Se a população lesse os jornais atentamente todos os dias, é possível que o regime político não durasse nem mais um mês. É um exercício incrível de paciência diante dos impropérios que são ditos nos jornais, revistas e televisões do Brasil, e um eterno testemunho da total falta de caráter dos “jornalistas”.
A população se acostumou a dizer que todo político é ladrão e mentiroso, é uma generalização válida, ocorre que isso também deveria ser dito em relação aos nossos jornalistas. Essa raça de profissionais teria como função reportar os fatos de forma imparcial e, em circunstâncias claramente delimitadas, expor suas opiniões de forma clara para dar ao público material para reflexão. Quando colocado num sentido de dicionário é lindo.
A definição de “político” seria uma pessoa que participa da política de forma a melhor servir o interesse geral do público, respeitar a lei e atuar sem interesses particulares como um veículo da vontade popular. Seria um angelical servidor público. Como vemos, a definição político também é linda. Ocorre que não se pode viver de definições de dicionário. Elas raramente irão coincidir com a realidade.
A definição informal de político (tratamos aqui do político burguês, é claro), para este colunista, é um patife que conseguiu reunir condições financeiras, e de baixa moralidade, para se eleger sobre a base de estelionato contra os eleitores. Uma vez no cargo, o político fará o que puder, e várias coisas que não poderia, para favorecer aqueles que financiaram sua campanha ou que financiarão sua campanha no futuro, bem como para favorecer a si mesmo. Em geral, isso é feito com pouca ou nenhuma preocupação para com o interesse público ou qualquer padrão moral encontrado fora da SS de Hitler.
Mas e o jornalista? O jornalista, na grande maioria dos jornais, é um patife que reuniu condições financeiras, técnicas, e de baixa moralidade, para conseguir um emprego num grande jornal, em geral sobre a base do mais espúrio nepotismo, estelionato ou simples prostituição. Uma vez no cargo, o jornalista fará o que puder, e várias coisas que não poderia fazer, para favorecer seu patrão (o jornal), seu patrono (o cidadão que lhe conseguiu o emprego), seu cliente (o empresário que o comprou), bem como para favorecer a si mesmo. Em geral, isso é feito com um padrão moral parecido com o do político.
O político é um funcionário dos empresários, o jornalista é um outro funcionário corrupto que busca encobrir a primeira corrupção. É nesse maravilhoso esquema de coisas que vemos o jornalismo sem vergonha nenhuma do Estado de S. Paulo no dia de ontem, o mais desenvergonhado de todos os periódicos brasileiros.
Eles dizem que o STF cometeu um erro, em 2019, ao censurar uma reportagem da Revista Crusoé, dizem ainda que não era papel do Judiciário censurar pois algo não coincidia com sua versão dos fatos. O puro mau-caratismo do jornal então apresenta a tese de que a censura aos bolsonaristas, antes e durante a eleição, é justificada (!) pois se tratavam de ataques ao “Estado de Direito”. No que consistiam esses ataques? No entendimento dos fatos diferente do entendimento do Tribunal. Vejam que a canalhice é grande.
Agora, passada a eleição, o jornal apresenta a tese de que deveriam ser liberados todos os perfis bloqueados. O motivo? Acabou a eleição. Aparentemente o “ataque à democracia” ocorre apenas durante a eleição, fora dela, quando já não há mais o controle do País em jogo, dispensa-se.
Eles mesmos admitem que não há lei nenhuma regrando a liberdade de expressão na internet, admitem até que é insustentável manter tanta gente censurada por falar qualquer coisa que seja. É uma admissão de que o tribunal agiu de forma extralegal, como um tribunal de exceção (ditatorial). Tanto é assim que dizem textualmente “As circunstâncias já não exigem as restrições”, ou seja, a exceção acabou.
Em que pese que somos favoráveis à retirada dos bloqueios, não podemos senão criticar a desfaçatez do jornal que, nem faz 30 dias, se mobilizava de forma entusiástica para censurar políticos e outros. É preciso apontar que, da mesma forma que agora querem apaziguar, irão defender um recrudescimento da censura em hora oportuna, num outro momento.