No último domingo (06), a imprensa capitalista noticiou por meio do New York Times que a Rússia “voltará a atacar com seus trolls e bots”. Essa acusação afirma, basicamente, que a Rússia possui uma máquina de perfis falsos que dominam a internet e, dessa forma, interferem o debate público e o resultado das eleições dos outros países.
Apesar da acusação ter vindo dos Estados Unidos e deles, de fato, serem especialistas no tema “interferência em eleição dos outros países”, a acusação sobre os russos não passa de uma calúnia. Logo no começo, apontam que o governo de Putin deseja interferir nas eleições estadunidenses, igual supostamente fizeram em 2016 e 2020, e erodir o apoio à Ucrânia por dentro. A reportagem aponta sobre o desejo da Rússia em descredibilizar o sistema eleitoral norte-americano, além de promover “pensamentos conservadores” – seja lá o que isso queira dizer. A alegação vem, novamente, pautada em relação aos ucranianos, pois, segundo a matéria, o apoio de Biden a Zelenski influenciou no desejo de Putin de intervir nos Estados Unidos.
A reportagem, à medida que segue caluniando o governo russo, ignora, por sua vez, a série de interferências cometidas pelos norte-americanos em eleições ao longo do mundo, seja por meio militar ou por golpes de Estado sem o aparato bélico. O golpe dado no Afeganistão e o governo ditatorial mantido até o ano passado, com diversas acusações de crimes humanitários, não teria existido, apesar de comprovadas, assim como os golpes dados na Bolívia, na Venezuela, no próprio Brasil ou as dezenas de tentativas de assassinato contra Fidel Castro (todas afirmações anteriores com respaldo em documentos públicos).
Em entrevista à imprensa capitalista, relatam, ainda, a fala do senhor Perez, ex-funcionário do Twitter, que afirma que “eles já criaram uma divisão tão eficiente que agora possuem atores internos para carregarem as águas da desinformação por eles”. Em suma, sua fala afirma que a Rússia é não só a criadora das mentiras, mas também a responsável por fazer com que ela se espalhe por dentro dos Estados Unidos. A aberração é tão grande, assim como a tentativa barata de acusas os russos de qualquer coisa, que não mencionam sobre o risco que é ter armas da OTAN à sua porta quando se é um país que recusa se aliar ao domínio imperialista e tolerar os nazistas da Ucrânia. Mencionam, apenas, que as mentiras contadas pelos norte-americanos são, no fim, fruto da desinformação russa em seu território. Uma pobreza tanto na questão argumentativa, quanto no que diz respeito a ser fiel à realidade.