O processo de direitização da esquerda pequeno burguesa se torna cada vez mais rápido. Uma de suas manifestações mais claras é o apoio à repressão, o ápice disso é o apoio vergonhoso ao carniceiro Alexandre de Moraes. Mas com as manifestações bolsonaristas após a eleição surgiu um novo fenômeno, usar até mesmo o vocabulário da direita, os manifestantes seriam “baderneiros”, “arruaceiros” e a pior de todas “terroristas”. Esse último é um dos ataques políticos mais reacionários que existem, foi a base ideológica da política imperialista dos EUA por quase duas décadas.
A ideia do terror na política não surgiu com o mesmo significado que é usado pela imprensa burguesa nos dias de hoje. Ela surgiu durante a Revolução Francesa, um dos acontecimentos mais progressistas da história da humanidade, sendo o seu setor mais revolucionários, os jacobinos, os defensores do terror. Esse terror era na prática o governo que liquidou as bases feudais da França incluindo uma grande parte dos nobres, e o próprio rei. Foi uma ditadura contra a antiga classe dominante que destituiu completamente o seu poder. Esse é o principal motivo que o terror é tão atacado pela classe dominante atual.
Marx por sua vez, nascido 3 anos após a morte de Napoleão Bonaparte, tinha como sua principal referência para as revoluções a própria Revolução Francesa e o seu setor mais radical, os jacobinos. Foi com base nela que ele criou a ideia da ditadura do proletariado, contra a burguesia, inspirada na ditadura dos jacobinos contra a aristocracia, ele era um defensor do terror revolucionário. Quando a Revolução de 1848 estava sendo derrotada e o seu jornal foi censurado ele escreveu: “Nós não temos nenhuma compaixão e nem pedimos nenhuma compaixão de você. Quando chegar a nossa vez, não vamos arranjar desculpas para o terror”.
Por décadas isso não era polêmica entre nenhum setor revolucionário, todos lembravam da revolução francesa e sabiam que o terror era uma importantíssima arma dos revolucionários. Foi durante a Revolução Russa a polêmica cresceu. Os bolcheviques que realizaram a primeira e mais importante revolução operária da história estabeleceram a ditadura do proletariado, e isso foi duramente atacado pela esquerda pequeno burguesa que havia sucumbido aos interesses o imperialismo. Leon Trótski escreveu um livro sobre essa polêmica, defendendo as teses do marxismo, Terrorismo e Comunismo.
Ele coloca, como alguém que liderou uma revolução e não como um professor acadêmico, de forma bem clara: “A revolução ‘logicamente’ não precisa do terrorismo’. Da mesmas forma ‘lógica’ ela não necessitada de uma insurreição armada. Que vulgar! Contudo a revolução precisa sim que a classe revolucionária use todos os meios possíveis para alcançar os seus fins: a insurreição armada, se for preciso; o terrorismo, si for necessário. A classe operária que conquistou o poder de armas na mão deve desfazer por meio da violência todas as tentativas de destituir o seu poder. Sempre que haja uma conspiração, um atentado ou um levante ela deve reprimir os seus inimigos sem pena.” Essas são as sábias palavras do segundo em comando da mais importante revolução socialista da história.
Esse é o principal motivo para a difamação da ideia de terrorismo feita pela burguesia. É uma campanha contra a revolução, contra os revolucionários, que nos dias de hoje, são os marxistas. Contudo esse processo não é feito apenas atacando o terror revolucionário, existe também a campanha contra o terrorismo das organizações nacionalistas, os atentados a bomba, sequestros etc. Esse é o terrorismo a qual estão sendo taxados os bolsonaristas e que será o tópico da coluna da próxima semana.