─ Expedito Mendonça, candidato a senador pelo PCO no Distrito Federal, número 290
Os desmandos e os ataques do governo Bolsonaro e da extrema direita contra o meio ambiente, provocando desmatamento, contaminação das águas e incêndios florestais em enormes reservas nas regiões de mata do país, suscitou, no último período, todo um alvoroço por parte dos setores que se apresentam como “preservacionistas” , protetores e guardiões da natureza.
As iniciativas para impedir ou impor restrições à devastação ambiental provocada, em última instância – a bem da verdade – pelo modo de produção mais predador da história (o capitalismo), vão desde ameaças de intervenção nos países que não “cuidam da sua natureza e dos seus recursos naturais”, até mesmo à imposição de sanções comerciais com a sobretaxação de produtos agrícolas cultivados em áreas recentemente desmatadas. É o caso da União Europeia (UE), que estuda embargos comerciais aos países que se encontram nessa condição, como o Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru, apenas para citar os que abrangem em seu território a maior área de mata tropical do planeta, a floresta amazônica.
Aqui no Brasil, a vanguarda desta política que se autointitula defensora da Amazônia é composta por setores ligados ao clero dito “progressista”, como o Frei católico Leonardo Boff, intelectual de esquerda que, recentemente, deixou cair o véu e se colocou como porta-voz do imperialismo para assuntos ambientais, posicionando-se pela internacionalização da Amazônia, ou seja, favorável a hipotecar quase dois terços do território nacional, deixando a floresta e todos os enormes recursos que ali se encontram aos cuidados dos civilizados e bem-intencionados norte-americanos.
Não falta também nessa cruzada salvacionista da floresta os que não só se declaram favoráveis à entrega da Amazônia ao imperialismo, mas os que recorrem diretamente aos “amigos da natureza e do planeta”, como foi o caso da indígena identitária do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Sônia Guajajara, candidata a deputada federal pelo Estado de São Paulo e que tem parte da sua campanha financiada pelos bancos (Itaú). Sônia, que no mês de junho foi homenageada pela Revista Times como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2022, ocasião em que encontrou John Kerry, assessor do governo criminoso de Joe Biden, implorando ao mesmo para que ajudasse a encontrar o jornalista britânico Dom Philips e o indigenista brasileiro Bruno Araújo, desaparecidos na Amazônia e posteriormente encontrados mortos.
Leonardo Boff, Sônia Guajajara, organizações indígenas como a APIB e outras entidades que se apresentam como “representantes e defensoras” dos povos indígenas e da preservação ambiental, são, por sua postura e ação, nada mais do que reles porta-vozes da política do imperialismo, que não tem qualquer compromisso com a luta em defesa do planeta, da natureza, da ecologia, mas buscam, se valendo de um discurso retórico e demagógico, se credenciarem junto aos governos e partidos capachos e subservientes para executar uma política de roubo, assalto e pilhagem das riquezas existentes nos países de economia atrasada. O mais grave e absurdo de tudo isso é que a esquerda parlamentar nacional, identitária e cirandeira apoia e passa pano para essa gente, para os exploradores da nação, dos povos oprimidos.
Aqui cabe a seguinte consideração: se os países imperialistas querem, de fato, proteger o meio ambiente, por que então não reflorestam seus territórios? Ao que se sabe não existem mais florestas na Europa desde décadas, talvez séculos. Ora, porque não começar fazendo o serviço dentro da própria casa? Façam o que querem que os outros façam e deixem de interferir no que acontece em outros países, cessem a ingerência e respeitem a autodeterminação dos países que, no caso, são os de desenvolvimento atrasado, que sempre foram espoliados pelos norte-americanos e europeus (Inglaterra, Holanda, Suécia, Noruega, Dinamarca etc), os bonitinhos e bem cheirosos desenvolvidos que viviam bem até a crise e agora provam do próprio veneno que aplicaram na América Latina, África, Ásia e outras regiões.
O que o governo desses países e suas ONG’s desejam não é e nunca foi a preservação e defesa da vida, dos biomas e ecossistemas, mas apenas e tão somente se apropriar dos enormes recursos econômicos existentes na imensidão da floresta, como petróleo, ouro, gás, nióbio, além de produtos utilizados na indústria química e farmacêutica. Só para termos uma tênue ideia do que estamos falando e do que está em jogo e em disputa, os recursos econômicos da área ocupada pela Rússia na Ucrânia foram avaliados em mais de 63 trilhões de reais, segundo a empresa de dados SecDev. Isso em um território muitas vezes menor que a Amazônia. Quanto então tem acumulado em valor na nossa Amazônia? É incalculável.
No entanto, para se apoderar desses recursos que pertencem, em sua maior parte, aos países da América Latina, o imperialismo necessita se apoderar do território, e isso só é possível através de uma guerra de conquista ou então por algum artifício já anunciado pela imprensa, que é a “declaração de área de exploração conjunta com outros países”, no caso a UE. Juntos, dizem que irão proteger a região, mas a verdade é outra, já conhecida, pois o que querem são as riquezas lá existentes.
O primeiro passo para se apropriar sem guerra é a declaração massiva na imprensa capitalista, reforçando a ideia hipócrita e cínica de que os países que estão na região abrangida pela floresta não preservam a natureza, são incapazes de cuidar do “oxigênio, do pulmão do planeta”, e então os “salvadores da democracia, do meio ambiente, dos povos indígenas”, etc. chegam para se apropriarem e passam eles a explorar, fazendo como fizeram em seus países, aniquilando todo o meio ambiente para se apropriar da riqueza e… dane-se a floresta.