ou seja, vemos de maneira evidente um esforço do imperialismo para fortalecer suas alianças militares na região do Indo-Pacífico. É, acima de tudo, uma tentativa de manter a coesão de seus aliados para responder militarmente tanto no Leste europeu, quanto na Ásia, mirando a China.
No fim, é guerra!
Independente do que resulte as negociações entre os nórdicos e a OTAN, o fato é que o imperialismo perde cada vez mais o controle da situação. Por isso, é obrigado a tomar medidas ainda mais agressivas, como é o caso da adesão da Finlândia ao bloco.
Inaugura-se, nesse sentido, uma nova etapa da guerra entre a Rússia e o imperialismo. Neste momento, a analogia do animal ferido não poderia se encaixar melhor. O imperialismo está ferido e, portanto, fará de tudo para recuperar a sua posição e tentar empurrar o mundo em uma miséria cada vez maior. Se conseguirão, só o futuro dirá. Mas o fato é que a ação russa teve frutos extremamente positivos para a luta dos trabalhadores em âmbito planetário e está, efetivamente, obtendo êxito em enfraquecer a dominação imperialista sobre os povos oprimidos.