A investida do chamado “mercado” sobre o governo Lula é intensa. A burguesia quer controlar tudo o que faz o futuro presidente, sobretudo quando se trata de economia, ou seja, daquilo que mais afeta a sensibilidade dos capitalistas — o dinheiro.
Lula tem prometido melhorar a vida da população em diversos setores, tem se proposto a realizar isso, sobretudo rompendo o teto de gastos. Essa questão é fundamental para a burguesia, na medida em que ela quer limitar os gastos do governo com saúde, educação, infraestrutura e outros ramos que beneficiam a população, para que todo o dinheiro vá, posteriormente, aos bancos, para o pagamento da dívida externa e, em suma, para o bolso dos capitalistas, sobretudo internacionais.
Lula vem numa escalada nacionalista, rebatendo essas falas do mercado advindas de economistas e outros porta-vozes da burguesia, como a imprensa burguesa. O futuro presidente chegou a receber uma carta de economistas, assim como foi duramente criticado pelos jornalistas de araque da burguesia em todas as capas de jornais por simplesmente se recusar a seguir a política rapineira da classe dominante de conjunto.
“O dólar vai subir, a bolsa vai cair. Paciência!”, afirmou Lula em uma entrevista. O futuro presidente também brincou com os inúmeros ataques da burguesia, afirmando que ele nunca havia visto um mercado tão “sensível” quanto o brasileiro, onde a bolsa sobe ou desce por qualquer coisa.
E tal fato se comprovou recentemente. Enquanto visitava Portugal, Lula declarou que “Nós sabemos que temos de ter responsabilidade fiscal. Não podemos gastar mais do que a gente ganha. Mas nós sabemos também que a gente pode gastar para fazer alguma coisa que tenha rentabilidade, para fazer o país crescer, melhorar.”
Algum tempo depois da declaração vimos que, de acordo com a palavra de diversos jornalistas da imprensa burguesa, o “dólar caiu e a bolsa subiu”. Esse fato demonstra a patifaria que é o mercado financeiro: evidentemente que não é uma ou outra declaração de Lula que movimenta o “mercado”, mas é fato que tudo isso é um trabalho artificial, controlado para demonstrar as opiniões e intenções da burguesia.
É simples: Lula fala algo negativo, a bolsa cai e o dólar sobe, demonstrando que a burguesia não gostou das atitudes do petista; por outro lado, Lula fala algo que é completamente retirado de lugar — “sabemos que temos que ter responsabilidade fiscal” — e que seria algo mais próximo do que a burguesia almeja, e, portanto, um sinal precisaria ser dado para que Lula entenda que aquilo é positivo. Acima de tudo, é um recado dos especuladores de que eles fazem o que querem com o “mercado”, são eles que mandam e manipulam os índices.
Tudo isso deixa evidente que os tubarões capitalistas, a burguesia, a direita, a imprensa e toda a corja reacionária do capitalismo querem que o governo Lula sirva aos especuladores, a eles. Isso não é possível na medida em que Lula foi eleito pela população, não pela burguesia. Lula foi eleito pela mobilização popular e, portanto, tem a responsabilidade ─ não a fiscal! ─ de fazer um governo para os trabalhadores, para a população, e não para os capitalistas.
Isso fica ainda mais evidente se observarmos as declarações do próprio Lula, afirmando que não interessa nada disso relacionado aos banqueiros, aos especuladores ou à famosa responsabilidade fiscal, afinal, ainda é necessário cuidar do País e de seu povo frente ao desastre dos governos neoliberais dos últimos 6 anos.